BNDES ENTREGOU À ELETRONUCLEAR OS ESTUDOS SOBRE A VIABILIDADE DE ANGRA 3 E DECISÃO SOBRE RETOMADA DEVE SAIR EM OUTUBRO
Uma longa espera chegou ao fim. Após cerca de cinco anos de trabalhos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entregou hoje (3) à Eletronuclear os estudos sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3. Os documentos agora serão encaminhados ao Ministério de Minas e Energia, que vai consultar a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre as informações que constam no estudo. Com esses dados em mãos, o MME vai levar o tema para a próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). No mercado, comenta-se que o conselho deve deliberar sobre o tema em setembro, mas uma fonte ouvida pelo Petronotícias apontou que a próxima reunião deve acontecer só no início de outubro. Como já é de conhecimento do mercado, caberá ao CNPE a decisão final sobre concluir ou não as obras da planta.
A tarifa proposta no estudo está estimada em R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh). Esse valor é similar à tarifa de referência definida pelo CNPE em 2018 (R$480,00, em valores da época, que atualmente correspondem a R$639,00). Já o custo para finalizar a construção de Angra 3 foi avaliado em torno de R$23 bilhões. O montante já investido na obra é de quase R$12 bilhões.
A Eletronuclear diz que o valor da tarifa é inferior ao custo de diversas outras térmicas, medidas pelos chamados Custos Variáveis Unitários (CVU). Com efeito, a média dos CVUs das usinas térmicas do subsistema Sudeste corresponde a R$ 665,00/MWh, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de agosto de 2024.
O estudo identificou também que cerca de R$ 800 milhões em equipamentos de Angra 3 foram utilizados por Angra 2. Da mesma forma, entre R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em combustível nuclear foram utilizados pela segunda usina brasileira, e tinham sido inicialmente comprados para a terceira. Por isso, aproximadamente R$ 1,4 bilhão será reembolsado pelo próprio caixa de Angra 2. Tal fato impacta positivamente a competitividade tarifária de Angra 3.
“Em resumo, temos uma proposta de tarifa competitiva para uma térmica que fornecerá uma energia firme, confiável e limpa ao sistema. Mas, aos que ainda questionam este aspecto, é importante destacar que os custos para desistir de Angra 3 também não são baixos. A diferença é quem vai pagar essa conta”, disse o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo. Desistir do projeto implicaria em um custo de cerca de R$ 21 bilhões.
O BNDES foi contratado pela Eletronuclear em 2019 para conduzir um estudo que envolveu mais de 50 consultores de nove empresas. A primeira parte do trabalho foi entregue em novembro de 2022, quando os estudos foram submetidos ao Tribunal de Contas da União (TCU). Após intensas discussões com a unidade técnica do Tribunal para aprimorar a modelagem, o TCU finalizou sua análise em abril de 2024.
O estudo também recebeu 285 contribuições da sociedade durante uma consulta pública realizada em março deste ano, que durou 53 dias. Durante o processo, o BNDES conduziu um estudo de impacto socioambiental e uma diligência técnico-operacional para verificar se os equipamentos da usina estão aptos a operar, considerando a paralisação das obras.
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