BLOCOS DE NOVAS FRONTEIRAS E CONTEXTO INTERNACIONAL INFLUENCIARAM RESULTADO DO LEILÃO, AVALIA GOVERNO
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
As características dos blocos ofertados e o contexto internacional ainda marcado por efeitos da pandemia foram decisivos para o resultado da 17ª Rodada, realizada hoje (7) no Rio de Janeiro. Apenas cinco blocos foram arrematados durante o certame, com uma arrecadação de R$ 37,14 milhões em bônus de assinatura. Em entrevista coletiva após o certame, o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, considerou o resultado positivo, dadas as circunstâncias atuais de mercado.
“Importante lembrar que essa rodada teve foco em áreas com muito risco exploratório para as empresas. Além disso, as empresas, usualmente, definem seus orçamentos no ano anterior. Portanto, fizeram isso quando a situação da pandemia era mais acentuada. O contexto internacional da indústria do petróleo ainda é bastante desafiador”, avaliou Saboia.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, também participou da entrevista e destacou que, apesar do resultado mais modesto da rodada de hoje, o país arrecadou mais de R$ 85 bilhões de bônus de assinatura ao longo dos últimos três anos – resultado fortemente influenciado pelo leilão dos excedentes da Cessão Onerosa, realizado em 2019. Ele também comentou sobre novos processos para aprimorar e melhorar a atratividade de futuras licitações.
“A cada leilão que realizamos temos lições aprendidas e procuramos melhorar esse processo. Eu gostaria de destacar a última decisão do CNPE, a criação de grupos de trabalho para trazer melhorias ao processo de planejamento de ofertas de áreas de petróleo e gás natural e o processo de licenciamento ambiental. O que se busca é criar um ambiente de negócios com segurança jurídica e regulatória”, destacou Albuquerque.
Outro ponto negativo da rodada foi a falta de interesse das petroleiras em áreas além das 200 milhas náuticas. Questionado sobre isso, o diretor-geral da ANP voltou a alegar a questão do risco exploratório. “Essas são áreas de novas fronteiras. Portanto, as empresas estão se refazendo de um período muito difícil e estão muito seletivas em seus investimentos. Então, acreditamos que isso pode ter impactado nesse interesse”, analisou.
Todas as áreas que não foram arrematadas no leilão de hoje serão incluídas na modalidade de Oferta Permanente. As exceções são justamente os blocos além das 200 milhas, que só podem ser licitadas após aprovação expressa do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
RESUMO DA 17ª RODADA
Apenas duas empresas adquiriram blocos na rodada. No chamado setor SS-AP4 da Bacia de Santos, a Shell adquiriu sozinha o bloco S-M-1707, com a oferta de um bônus de assinatura de R$ 9,1 milhões. Depois, um consórcio liderado pela companhia anglo-holandesa (70%), em parceria com a Ecopetrol (30%), faturou por R$ 6,56 milhões o bloco S-M-1709.
No setor SS-AUP4, também na Bacia de Santos, a Shell comprou sozinha mais três blocos: S-M-1715, S-M-1717 e S-M-1719. Os valores pagos por essas áreas foram R$ 6,88 milhões, R$ 7,3 milhões e R$ 7,3 milhões, respectivamente.
De acordo com a ANP, os blocos arrematados devem gerar investimentos de, pelo menos, R$ 136,3 milhões nos primeiros anos dos contratos dos cinco blocos arrematados. Veja abaixo um quadro com o resumo dos vencedores:
Além das razões apresentadas, parece que o ministro esqueceu de uma, talvez a principal. O país cercado por incertezas políticas, econômicas e sociais.