BLIMP-RIO CRIA SISTEMA PARA PLATAFORMAS QUE MINIMIZA RISCO DE CONTÁGIO PELO CORONAVÍRUS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Em tempos de pandemia, existe uma grande preocupação por parte das companhias operadoras com a saúde de seus funcionários que trabalham em plataformas offshore. Diante desse cenário, a empresa Blimp-Rio enxergou a oportunidade de desenvolver, em parceria com a Astech, um túnel inflável que emite ozônio (O3) para descontaminação de pessoas e objetos. A solução, batizada de Inflatech, promete minimizar o risco de contágio pelo coronavírus e por outros micro-organismos presentes na pele e nos objetos dos funcionários antes de embarcarem em uma plataforma. O diretor de negócios da Blimp-Rio, Rafael Neiva, acrescenta que até mesmo as vias aéreas superiores dos colaboradores que ainda não foram infectados poderão ser descontaminadas no sistema. A tecnologia já está sendo bem aceita dentro do mercado de petróleo, conforme revela a representante comercial do produto, Roberta Neiva (foto). “Na área de óleo e gás, estamos em negociações com três grandes multinacionais, que já pediram cotação”, afirmou. “Estamos em trâmites e creio que em breve essas compras sejam feitas”, concluiu Roberta.
Gostaria que começassem explicando aos nossos leitores como é o funcionamento deste de descontaminação.
Rafael – Eu sou o proprietário da Blimp-Rio, empresa que trabalha há mais de 11 anos no mercado de infláveis. Nós nos unimos à Astech, empresa que já tem quase seis anos de mercado e que possui uma tecnologia de ozonizador para ambiente. Então, nós unimos a nossa produção com a tecnologia deles para formar aquilo que o mercado está precisando – soluções para voltar a uma normalidade parcial por conta da pandemia do coronavírus.
Nossa proposta com esse túnel é mitigar ou diminuir a contaminação cruzada. Ou seja, as pessoas que estão do lado de fora [de uma plataforma ou outra instalação] não levem nada que possa ser contaminante para dentro [dessas unidades].
O túnel de menor tamanho, que tem 2,2 metros de comprimento, pode receber até oito pessoas simultaneamente. Esse túnel é antecipadamente preparado, passando por uma esterilização de uma hora. As pessoas que passam por esse túnel tem suas roupas, pele, objetos, cabelo e mãos descontaminados. Nesse túnel de dois metros, existem dois ozonizadores. À medida que o tamanho do túnel aumenta, utilizamos mais ozonizadores.
Poderia explicar também o porquê da utilização do ozônio?
Rafael – O ozônio é conhecido desde 1950 como um agente antimicrobiológico, principalmente o ozônio em gás. O ozônio é testado e mundialmente utilizado e aceito.
O ozônio pode ser usado de diversas formas. Pelo fato de ser uma substância altamente descontaminante, existem os níveis aceitáveis para ser utilizada, autorizados pela vigilância. No Brasil, a NR-15 do Ministério do Trabalho determina que essa quantidade de O3 varie de 0,02 a 0,08 ppm (partes por milhão). Esses são os valores aprovados e saudáveis para o ser humano.
O sistema também promete também descontaminar as vias aéreas respiratórias superiores. Gostaria que detalhasse melhor esse aspecto.
Rafael – Quando a pessoa respira dentro do túnel, o ozônio também beneficia as vias aéreas superiores (fossas nasais, faringe e laringe) caso estejam contaminadas. Se o vírus ainda estiver na parte aérea superior, é possível que esse micro-organismo seja eliminado. É importante frisar que estamos falando de descontaminação e não desinfecção.
O ozônio tem função oxidante. Quando ele oxida as paredes microbiológicas, também elimina os micro-organismos. Então, se alguma pessoa teve algum contato breve com alguém infectado, é possível sim descontaminar as vias aéreas superiores. Mas se a pessoa já estiver infectada, não deve sequer sair de casa.
[Nota da redação: como mencionado pelo entrevistado, o termo “contaminado” está se referindo ao indivíduo que carrega o vírus na pele, nos objetos pessoais ou ainda àqueles que estão com o vírus nas vias aéreas superiores mas que ainda não foram infectados.]
O ozônio descontamina o indivíduo também de outros micro-organismos?
Rafael – Sim, de muitos. Qualquer tipo de vírus. De fungos também e serve até para eliminação de odores. O ozônio trabalha muito bem com isso, eliminando vários tipos de vírus, bactérias e odores.
Quais são as possíveis aplicações dentro do mercado de óleo e gás?
Roberta – Já entramos em contato com algumas pessoas conhecidas e a maior preocupação hoje está sendo a troca de turno das plataformas. Então, as pessoas estão com muito medo e não sabem como se prevenir. A aplicação pode ser feita em Macaé, por exemplo, nos aeroportos onde as pessoas embarcam e nas próprias plataformas. Nos navios também é muito importante. Então, não só em plataformas, mas em navios e em empresas de modo geral na área naval.
Que tipo de vantagens a tecnologia oferece para as empresas e seus funcionários?
Roberta – Ninguém sabe se uma pessoa, que está entrando durante uma troca de turno de plataforma, teve um breve contato com alguém, que está com o coronavírus ou outro vírus nas vias aéreas superiores, ao sair de casa e se deslocar até o aeroporto.
Com o uso do túnel, o funcionário entra descontaminado e passa os 21 dias embarcado sem ter o temor de estar passando a doença para alguém. A troca de turno passa a ser feita com muito mais segurança. Os próprios embarcados com quem tive contato estão relatando o medo de embarcar e acreditam que o uso do túnel será muito bom para eles.
Eu acabei de falar com uma grande empresa, que ainda não posso divulgar o nome, e que deseja instalar o túnel em sua unidade de Niterói para seus colaboradores na troca de turnos. Essa companhia quer que seus colaboradores se sintam confiantes. Com essa confiança, eles poderão produzir melhor. O psicológico e o emocional podem abalar o desempenho dos funcionários.
Um navio-plataforma é repleto de equipamentos e seu espaço livre é bem limitado. O tamanho do sistema de vocês é compatível com esse ambiente?
Roberta – Podemos colocar o túnel abaixo do heliponto da plataforma. O nosso túnel padrão mede 2,2 metros, mas também pode chegar a 6 metros, dependendo do que a empresa precisar. Por exemplo, existe uma grande empresa montadora de veículos que já comprou nosso equipamento e pediu dois túneis menores e um maior (por onde podem passar até 60 pessoas). Então, o tamanho do túnel depende de cada local.
No caso da plataforma, o tamanho ideal seria o de 2,2 metros, que tem capacidade para 8 pessoas.
E como está a prospecção de novos contratos para fornecimento da tecnologia?
Rafael – Já vendemos essa tecnologia para o Congo, que comprou algumas unidades. O Ministério da Saúde do país está encomendando uma quantidade bem razoável de unidades. Também estamos com um trabalho grande com uma empresa que gerencia metrô, rodoviárias e aeroportos, em São Paulo. O que estamos buscando é oferecer uma relativa sensação de normalidade para as pessoas.
Roberta – Na área de óleo e gás, estamos em negociações com três grandes multinacionais, que já pediram cotação. A compra efetiva não foi efetuada ainda, pois existe uma grande parte burocrática, por se tratarem de multinacionais. Mas estamos em trâmites e creio que em breve essas compras sejam feitas. A aceitação está sendo muito boa.
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