BP DIZ QUE ALTO TEOR DE CO2 EM BUMERANGUE NÃO PREOCUPA E PLANEJA PERFURAR ATÉ QUATRO POÇOS PARA AVALIAR O ATIVO
A principal notícia do setor de óleo e gás do Brasil nesta semana foi protagonizada pela britânica bp, que anunciou sua maior descoberta em 25 anos no bloco de Bumerangue, no pré-sal da Bacia de Santos. Agora, mirando o futuro, a companhia se prepara para executar um programa de avaliação do ativo, que deve contemplar a perfuração de três a quatro poços. A informação foi revelada pelo vice-presidente executivo de Produção e Operações da petroleira, Gordon Birrell.
“Espero um programa de avaliação com três ou quatro poços, para então avançarmos para o desenvolvimento completo do campo. Não vou especular exatamente quando teremos esse programa concluído, mas avançaremos rapidamente assim que recebermos esses resultados”, disse o executivo durante teleconferência com analistas nesta semana. “Na verdade, já realizamos alguns trabalhos prévios à perfuração relacionados ao programa de avaliação. Não estamos começando do zero. Mas vamos seguir em ritmo acelerado na avaliação”, acrescentou.
O executivo afirmou que o programa de avaliação provavelmente envolverá algum tipo de teste de coluna para obter dados dinâmicos. “Seria ótimo conseguir dados dinâmicos deste poço enquanto planejamos o esquema de desenvolvimento, mas vamos avançar em ritmo acelerado. Se isso se confirmar tão bom quanto acreditamos que será, vamos, sem dúvida, seguir rapidamente”, completou.
Birrell afirmou que a empresa está bastante animada com a descoberta. Bumerangue está localizado a cerca de 400 km da costa do Rio de Janeiro e é uma estrutura extensa, com mais de 300 km². O poço pioneiro do bloco (1-BP-13-SPS) foi perfurado em lâmina d’água de 2,3 mil metros com o navio-sonda Valaris Renaissance. “Nós perfuramos cerca de 500 metros fora do topo da estrutura para reduzir riscos no programa de perfuração, ou seja, não perfuramos exatamente no ponto mais alto. Encontramos uma coluna confirmada de hidrocarbonetos, com 500 metros, em um reservatório carbonático do pré-sal de alta qualidade. Então, sim, estamos bem animados com isso”, relatou.
No dia em que anunciou a descoberta, a bp informou que seus técnicos detectaram níveis elevados de dióxido de carbono (CO₂) durante a perfuração. As amostras foram enviadas para um laboratório certificado para análises mais detalhadas. Birrell disse que a empresa não está particularmente preocupada com o teor elevado de CO₂. “Precisamos saber exatamente qual é esse nível. Mas a indústria sabe lidar com concentrações elevadas de CO₂, e nós, como companhia, temos bastante experiência nesse tipo de situação em diversos projetos ao longo de muitos anos. Claro que precisamos compreender melhor antes de chegar à estimativa completa de recursos in place, mas não estamos excessivamente preocupados com o CO₂”, afirmou.
Birrell ressaltou que ainda é muito cedo para ser preciso sobre as relações gás-óleo no bloco, pois ainda ainda é necessário receber a análise composicional completa. “Coletamos amostras ao longo de toda a coluna, então devemos obter diferentes análises composicionais em diferentes profundidades dessa coluna. Esses resultados serão muito reveladores quando os tivermos em mãos. Portanto, não vou especular sobre a relação gás-óleo”, finalizou.
A bp é operadora de quatro blocos exploratórios no Brasil. Na Bacia de Santos, a companhia lidera os ativos Bumerangue e Tupinambá, ambos com 100% de participação. Também atua como operadora no bloco Pau Brasil, onde detém 50% de participação, em consórcio com a CNOOC (30%) e a Ecopetrol (20%).
Na Bacia do Barreirinhas, a bp opera o bloco BM-BAR-346, com participação de 50%, em parceria com a Total. A companhia ainda integra os blocos BM-BAR-3 e BAR-M-175 (BM-BAR-5), com 40% de participação em cada um, que são operados pela Petrobrás. Já na Bacia de Campos, a empresa participa do bloco C-M-477 (30%) e do Alto de Cabo Frio Central (50%), ambos com a Petrobrás como operadora.
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