BOLOGNESI ESTUDA CONSTRUIR DUAS TERMELÉTRICAS NO PORTO DO AÇU
Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –
Nos seus mais de 40 anos de atuação, o grupo Bolognesi passou por diversas mudanças de foco. Primeiro envolvido com o mercado imobiliário, o grupo acabou migrando para o ramo de construções. No ano 2000, entretanto, veio a maior mudança nos rumos da companhia. Surgia a Bolognesi Energia, empresa voltada para o mercado de geração elétrica. Em quinze anos, a empresa acumulou quinze usinas em operação, entre eólicas, Pequenas Centrais Hidrelétricas e termelétricas, movidas a óleo diesel, óleo pesado e gás natural. Termelétricas a gás natural, por sinal, são vistas como o futuro da empresa. Atualmente, a Bolognesi Energia tem a autorização do Ministério de Minas e Energia para instalação de duas usinas a gás de 1.500 MW, uma em Rio Grande (RS) e outra em Suape (PE). O vice-presidente do grupo, Paulo Cesar Rutzen, afirmou que há planos para novas unidades. Uma das possibilidades estudadas pela Bolognesi é a instalação de duas usinas no Porto do Açu, com conversas já em andamento com representantes da Prumo Logística, responsável pelo empreendimento. A empresa vem fechando diversas parcerias para viabilizar seus negócios, como com a GE para fornecimento de turbinas, com a Sulgás para construção e operação de gasoduto e com a construtora espanhola Duro Felguera. Como a Petrobrás não tem disponibilizado gás para o mercado termelétrico independente, a Bolognesi ainda precisou buscar alternativas de fornecimento, incluindo o primeiro projeto de terminal de GNL privado do país.
Quando serão iniciadas as obras das termelétricas no RS e em PE?
A nossa previsão é para que as obras se iniciem na janela de outubro a dezembro. Estamos aguardando a liberação de alguns licenciamentos ambientais. O do Rio Grande deve sair já agora em agosto. Na sequência, dependeremos apenas de aprovações financeiras. Nossa meta agora é estruturar financeiramente ambos os projetos. As duas usinas terão capacidade de 1.500 MW, acima do que tínhamos planejado inicialmente, que seria de 1.238 MW, mas, por uma questão operacional do epecista contratado, a espanhol Duro Felguera, aumentamos a capacidade.
Além da Duro Felguera, a GE também está no projeto. Como foi o acerto com essas duas empresas?
Nós já vínhamos negociando com a GE antes mesmo do leilão A-5. Fechamos um acordo com eles para fornecimento de turbinas e, graças a isso, já pudemos fazer um lance com o preço definido. Nós já havíamos travado o valor das turbinas. Foi necessário apenas renegociar por conta do câmbio de real para dólar, mas tudo bastante simples. A questão com o Duro Felguera também foi simples, já que tínhamos decidido por fechar um contrato turn key. Vimos as opções no mercado e achamos melhor entregar para a empresa a construção das unidades.
Como é a parceria com a distribuidora Sulgás?
A Sulgás é responsável pelo gasoduto que irá ligar o navio regaseificador até a termelétrica e a própria Sulgás. Ao todo, o gasoduto terá 8,5 quilômetros e o seu custo não está contabilizado no valor da usina de Rio Grande. Nós iremos fazer um pagamento mensal à distribuidora. O valor ainda não está definido, já que ainda estamos negociando com possíveis fornecedores de navios.
Como planejaram o abastecimento de gás das usinas?
A Petrobrás não forneceu gás para os leilões, então passamos a buscar outras alternativas para estruturar esses projetos. O gás que usaremos vem de produtores da Bacia do Atlântico, mas o nome da companhia que será contratada só deve ser anunciado depois da terceira semana de agosto. Estamos nas últimas tratativas. Tudo já está acertado desde antes do leilão, tanto que as garantias foram apresentadas. Nós estamos apenas refinando o contrato.
Investir no mercado de termelétricas a gás é uma aposta ou uma certeza para a Bolognesi?
Nós traçamos como objetivo investir no crescimento da companhia através de térmicas a gás. Estamos, inclusive, desenvolvendo licenças para novos leilões. Junto à Prumo Logística, estamos planejando construir novas térmicas no Porto do Açu, com um total de 3 GW de capacidade instalada.
Que outros projetos a Bolognesi vêm desenvolvendo no momento?
A Bolognesi Energia hoje tem quinze usinas em operação entre eólicas, térmicas – movidas a gás, óleo pesado e óleo diesel – e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Esses 15 empreendimentos totalizam 1.300 MW. Nossa carteira é, portanto, bastante grande, mas, sem dúvidas, térmicas a gás passaram a ser nosso maior foco.
Quanto representa o segmento de energia dentro do grupo Bolognesi?
O grupo nasceu e cresceu decorrente da atividade imobiliária, em seguida migrando para a construção e, somente no ano 2000, veio para o setor de energia. Hoje, esse segmento representa de 60% a 70% dos cerca de R$ 3 bilhões faturados em 2014 pelo grupo.
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