BALANÇO DA WINDPOWER MOSTRA QUE AINDA HÁ MUITOS PROBLEMAS PARA RESOLVER, COM 97 PROJETOS EÓLICOS OFFSHORE PARADOS NO IBAMA
O último dia do Brazil Windpower foi totalmente dedicado à Sustentabilidade. Todos os painéis refletiram o compromisso do evento com práticas ambientais responsáveis e inovadoras. Houve uma imersão profunda dos participantes em como projetos, especialmente aqueles com grande impacto social e ambiental, podem ser conduzidos de forma a obter a aceitação e o apoio das comunidades. A ABBEólica, em parceria com a We Sustentabilidade, lançou o primeiro Índice de Impulso ao Desenvolvimento Sustentável. O estudo pretende identificar os eixos prioritários de investimento socioambiental das associadas da ABBEólica. “Serão analisados projetos de 27 municípios dos estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, unidades federativas que concentram a maioria dos parques eólicos do País. Pretendemos mapear os dados socioambientais disponíveis nesses municípios desde a implantação dos parques, obviamente aliado à execução adequada de políticas públicas no longo prazo“, comentou Débora Horn, diretora-executiva da We Sustentabilidade.
A executiva explicou que a intenção é dar mais clareza quanto aos limites do impulso dado pelos projetos, com métrica que será composta por dois blocos indicadores: econômico e, claro, socioambiental. “No primeiro bloco, avaliaremos a influência do parque eólico na economia local, com análise do PIB, porcentagem do ISS, ISP com foco na comunidade, e os fornecedores locais. Em paralelo, no segundo bloco, analisaremos a contribuição da empresa à melhoria das condições de vida naquele território, mapeando a porcentagem da população beneficiada por ações socioambientais e investimentos em desenvolvimento humano, ou seja, em renda, educação e saúde, além dos investimentos em infraestrutura e meio ambiente”.
Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica, ressaltou que uma das maiores inquietações desde que entrou para a associação é entender os efeitos sociais e ambientais no entorno dos parques eólicos. “Virou uma causa para nós! Desde o primeiro parque que visitei já observei todos os impactos positivos que o setor gera. Precisamos mostrar todo o bem que causamos nas comunidades”. A executiva lembrou que há movimentos sociais contra as eólicas que emergiram há aproximadamente quatro anos, o setor está ciente de que melhorias são necessárias, mas há uma busca por soluções. “Passamos a ouvir esses movimentos para entender e trazer mitigações de forma proativa. Padecemos da ausência de estatísticas e com esse índice faremos uma demonstração sem viés, sem a intenção de nos defender, mas sim para usar esse instrumento como ferramenta para alavancar uma transição energética justa e sustentável. Vamos apresentá-lo para governos, sociedade e investidores.”
Com 97 projetos de eólicas offshore aguardando regulamentação no Ibama, a correta elaboração do planejamento na seleção de áreas será fundamental para o seu êxito. Eduardo Wagner, coordenador de Licenciamento Ambiental de Energia do Ibama, destacou que erros nessa fase podem acarretar problemas nas etapas seguintes do licenciamento. Ele contou que muitos países da Europa pioneiros da eólica offshore fizeram a cessão de áreas sem o planejamento espacial marinho, que identifica impactos antes do licenciamento ambiental. Atualmente, antes do leilão de cessão de área, esses países já incluem essa ferramenta. “Se escolhe uma área usada para pesca artesanal, pode ter problema, porque os que fazem uso daquela área vão buscar os seus direitos“, avisa.
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