PRESIDENTE DA ARGENTINA INAUGURA O PRIMEIRO TRECHO DO GASODUTO DESDE VACA MUERTA SOB CRÍTICAS DA OPOSIÇÃO
A Argentina inaugurou neste domingo (9) a primeira etapa de um gasoduto que transportará gás natural da formação Vaca Muerta, no oeste do país, até a província de Santa Fé. O gasoduto passará ainda pela província de Buenos Aires, em um obra essencial que o governo de Alberto Fernandes considera que vai reverter o significativo déficit energético argentino. As reservas cambiais do banco central argentino caíram a níveis perigosos, registrando um déficit de US$ 5 bilhões na balança comercial de energia em 2022 porque precisa importar energia durante os meses de maior consumo. Vaca Muerta é uma enorme formação de xisto do tamanho da Holanda, que fica localizada na Patagônia. Ela é vista como a chave para aumentar o suprimento de gás do país sul-americano e diminuir a necessidade de importações caras. Possui a segunda reserva de gás não convencional do mundo e a quarta em petróleo.
A primeira etapa do gasoduto foi concluída. Ele começa na província de Neuquén e chega à província de Buenos Aires, adiciona 11 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Isso dobrará quando as plantas de compressão forem instaladas em Tratayen, na província de Neuquén, e em Salliquelo, na província de Buenos Aires. O presidente da estatal Energia Argentina, Agustín Gerez, disse que a licitação do segundo trecho do gasoduto que chega a San Jeronimo, na província de Santa Fé, será feita em setembro com previsão de conclusão entre março e abril de 2024. Isso aumentará a capacidade de transporte em 44 milhões de metros cúbicos por dia, uma importante melhoria que permitirá a importação de diesel e gás natural liquefeito (GNL). Para isso, o governo argentino conta com um empréstimo do Brasil, prometido pelo Presidente Lula, equivalente a R$ 4 bilhões. Com o novo gasoduto em funcionamento, o país espera atingir o zero líquido em seu balanço energético em 2024 e alcançar um superávit em 2025, segundo estimativas oficiais.
Os líderes da oposição ao presidente Alberto Fernandes, como o ex-presidente Mauricio Macri, criticou o governo por “anunciar com grande alarde a inauguração do gasoduto Néstor Kirchner, obra que chega três anos atrasada”. O ex-presidente chegou a afirmar que seu governo havia deixado a licitação pronta. Terminada a atividade onde a válvula foi aberta simbolicamente, Macri usou sua conta no Twitter para ir contra a Casa Rosada: “O atraso no gasoduto custou à Argentina mais de 5 bilhões de dólares. Em 2019 deixamos a licitação pronta e o financiamento preparado. Eles apenas tinham que seguir em frente. Em vez disso, tivemos discursos sobre a autossuficiência e independência”.
A operação do gasoduto será supervisionada pela Transportadora Gas del Sur (TGS) e substituirá o gás que de outra forma precisaria ser importado, economizando cerca de US$ 2,2 bilhões em saídas de moeda estrangeira em 2023. Fundos públicos pagaram pelo gasoduto de US$ 2,7 bilhões. O Ministério da Economia da Argentina aprovou o contrato entre a Energía Argentina SA (Enarsa), empresa estatal responsável pelo projeto, e a Cammesa para o transporte de gás natural através do GPNK.
A conclusão envolverá a reversão dos dutos que atualmente se estendem da região norte ao centro do país. A reversão envolve o reaproveitamento dos dutos existentes atualmente usados para importações da Bolívia, duto que atualmente flui para a província central de Córdoba a partir da estação de compressão de San Jerónimo. A Fase 1 também incluiu ajustes nas conexões de Leones e Tío Pujio. O gasoduto operacional tronco norte tem 1.454 km de extensão, no sentido norte-sul, transportando gás de Campo Durán (Salta) a San Jerónimo (Santa Fe). A linha 28 MMcmd é alimentada por 12 estações de compressão e abastece as províncias de Salta, Jujuy, Tucumán, Santiago del Estero, Catamarca, Córdoba, Santa Fé e Buenos Aires.
Gás de fracking, graçinha