AUSÊNCIA DE GRAÇA FOSTER EM APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS MARCA MOMENTO COMPLICADO DA PETROBRÁS | Petronotícias




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AUSÊNCIA DE GRAÇA FOSTER EM APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS MARCA MOMENTO COMPLICADO DA PETROBRÁS

DiretoresUm sinal claro de que as coisas não vão bem internamente na Petrobrás é a ausência de sua presidente, Graça Foster, durante a divulgação dos resultados financeiros da própria empresa que comanda. Em meio à enxurrada de denúncias envolvendo a estatal e à queda nos resultados do segundo trimestre do ano, a ausência dela na entrevista coletiva dada nesta segunda-feira (11), na sede da petroleira, no Rio de Janeiro, dificulta ainda mais seu caminho para recobrar a confiança das empresas e da sociedade em relação à Petrobrás. A nova ausência do diretor de engenharia, José Antônio de Figueiredo, também não passou em branco. Há meses ele não participa dessas entrevistas coletivas.

A indústria quer ouvir dela, num momento tão delicado, palavras que afastem a insegurança gerada em torno da maior empresa do país. Sua ausência, ao invés de blindá-la dos detratores, reforça os discursos deles. A presença da presidente de uma empresa – que não é apenas uma empresa, mas também uma instituição brasileira – como a Petrobrás, numa hora como essa, seria fundamental para fortalecer a imagem da estatal, numa tentativa de retomar aos poucos a credibilidade da companhia, que está sendo posta em dúvida constante e repetidamente.

A Petrobrás emprega dezenas de milhares de brasileiros, mais de 80 mil diretamente, segundo contas da própria empresa. Desses milhares, a grande maioria é constituída por pessoas de bem. Pessoas sérias, trabalhadoras, que acreditam na companhia e se dedicam ao avanço da petroleira, que já deixou na história sua marca e que já chamou a atenção do mundo pelo seu pioneirismo na exploração em águas profundas. Para estas pessoas, ver sua presidente, a primeira a ocupar o cargo depois de fazer carreira na estatal, com mais de 30 anos de empresa, se ausentando da apresentação de resultados, neste exato e complicado momento, é um desalento.

Para piorar a situação da presidente da companhia, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar se ela omitiu do Senado Federal informações sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e se a empresa de seu marido, Colin Foster, tinha contrato com a estatal. O pedido de instauração de inquérito policial foi feito por parlamentares ao Ministério Público Federal (MPF), que já determinou o início das investigações.

Esses e todos os outros fatores presentes no dia a dia atual da Petrobrás são claros indícios de que a presença de Graça Foster seria de extrema importância neste momento. Mas, em seu lugar, apenas quatro diretores foram destacados para comentar os resultados: Almir Barbassa (Financeiro e de Relações com Investidores), José Alcides Santoro (Gás e Energia), José Carlos Cosenza (Abastecimento) e José Formigli (Exploração e Produção).

Falaram sobre os números que todos já sabiam, divulgados na sexta-feira à noite. No segundo trimestre do ano, a companhia teve um lucro líquido de R$ 4,959 bilhões, com queda de mais de 20% em relação ao mesmo período de 2013, quando o lucro líquido foi de R$ 6,201 bilhões. Em relação ao trimestre anterior, quando a empresa lucrou R$ 5,393 bilhões, a queda foi de 8%. Somados os resultados do primeiro semestre de 2014, a estatal conta com um lucro de R$ 10,352 bilhões, 25% a menos do que no mesmo período de 2013.

O endividamento da estatal, um fator que tem preocupado o mercado de ações, subiu ainda mais, fechando o semestre em R$ 307,712 bilhões no total, 15% a mais do que no fim de 2013. O endividamento líquido ficou em R$ 241,349, com crescimento de 9%, enquanto o indicador Dívida Líquida/EBITDA ajustado ficou em 3,94 vezes, com aumento de 12% em relação a 31 de dezembro último. A alavancagem (Endividamento Líquido/(Endividamento Líquido + Patrimônio Líquido) cresceu 1 ponto percentual no período, para 40%.

Para tentar melhorar a situação, o diretor de abastecimento, José Carlos Cosenza, disse que o objetivo da companhia é aumentar a produção de derivados em 4% no segundo semestre deste ano, para 2,240 milhões de barris por dia. Para isso, será preciso que a Refinaria de Abreu e Lima (Rnest) entre em operação em novembro. Outros números apresentados pelos diretores foram referentes à previsão de aumento de 51% da exportação de petróleo no segundo semestre, para 250 mil barris por dia, assim como ao incremento da oferta de gás natural. O planejamento da estatal é conseguir ampliar em 20% essa oferta nos próximos seis meses.

Após a publicação desta reportagem, a Petrobrás entrou em contato com o Petronotícias pedindo que incluíssemos uma nota sobre a participação da presidente Graça Foster na divulgação de resultados trimestrais. Segue a nota: “o detalhamento de resultados trimestrais é conduzido pelos diretores Financeiro e de Relações com Investidores; de Abastecimento; de Exploração e Produção e de Gás e Energia. A presidente Maria das Graças Silva Foster participou excepcionalmente da divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2012 para explicar os resultados negativos da empresa e do primeiro trimestre deste ano para explicar o Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV). Portanto, não é uma regra a sua participação”. 

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