ASSOCIAÇÕES DIZEM QUE SEGURANÇA ENERGÉTICA DA COLÔMBIA ESTÁ EM XEQUE APÓS DECISÃO QUE SUSPENDEU PERFURAÇÃO DE POÇO DA PETROBRÁS
A Associação Colombiana de Petróleo e Gás (ACP) e a Associação Colombiana de Gás Natural (Naturgas) manifestaram hoje (16) preocupação com a decisão judicial que ordenou a suspensão da atividade de exploração de gás natural no poço Uchuva 2, no bloco Tayrona. O ativo é operado pela Petrobrás, com 44,4% de participação, em parceria com a colombiana Ecopetrol, que detém os 55,6% restantes. De acordo com as duas entidades, essa decisão comprometem o futuro da segurança energética do país.
Para a presidente da Naturgas, Luz Stella Murgas, hoje a Colômbia precisa urgentemente antecipar o desenvolvimento de projetos offshore. “O Bloco Tayrona, onde está localizado o poço Uchuva, tem um potencial de 400 MPCD, quantidade que permitiria ao país retomar a autossuficiência no médio prazo. Os projetos offshore têm um potencial que pode proporcionar segurança energética à Colômbia por várias décadas, assim como fizeram Cusiana, Cupiagua, Ballena e Chuchupa no passado”, declarou.
Para lembrar, na semana passada, a Justiça da Colômbia determinou que as atividades no poço Uchuva-2, no bloco Tayrona, fossem suspensas, alegando que a Petrobrás e a Ecopetrol não consultaram adequadamente à tribo Taganga. A presidente da Naturgas faz um apelo à comunidade indígena para que “considere que, ao reivindicar o direito fundamental à consulta prévia após duas décadas de cumprimento de todos os requisitos exigidos, está colocando em risco o acesso ao serviço público essencial de gás natural”.
Já o presidente da ACP, Frank Pearl, afirmou que o poço é estratégico para o futuro energético dos colombianos. “Ao concretizar seu potencial e o dos demais projetos offshore, teremos a oportunidade de reverter a queda crítica das reservas de gás natural e até multiplicá-las por 30. Com as reservas atuais, o país começaria a enfrentar um déficit de oferta a partir de 2025; com os recursos contingentes e prospectivos (incluindo os de Uchuva), poderemos continuar garantindo o autoabastecimento de gás a longo prazo, mas, para isso, são necessárias exploração e desenvolvimento”, avaliou.
Em um comunicado emitido hoje, a ACP e Naturgas disseram que a execução da perfuração não violou o direito fundamental à consulta prévia de nenhuma comunidade indígena, visto que a Direção de Consulta Prévia do Ministério do Interior (DANCP), por meio da Resolução ST-1630 de 2023, disse que não há presença de comunidades étnicas na área de influência do projeto, e, portanto, também não houve sua afetação direta.
Ainda segundo dados da ACP e da Naturgas, o índice de reposição de reservas nos últimos 10 anos (2014-2023) é de 25%, ou seja, está sendo descoberto menos gás do que se produz/consome, de cada 10 pés cúbicos produzidos, apenas 2,5 são adicionados. Por isso, o fator Reservas/Produção também evidencia uma situação crítica na disponibilidade de gás, confirmando a necessidade de aumentar a exploração e o desenvolvimento desse energético, além de resolver as contingências para aumentar as reservas e a produção. “Os projetos offshore apresentam alta prospectividade para gás, que é fundamental para reverter a diminuição crítica e progressiva das reservas de gás no país; desde 2012, essas reservas caíram 58%”, finalizaram as entidades.
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