ARÁBIA SAUDITA QUER APOIO DOS ESTADOS UNIDOS PARA CONSTRUIR UMA “ARAMCO NUCLEAR” NO ORIENTE MÉDIO
O governo da Arábia Saudita propôs aos líderes americanos o desenvolvimento de um projeto conjunto para construir um programa civil de energia nuclear no país. O projeto – referido como “Aramco nuclear” – foi concebido para reforçar as ambições da Arábia Saudita de produzir e potencialmente exportar energia atômica, ao mesmo tempo em que aborda as preocupações internacionais sobre a proliferação da tecnologia de armas nucleares. O governo Biden tem mantido discussões com Riad nos últimos meses sobre defesa e cooperação econômica, além de potencialmente normalizar as relações diplomáticas entre os sauditas e Israel, um objetivo de longa data da política externa dos EUA. O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman disse que consideraria estabelecer laços diplomáticos com Israel se, em troca, os EUA se oferecessem para ajudar a Arábia Saudita a desenvolver uma indústria civil de energia nuclear, fornecesse compromissos de segurança intensificados e aprovasse novas vendas de armas para os militares de Riad.
Os sauditas citaram especificamente sua companhia petrolífera estatal, Aramco, como um modelo de como a cooperação nuclear civil com os EUA poderia progredir. A empresa começou na década de 1930 como uma parceria com a Standard Oil de John D. Rockefeller e foi inicialmente chamada de Arabian American Oil, Hoje é totalmente controlada pela Arábia Saudita e está entre as empresas mais lucrativas do mundo. Sob esta parceria nuclear, os sauditas disseram que poderia ser formada e que daria às empresas e entidades dos EUA um papel direto no desenvolvimento e supervisão do desenvolvimento da energia nuclear na Arábia Saudita. Mas o enriquecimento de urânio ainda ocorreria dentro de suas fronteiras.
Os EUA já tentaram assinar um tratado com a Arábia Saudita sobre desenvolvimento nuclear civil conhecido como Acordo 123, que requer aprovação do Congresso e permite a transferência de equipamentos e materiais atômicos sensíveis. Tal acordo permitiria que empresas nucleares americanas, como a Westinghouse, entrassem no mercado saudita em rápido crescimento e daria às autoridades americanas maior poder de influência para evitar que o material fosse usado para o desenvolvimento de armas. As negociações, no entanto, pararam repetidamente devido à exigência de Riad de produzir o combustível nuclear para seus reatores em solo saudita.
Mas a Arábia Saudita, que diz possuir 7% das reservas mundiais de urânio, quer se tornar um player no mercado internacional de combustível nuclear, potencialmente até mesmo um exportador para os Estados Unidos. O ministro da energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, disse que “o Reino pretende utilizar seus recursos nacionais de urânio, inclusive em joint ventures com parceiros dispostos, de acordo com compromissos internacionais e padrões de transparência”. O conselheiro de segurança nacional do presidente Biden, Jake Sullivan, viajou para Riad este mês e se reuniu com o príncipe herdeiro para discutir questões energéticas.
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