AS CONSEQUÊNCIAS PARA O BRASIL CASO A ELETRONUCLEAR INSISTA EM SAIR DA WANO SERÃO CONTUNDENTES
O Petronoticias recebeu inúmeros pedidos para se saber o que vai acontecer caso a Eletronuclear continue a ignorar ou negligenciar as inspeções e recomendações da WANO (World Association of Nuclear Operators), organização internacional que supervisiona a segurança e a eficiência das usinas nucleares em todo o mundo. É parceira, embora não esteja ligada à Agência Internacional de Energia Atômica. Para lembrar, a WANO é uma associação apartidária composta por membros dos principais operadores de usinas nucleares do mundo, incluindo empresas de energia nuclear, agências reguladoras e organizações de pesquisa, fundada em 1989, após o acidente nuclear de Chernobyl, com o objetivo de compartilhar conhecimentos, experiências e melhores práticas entre os operadores de usinas nucleares. Sua isenção e responsabilidade estão acima de qualquer suspeita. Quem for a favor da manutenção do Programa Nuclear Brasileiro e da conclusão das obras de Angra 3, precisa ficar ligeiro. Uma possível insistência da Eletronuclear em negar as inspeções ou deixar a empresa sem condições adequadas de manutenção, por cortes de R$ 400 milhões no orçamento determinado pela direção financeira, cargo ocupado por indicação da Eletrobrás, pode inviabilizar não só Angra 3, como a própria Eletronuclear, que seria a meta da Eletrobrás neste momento. O relógio está com o tic tac cada vez mais alto. Dia 18, data da reunião da CNPE, está muito próximo. É terça-feira da semana que vem. Pelo rascunho dos fatos, a coisa não está boa. Quem viver, verá.
Para deixar claro, a WANO não fiscaliza, mas faz revisão por pares, o que não é exatamente uma fiscalização. Mas abandonar a WANO é um caso que nunca aconteceu no mundo. Por que abandonar? É como se não aceitasse nem as ponderações e nem as sugestões de melhoria nas operações. No caso prático sair da instituição, as consequências internacionais seriam severas:
- Perda de credibilidade internacional – O Brasil pode ser visto como um país que não prioriza a segurança nuclear, o que pode prejudicar futuras colaborações internacionais;
- Risco de sanções indiretas – A AIEA pode interpretar a falta de cooperação com a WANO como um sinal de fragilidade na governança nuclear, podendo levar a exigências mais rígidas para inspeções e até restrições operacionais;
- Impacto na operação de Angra 3 – Com a construção de Angra 3 em andamento, a falta de conformidade com os padrões internacionais pode gerar atrasos e dificuldades na obtenção de licenças e financiamentos;
- Possível suspensão da participação brasileira na WANO – A organização pode restringir o acesso do Brasil a suas auditorias e programas de melhoria, deixando a Eletronuclear sem acesso às melhores práticas globais do setor;
- Risco de acidentes e falhas operacionais – Sem a supervisão contínua da WANO, a qualidade da operação da Eletronuclear pode ser comprometida, aumentando o risco de incidentes que afetem a segurança da usina e da população ao redor.
A WANO é um organismo essencial para a segurança operacional da Eletronuclear, e ignorar sua supervisão representa um risco internacional significativo. Além das possíveis punições no âmbito da AIEA, a Eletronuclear pode perder sua posição no setor nuclear global e comprometer a confiança dos demais stakeholders, como a Marinha, a INB e a CNEN. Para evitar sanções e garantir a segurança energética do Brasil, é fundamental que a empresa reforce sua cooperação com a WANO, demonstrando transparência e compromisso com as melhores práticas da indústria nuclear.
No meio da tarde de hoje (11), a Eletronuclear enviou ao Petronotícias uma “nota de esclarecimentos” que vamos reproduzir na íntegra. Como sempre, há desculpas para tudo. A empresa exige uma precisão nos dados que nem as fontes internas que acompanham o dia a dia da companhia sabem. Não explica também e nem justifica o assédio moral do diretor Sidnei Bispo a funcionários de longa jornada e com o histórico de sucesso na empresa, defenestrados pelo dirigente, que assumiu o cargo em setembro de 2023. Todas as informações sobre o desmanche de cargos estratégicos não apareceram do nada. As fontes internas foram duplamente checadas e colocam em dúvida as informações da direção da Eletronuclear, que é dirigida por um advogado colocado dentro da cota de políticos, sem ter tido antes qualquer experiência com energia nuclear. Um homem rodeado por assessores que preferem agir em defesa de seus cargos próximos à presidência do que pela verdade, mostrando o quão distantes estão da realidade das equipes de profissionais que compõem a companhia.
O Petronotícias pode ter se enganado – corrigido prontamente quando alertado – em informações sobre a ligação da WANO com a AIEA, o que na verdade muda muito pouco sobre a realidade das informações sobre a saída da empresa desta instituição que faz acompanhamentos técnicos e sugere mudanças em TODAS as usinas nucleares existentes. Se a informação da saída da WANO foi uma bravata de algum diretor, na próxima vez que ele faça esta ameaça apenas no pensamento, para que não haja testemunhas.
Finalizando, o Petronotícias mantém todas as informações reproduzidas nas reportagens por ter recebidas de fontes absolutamente confiáveis e de dentro da companhia, por funcionários que estão vendo esta administração com objetivos contrários ao desenvolvimento da empresa e agindo de forma ameaçadora ao equilíbrio moral e profissional dos funcionários.
Vamos então à íntegra da mensagem da Eletrononuclear:
“Em resposta às informações recentemente publicadas (de 06/02/2025 a 10/02/2025) no site Petronotícias, a Eletronuclear vem a público esclarecer alguns pontos relacionados às medidas tomadas recentemente pela companhia, notadamente aquelas que visam o equilíbrio econômico e financeiro da empresa.
A afirmação de que “a receita anual da Eletronuclear é de aproximadamente R$4.7 bilhões determinada pela ANEEL ao estabelecer a tarifa necessária para operação e manutenção de Angra 1 e 2” mostra e comprova o total desconhecimento por parte do site Petronotícias das normas mais basilares do setor elétrico. A receita bruta de R$4.7 bilhões é o somatório da Parcela “A” e da Parcela “B”, sendo certo que, pelos normativos legais, apenas a Parcela “B” pertence à Eletronuclear e a Parcela “B” (bruta) é de apenas R$2.5 bilhões.
A afirmação de que “a Eletronuclear, por mais de 25 anos, foi eficiente e sobrevivia com a receita das duas usinas” mostra um total desconhecimento da realidade da empresa. Entre 2015 e 2021, a Eletrobras, como principal acionista, aportou na Eletronuclear mais de R$ 5.2 bilhões. Este montante foi capitalizado quando houve a troca de controle acionário para a ENBPar, em junho de 2022.
Esse desequilíbrio financeiro contínuo foi acentuado nos anos seguintes. Em 2022, o PMSO estabelecido pela ANEEL era de R$1.1 bilhão e a empresa gastou R$1.6 bilhão nessa rubrica. Ou seja, R$500 milhões saíram do caixa da companhia sem cobertura tarifária. Em 2023, a situação foi ainda pior. Diante de um mesmo valor de PMSO/ANEEL, a empresa gastou R$1.78 bilhão. Portanto, mais R$700 milhões saíram do caixa da companhia sem cobertura tarifária.
A relação entre o PMSO/ANEEL e o PMSO da Eletronuclear foi de “1,45 vezes” em 2022, e de “1,61 vezes” em 2023. Em 2024, com o início do plano de equilíbrio econômico-financeiro, esta relação foi reduzida para “1,38 vezes”. Como se vê, mesmo com reduções importantes, a Eletronuclear ainda gasta 38% acima do PMSO autorizado pela ANEEL. A reversão da tendência de subida desta relação é muito importante e reforça a necessidade da continuidade do plano para evitar o risco da Eletronuclear se tornar uma empresa dependente de recursos da União e sujeita às limitações inerentes a esta condição.
Ressaltamos que restaurar o equilíbrio econômico-financeiro é requisito básico para a retomada das obras de Angra 3 e imperioso para a manutenção das atividades da companhia. Essas medidas atendem aos órgãos de controle superiores e às determinações dos acionistas da Eletronuclear e visam adequar seus custos ao PMSO regulatório estabelecido pela ANEEL.
Adicionalmente, prestamos os seguintes esclarecimentos:
1- A Eletronuclear afirma que não tem a menor intenção de sair da World Association of Nuclear Operators – WANO (Associação dos Operadores de Usinas Nucleares) da qual é membro desde a sua fundação, em 1989 – e que jamais recusou qualquer visita da associação. Pelo contrário, a empresa respeita e valoriza o trabalho de excelência desenvolvido pela instituição.
O site Petronotícias desconhece também que a WANO é uma associação internacional que reúne empresas operadoras de usinas nucleares com o objetivo de promover a segurança operacional por meio da troca de experiências. O trabalho de assistência técnica prestado pela entidade inclui a vinda de especialistas estrangeiros para avaliarem nossas práticas e formulação de recomendações de melhoria baseadas no que é feito de melhor em outras usinas ao redor do mundo. As visitas regulares de outros especialistas fazem parte da metodologia da WANO e tem como objetivo fazer um acompanhamento mais próximo do que a empresa está fazendo a partir destas recomendações.
2 – Nenhuma das decisões da diretoria afetou, afeta ou afetará a segurança da operação de Angra 1 e 2, dos seus trabalhadores e do meio ambiente. A Central Nuclear segue operando normalmente sob o acompanhamento irrestrito da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e do Ibama, nossos órgãos reguladores. A companhia mantém um rigoroso processo de acompanhamento da operação das usinas para garantir que a segurança nuclear seja sempre nossa prioridade máxima.
Importante ressaltar que a CNEN mantém inspetores residentes nas usinas acompanhando e realizando inspeções regulatórias ininterruptamente. Da mesma forma, a Eletronuclear possui um departamento de garantia da qualidade dedicado à operação, que avalia a implementação do Sistema de Garantia da Qualidade, por meio de auditorias e monitorações durante a operação e paradas das usinas. Nossos executivos e técnicos permanecem comprometidos com os melhores padrões internacionais de segurança e aprimoramento contínuo de suas atividades.
3- Não há qualquer desvio de recursos das receitas das usinas Angra 1 e 2 para o financiamento do CAPEX de Angra 3. Por lei, cada usina possui receitas e despesas segregadas, e os recursos destinados à operação das unidades em funcionamento não podem ser utilizados para a construção de novas instalações. O projeto de Angra 3 conta com um modelo de financiamento específico, seguindo todas as normas regulatórias e de governança aplicáveis.
Ainda em 2021, com a simples alegação de que as obras de Angra 3 seriam retomadas, foi realizado concurso público e mais 400 empregados foram contratados em 2022 para Angra 3. Estes profissionais são pagos mensalmente com os recursos do caixa da Eletronuclear.
Sobre a suposta prioridade dada à conclusão de Angra 3 em detrimento das usinas em operação, reiteramos que o Plano de Negócios e Gestão da Eletronuclear, divulgado externamente na última sexta-feira (07), sinaliza, na verdade, um enfoque extremamente acentuado na operação de Angra 1 e 2, como pode ser observado na visão da companhia em estar entre as melhores operadoras nucleares do mundo, o que reafirma nosso compromisso prioritário com a segurança e eficiência das usinas Angra 1 e 2.
4- A Eletronuclear aprovou, em janeiro de 2025, um novo organograma que entrará em vigor ainda neste primeiro semestre. Essa estrutura guarda boa semelhança com a que havia na companhia até junho de 2022. Ainda no ano de 2022, após a privatização da Eletrobrás, e sem tivesse havido qualquer aumento de atividade na Eletronuclear, houve a aprovação de organograma, aumentando os cargos de chefia de 78 para 116 posições. O novo organograma aprovado em janeiro de 2025 retorna os cargos de chefia à 73 posições e este trabalho levou em consideração um balanceamento de processos e pessoal que estavam distribuídos de maneira não uniforme, prejudicando a agilidade e eficiência nos processos da organização. Também foi realizado um estudo de organogramas de usinas nucleares na América Latina, Estados Unidos e Europa com a finalidade de otimizar a qualidade da nossa operação.
5- Quanto ao contrato da brigada de incêndio, a demora na assinatura se deveu a necessidade de aumentar a robustez do caderno de encargos da contratada e negociar um melhor custo para o serviço. Como consequência, a empresa conseguiu uma redução de mais de 20%, iniciativa alinhada ao plano de austeridade da companhia e em prol de maior eficiência na gestão dos recursos públicos.
6- Embora o regime de trabalho da parada de Angra 2 tenha sido diferente do empregado em anos anteriores, a empresa conseguiu cumprir todas as metas de segurança, qualidade, tempo e custos. O novo modelo permitiu uma diminuição significativa na quantidade de horas extras realizadas.
Na parada de Angra 2, em 2023, houve atraso de 18 dias, penalização por parte da ANEEL em R$180 milhões pelo atraso (ressarcimento) e foram prestadas 130.000 horas extras a um custo de R$21 milhões. Já na parada de Angra 2, em 2024, com o novo regime de trabalho, não houve penalização por parte da ANEEL e foram prestadas apenas 40.000 horas extras a um custo de R$6 milhões.
O novo regime de trabalho empregado na parada de Angra 2 respeitou os limites estabelecidos na lei e os previstos nos regimentos internos da Eletronuclear, inclusive garantindo o pagamento de um bônus de um salário extra ao término da parada. Nesta mesma parada, a Eletronuclear implementou um sistema on-line de acompanhamento de horas extras e isso foi importante para gerenciar adequadamente a alocação das equipes e garantir a rastreabilidade dos dados.
7- Também não é verdadeira a alegação de que acidentes de trabalho tenham relação com as medidas adotadas pela empresa. As taxas da Eletronuclear estão dentro do que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera como muito boas.
8- As alterações no permissionamento de acessos ao SAP, sistema de gestão da companhia, visam aumentar a segurança e a integridade das informações. Todos os documentos são de pleno acesso aos órgãos de controle e auditoria.
9- Não houve nenhum gasto extraordinário com empresas de marketing ou comunicação em comparação aos anos anteriores. O trabalho de comunicação da companhia tem sido mais intenso na divulgação das atividades da central nuclear, com o objetivo de desmistificar o tema para a população e combater a desinformação por parte de sites e blogs não especializados. A campanha pela retomada da obra de Angra 3, um projeto prioritário da Eletronuclear, também faz parte dessa estratégia. Diversas visitas com jornalistas foram realizadas na Central Nuclear.
Aliás, reitera-se aqui o convite para todos os veículos de comunicação e formadores de opinião para realizarem visita às nossas instalações da CNAAA. E, desde já, nos colocamos à disposição da equipe do Petronotícias para que possam conhecer in loco a qualidade de nossa operação e de seus profissionais.
A Eletronuclear permanece à disposição da sociedade e reforça seu compromisso com a segurança nuclear e a transparência.”
Energia Nuclear é coisa muito séria para geração de energia e soberania de uma país.Profissionais nessa indústria não se acha em qualquer esquina.Depende de anos de vivência. Dentro do universo de otimização de recursos, o fator humano deveria ser dentre todos o menos ou nunca impactato.O ambiente e o clima organizacional não pode em hipótese algum sofrer ameaças de gestões administrativa.Isso está diretamente ligado a segurança nuclear coletiva de toda sociedade. A alta administração precisa estar comprometida com dia a dia da empresa e não viver em outro planeta desconectado da realidade sob o risco de desmantelar toda uma indústria… Read more »
Me parece que um dos problemas em curso é econômico. O preço do MWh das usinas nucleares era em torno de 350 Reais e será um pouco acima de 300 em 2025. Entretanto alguns pagadores de tarifa ao sistema elétrico pagam acima de 1000 Reais o MWh. Entre a saída das duas máquinas de Angra e o consumidor final em sua casa, eu por exemplo, o preço sobe 100, 200, 300 ou 400%. O percurso da eletricidade no meu caso não vai além de 100 km, trajeto suficiente para catapultar o preço. Entre os dois pontos, saída da usina e… Read more »
Anêmico, o Leão da Geração não procria. Os poucos Leões da Geração em ação no Brasil, o Leão atomico incluído, geram uma terça parte da eletricidade que precisamos. Nosso sistema elétrico seria adequado se tivéssemos 60 milhões de habitantes, mas temos 200+ milhões. Como a eletricidade é a alma da produtividade, nossa produtividade é baixíssima. Imagina, um americano produz o mesmo que seis brasileiros. Em média produzimos 20 mil dólares por ano por cada um dos nossos cem milhões de trabalhadores, um americano produz 120+ mil dólares neste período. Se olharmos a eletricidade per capita, a relação será a mesma,… Read more »
A ANEEL talvez possa até não saber, eu disse TALVEZ para ninguém me processar e resolver o problema assim, mas que ela representa uma ameaça nuclear, lá isso representa, dando ao Leão ração de macaco. Mico. Interessante é que ninguém da ANEEL talvez jamais tenha colocado os pés dentro de uma usina nuclear, mas estabelecem a tarifa, tendo uma leve visão sobre what is all about.
E a CNEN observa, observa, observa e observa.
Mais e mais cargos e pouco de fato para a infra das usinas e equipamentos. Parece os militares. Gente demais para pouco equipamento
A Eletronuclear está mentindo! Principalmente em relação a parada de abastecimento, pois a empresa só conseguiu cumprir o prazo da parada devido o aumento do prazo informado a ANEEL e retirar várias atividade de manutenção que deveriam ter sido realizadas. Além disso, ela não informa quanto deixou de faturar devido a extensão do tempo no qual Angra 2 ficou parada! NÃO ACREDITEM EM NADA QUE A EMPRESA ESTÁ PUBLICANDO, POIS É TUDO MENTIRA!
Esta agencia e mantida e cordenafa pela potencias nucleares, que boicota nossos projetos na energia nuclear,nao e de agora que querem saber como produzimos a energia
Que o digam Irã, Coreia do Norte, Paquistão, Índia, Israel …
Quando as hidrelétricas serão revampeadas? + 50% é pouco. Angra III para agosto. Agosto de Deus. Vejo que em breve o Brasil enviará vento para a China e importará a energia elétrica 30% abaixo do menor custo do mix daqui.