ATAQUES TERRORISTAS EM MOÇAMBIQUE OBRIGAM A TOTAL A ABRIR MÃO DO TERCEIRO GRANDE PROJETO EM QUATRO ANOS
Pela terceira vez nos últimos quatro anos, a gigante francesa do petróleo Total abriu mão de contratos e possibilidades gigantescas forçadas por situações diferentes. Depois do Irã e do Brasil, agora foi em Moçambique, na África. A companhia francesa suspendeu os contratos com pelo menos duas empresas de construção relacionadas ao bilionário projeto gasífero na Baía de Rovuma, interrompido após um ataque terrorista de jihadistas. A Total suspendeu operações na província de Cabo Delgado (nordeste) e evacuou todo o seu pessoal devido ao ataque de grupos armados na cidade portuária de Palma em 24 de março, quando morreram dezenas de civis, policiais e militares. O ataque, executado a poucos quilômetros do megaprojeto gasífero, na península de Afungi, foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).
A Total já tinha evacuado parte de seus funcionários e suspendeu os trabalhos no fim de dezembro, após uma série de ataques de extremistas islâmicos nas imediações. A Confederação de Associações Econômicas de Moçambique (CTA) assegurou que o grupo energético francês tinha suspendido contratos com várias empresas indiretamente relacionadas com o projeto de gás. Entre elas estão uma empresa de construção italiana, encarregada de construir um povoado para alojar os moradores deslocados pelo projeto, bem como uma empresa pública portuguesa encarregada de construir um novo aeroporto.
“Os ataques jihadistas tiveram um impacto negativo em 410 empresas e 56.000 trabalhadores”, disse o presidente da CTA, Agostinho Vuma, após um encontro com o embaixador francês e um representante da Total na capital, Maputo. “Pequenas e médias empresas locais já tinham perdido milhões de dólares” desde o ataque de Palma, afirmou. A CTA avalia neste momento o número de contratos suspensos e tenta saber se os terceirizados foram pagos, explicou Vuma. Segundo ele, a Total assegurou em uma reunião anterior que o projeto da planta gasífera será retomado quando for seguro, antes de destacar que a empresa tinha pago todas as suas contas.
Para lembrar, a Total não aguentou a pressão econômica do então governo Trump, vendeu sua participação nos investimentos em gás no maior campo iraniano e se despediu do Irã no dia 20 de agosto de 2018. A empresa se desligou oficialmente dos projetos de gás com investimentos de bilhões de dólares no Irã. O anuncio foi feito oficialmente pelo ministro iraniano do Petróleo, Bijan Namdar Zanghaneh (foto à esquerda): “A Total encerrou oficialmente o acordo para o desenvolvimento da fase 11 de South Pars. Há mais de dois meses havia anunciado o fim do contrato”.
Em setembro de 2020, uma reviravolta na tentativa de exploração e produção de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, no norte do Brasil. A Total emitiu um comunicado no dia 7, anunciando que desistiu da operação dos blocos FZA-M-57, FZA-M-86, FZAM-88, FZA-M-125 e FZA-M-127. Os franceses arremataram em 2013 as cinco áreas exploratórias, localizadas a 120 quilômetros da costa brasileira, durante a 11ª Rodada de licitações promovida pela ANP. O Ibama já havia negado a licença de exploração em dezembro de 2018. Na ocasião, a presidente do Ibama, que pertenceu ao governo petista, Suely Araújo, negou a aprovação por não considerar que havia estudos técnicos adequados.
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