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ASSOCIAÇÕES REBATEM ACUSAÇÕES DO SETOR AUTOMOTIVO CONTRA AUMENTO DO TEOR DE BIODISEL NO DIESEL

BIODIESEL-LEILAOA quinta-feira (9) foi de muita movimentação no setor de biodiesel brasileiro. Uma nota conjunta divulgada hoje, escrita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e outras entidades, critica a possibilidade de aumento do teor de biodiesel no diesel.  O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) terá sua primeira reunião no novo governo no próximo dia 17 e existe uma expectativa de que possa ser debatido o teor de mistura de biodiesel no diesel. O texto da CNT alega que o biodiesel produzido hoje no Brasil é o de base éster e que característica química desse biodiesel gera problemas como o de criação de borra, com alto teor poluidor.

Houve forte reação no setor de biodiesel. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) divulgaram no final da tarde de hoje uma nota rebatendo as acusações. Veja abaixo os principais pontos dos texto:

biodieselDesde 2021, quando das primeiras manifestações das entidades dos setores automotivo, de peças, máquinas e equipamentos, transportes e de importação de diesel contra os biocombustíveis e em favor do diesel fóssil, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) oferecem uma larga quantidade de pesquisas e estudos conduzidos por entidades sérias e referendados pela ANP e pelo MME. [Link para o estudo ‘Atendimento às recomendações do Relatório de consolidação dos testes e ensaios para validação da utilização de Biodiesel B15 em motores e veículos’]

A manifestação desta quinta-feira (09/03) é claramente contra a política de combustíveis renováveis iniciada em 2005 pelo atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Uma política que, além de reduzir a emissão de poluentes provenientes de combustíveis fósseis e minimizar gastos com a importação bilionária de diesel, também gera oportunidades de promoção socioeconômica para milhares de agricultores familiares, dá destinação ao excedente de óleo de soja e óleos residuais e gordura animal, e agrega valor às cadeias de soja e de proteína animal, com influência positiva sobre o preço de alimentos para os consumidores.

biodieselDesde 2005, o setor do biodiesel no Brasil tem construído sua história baseada em pesquisas científicas, em evidências concretas e resultados comprovados pelo MME e ANP. Não se trata de um trabalho restrito ao mercado brasileiro, mas é fruto de um consenso internacional, que reúne entidades das mais variadas, inclusive de representantes do setor de transportes em vários países e dos mais renomados órgãos ambientais dos Estados Unidos e da Europa, como a Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency – EPA) e a Agência Europeia do Ambiente (European Environment Agency – EEA). 

Na verdade, o tema do preço do diesel B parece ser a única perspectiva dessas entidades que sempre defenderam a manutenção do status quo, que privilegia o combustível fóssil em detrimento dos biocombustíveis. A defesa do atraso, porém, é desmontada quando se observam os inúmeros documentos emitidos por entidades sérias em defesa do meio ambiente, da descarbonização e dos compromissos com o clima.

Trata-se de uma visão de equivocada e na direção contrária aos objetivos de construir um futuro mais sustentável, um legado para as gerações futuras daqueles que assinam a nota das entidades em defesa dos combustíveis fósseis e do atraso. 

Mais uma vez, solicitamos que essas entidades que hoje se manifestam contra a descarbonização do setor de transportes apresentem os referidos documentos que dizem comprovar as alegações infundadas contra a política de biodiesel.

biodieselAs associações do setor do biodiesel também sugerem que as signatárias dessa manifestação observem o mercado internacional. Hoje, não há quem defenda no mundo avançado mais incentivos ao uso de combustíveis fósseis. Pelo contrário, a ordem do dia nas economias sólidas é a descarbonização das matrizes energéticas, em especial do setor de transportes, hoje intensivo em uso de diesel fóssil. Um exemplo desse novo olhar para os biocombustíveis vem dos Estados Unidos, onde pelo menos quatro empresas já oferecem veículos com garantia de fábrica aptos a usarem o B20 – ou seja, 20% de mistura de biodiesel ao diesel fóssil. Seria, portanto, o caso de perguntar às matrizes aqui no Brasil dessas montadoras representadas pela ANFAVEA porque não se espelham na experiência bem-sucedida dos EUA.

É importante ressaltar que as entidades que defendem o biodiesel e a descarbonização da economia, signatárias desse documento, não manifestam qualquer restrição à adoção de diferentes rotas tecnológicas para biocombustíveis, desde que respeitem as definições da ANP. O setor está aberto a novos entrantes e tecnologias para a produção de biodiesel (éster) e também apoia o fomento e a entrada de novas rotas tecnológicas de biocombustíveis e produtos que venham a deslocar o consumo de diesel fóssil por biocombustíveis com melhores características ambientais, como é o caso do diesel verde (HVO).

O tema dos biocombustíveis avançados também é apoiado pelas entidades que assinam essa nota, que entendem e defendem que esses biocombustíveis avançados também devam ser contemplados por legislação específica.

Cabe aqui perguntar: o setor automotivo fez o que para melhorar as especificações de seus motores, preparando-os para lidar com combustíveis mais modernos e sustentáveis?

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