ASME DESENVOLVE ESTUDO DE RISCOS AMBIENTAIS PARA DUTOS NA AMÉRICA DO SUL
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A American Society of Mechanical Engineers (ASME – Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos, em tradução livre), fundada em 1880, é uma das maiores fornecedoras de certificados e padrões de segurança para a indústria de óleo e gás mundial, além de servir a outros segmentos, como o de energia nuclear. Com mais de 130 mil membros, espalhados por 150 países, a instituição fica sediada em Nova York, nos Estados Unidos, e está ampliando sua atuação na América do Sul, em vista da expansão da indústria regional. O diretor de operações da ASME, Timothy Graves, contou que depois da primeira edição da International Pipeline Geotechnical Conference (IPG), realizada em julho deste ano na Colômbia, um grupo de trabalho foi constituído para indicar práticas recomendáveis à indústria da América do Sul, com o foco no gerenciamento de riscos ambientais para dutos. Graves explica que cada país tem suas próprias particularidades e acredita que a grande falta de infraestrutura no Brasil, aliada à enorme demanda que está surgindo, deverá gerar uma onda de inovação no país. Além disso, o executivo lembrou também que a próxima edição da IPG, voltada à avaliação de riscos e adversidades ambientais para dutos, já está agendada e será no Brasil, entre 12 e 16 de abril de 2015, em Florianópolis (SC).
Como é a atuação da ASME no Brasil?
O principal negócio da ASME é fornecer códigos e padrões de segurança para a indústria. Nós criamos certificados para embarcações, gasodutos, oleodutos, e eles são seguidos pelas empresas que acreditam no rigor e na segurança atrelados a estes códigos. Também são muito utilizados para importação e exportação. Se a China, por exemplo, planeja exportar dutos ou o Brasil quer importá-los, podem confiar nos padrões da ASME. Eles têm a mesma função dos certificados ISO no Brasil.
Há outras atividades realizadas pela associação no país?
Também participamos de muitas conferências, porque a apresentação de estudos técnicos e a distribuição de conteúdo técnico é parte essencial do trabalho que fazemos pelo mundo: a disseminação de informação.
O que apresentaram recentemente?
Na Rio Pipeline, em setembro, tivemos alguns grupos de apresentação formando um capítulo. Houve uma série de apresentações sobre dutos, vasos de pressão, processamento downstream, entre outros. Foram feitas por membros da ASME que ajudam a organização a divulgar informações e a efetivar nossa participação em conferências.
Vocês atuam também em capacitação?
Temos um grupo de treinamento e desenvolvimento, que realiza cursos sobre os nossos códigos e padrões de segurança, além de uma série de temas técnicos relacionados.
Como estão vendo a situação do mercado brasileiro atualmente?
Para nós, é um mercado em crescimento constante. Quanto mais a indústria de energia crescer no Brasil, maior será nosso interesse pelo país, assim como a nossa equipe local.
Vocês estão desenvolvendo novos padrões de segurança e certificados em função das novas tecnologias surgidas com a exploração do pré-sal?
Pode haver a criação de novos padrões, assim como novos códigos, para atender às especificações de tecnologias inovadoras. Com o desenvolvimento delas, poderemos avaliar se já atendem aos padrões de segurança ou se será necessária a criação de novos padrões internacionais.
Pode falar um pouco de projetos que estão realizando na América do Sul?
Uma das coisas que estamos fazendo na região é a Pipeline Geotechnical Conference, para debater os efeitos de adversidades geológicas no setor, como deslizamentos de terra, terremotos e cruzamentos de rios (por meio de furos direcionais). Tivemos a primeira edição este ano na Colômbia e a próxima será no Brasil, em Florianópolis, em 2015.
Houve a formação de algum grupo de trabalho durante a conferência?
Houve sim. Agora o grupo está trabalhando para desenvolver uma lista de práticas recomendáveis para o gerenciamento de riscos ambientais que afetam dutos na América do Sul. Temos também o Global Pipeline Award, que é entregue todo ano, intercalando as cerimônias entre o Rio de Janeiro, no Brasil, e Calgary, no Canadá. Neste ano e em 2012 a Petrochina foi a vencedora e em 2011 foi uma empresa brasileira, a Liderroll.
Como o senhor vê a posição da indústria brasileira no desenvolvimento de novas tecnologias para o setor?
A própria Liderroll, por exemplo, é uma empresa líder na indústria quando se fala no desenvolvimento de novas tecnologias. Além disso, vemos que muitas companhias brasileiras estão investindo em inovação, incluindo universidades e instituições de pesquisa. A Petrobrás é líder em investimentos e, somada a empresas individuais como a Liderroll, deve gerar uma onda de desenvolvimento tecnológico no país, porque a demanda é enorme. É uma situação bem diferente dos Estados Unidos e do Canadá, onde já existe toda a infraestrutura.
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