BRAMETAL FAZ INVESTIMENTO EM SUA FÁBRICA NO ESPÍRITO SANTO VISANDO ALCANÇAR PROTAGONISMO NO SETOR SOLAR

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Maurílio HidalgoA catarinense Brametal já conquistou uma presença forte no mercado de fornecimento de torres de transmissão e agora se prepara para alçar novos voos. A empresa fez um investimento de R$ 7 milhões neste ano em sua fábrica localizada em Linhares (ES) para construir uma linha de produção dedicada ao segmento fotovoltaico. A expectativa da companhia brasileira é que este setor corresponda a 30% de seu faturamento nos próximos anos. Para conhecer mais sobre os planos da Brametal no segmento solar, conversaremos hoje (28) com o Gerente Comercial e de Marketing da companhia, Maurílio Hidalgo. O executivo conta que a empresa lançou recentemente novos produtos visando atender à demanda da indústria solar. Além disso, a Brametal está trabalhando no desenvolvimento de equipes e capacitação dos seus times de engenharia e produção, de olho em novas oportunidades no setor fotovoltaico. “Dessa forma, queremos ser protagonistas nesse mercado de geração de energia solar, assim como no de transmissão”, declarou Hidalgo. O entrevistado comentou ainda sobre novos estudos que estão sendo realizados internamente para buscar negócios na prestação de serviços na indústria solar, como a supervisão de instalação e montagem de trackers, além da parte de comissionamento.

Antes de começar a abordar os investimentos em energia solar, gostaria de ouvir um panorama geral da atuação da empresa no segmento de transmissão.

bkg-transmissao-05A Brametal é uma empresa que nasceu em Criciúma (SC) e está completando 46 anos de mercado em 2021. A companhia nasceu para trabalhar com o mercado de construção civil, mas na década de 80 começamos a focar no mercado de transmissão de energia – setor que vem consolidando-se dentro da empresa ao longo do tempo. Desde então, a Brametal se tornou um dos principais players para o fornecimento de torres de linhas de transmissão no Brasil e na América Latina.

Quando houve a diversificação da matriz energética brasileira, aconteceu uma ampliação da necessidade de linhas de transmissão no Sistema Interligado Nacional (SIN). Isso gerou uma demanda de várias linhas de transmissão, com pico nos últimos cinco anos. Entre os players para fornecimento de torre de linha de transmissão, a Brametal foi a que mais investiu e conta com um parque fabril com capacidade para fornecer 200 mil toneladas de estruturas metálicas para esse mercado por ano.

A Brametal enxergou que além do mercado de transmissão, que agora está entrando em uma fase de estabilidade, existem outros setores que estão crescendo. Um deles é o mercado de iluminação pública. A Brametal possui uma linha de produção dedicada para esse segmento em sua unidade de Linhares (ES).

A partir de que momento a empresa entrou no segmento fotovoltaico e quais são as novidades mais recentes da companhia nesse setor?

brametal

Fábrica da Brametal em Linhares

A fonte que mais crescerá nos próximos anos no Brasil é a geração solar fotovoltaica. Desde 2014, a Brametal está desenvolvendo produtos para esse segmento. Começamos com a fabricação de estruturas do tipo fixa em 2014 e, dois anos depois, lançamos o nosso primeiro tracker. Desde então, estamos fornecendo para alguns projetos importantes. A Brametal já forneceu estruturas metálicas para a geração de 30 MW pico (MWp) de energia solar. 

A Brametal fez um investimento de R$ 7 milhões em sua fábrica para atender ao segmento solar, além de ter aplicado recursos também no desenvolvimento de novos produtos. Poderia contar aos nossos leitores as janelas de oportunidades visualizadas pela empresa nesse setor?

A Brametal lançou recentemente o tracker bifileira. A primeira solução que nós desenvolvemos era um tracker com um único sistema que acionava 10 fileiras – chamado tracker multifileira. Mas percebemos que uma solução com menos filas [referindo-se ao tracker bifileira] é mais versátil e adequada para atender aos mercados de geração centralizada e geração distribuída. 

Hoje, temos produtos para atender tanto ao mercado de geração distribuída, com plantas até 5 MW, quanto o de geração centralizada, com usinas acima de 5 MW. As estruturas fixas são mais comumente utilizadas em plantas abaixo de 500 kW, enquanto os trackers bifileira são empregados em plantas acima de 500 kW. Esse novo modelo de tracker já está sendo fornecido para quatro plantas neste ano. 

Para atender à demanda que estamos vislumbrando para os próximos anos no setor fotovoltaico, que será bastante expressiva, construímos em nossa unidade de Linhares uma linha de produção dedicada para os produtos da linha de geração solar fotovoltaica. 

Qual a participação do mercado solar dentro dos negócios da Brametal atualmente e quais as perspectivas de crescimento desse nicho na empresa?

energia-solar-512x384Hoje, a participação dos produtos para a linha de geração solar fotovoltaica é pequena quando comparada aos grandes volumes de torres de transmissão. Mas temos uma expectativa que esse item venha responder por até 30% do nosso faturamento nos próximos três ou quatro anos. 

O mercado vai demandar bastante os produtos que fornecemos para geração fotovoltaica. Estamos, de forma proativa, tomando algumas providências para que isso seja possível, com o desenvolvimento de equipes e capacitação dos nossos times de engenharia e produção. Nosso objetivo é fabricar um produto que seja adequado às demandas do mercado. Dessa forma, queremos ser protagonistas nesse mercado de geração de energia solar, assim como no de transmissão.

Seria interessante se pudesse comentar também sobre o interesse da Brametal em lançar novos produtos ou serviços para o segmento fotovoltaico, além dos já recentemente anunciados.

O foco da Brametal são estruturas metálicas galvanizadas a fogo. Então, o que está em nosso radar, a curto prazo, são as estruturas de solo para o mercado de geração de energia solar. Isto é, estruturas fixas para o mercado de geração distribuída; e as estruturas de tracker para geração centralizada e também para geração distribuída. 

Agora, na parte de serviços, devemos avançar na supervisão de instalação e montagem de trackers, além da parte de comissionamento. Eventualmente, estudaremos alguma coisa na parte de operação e manutenção. É uma possibilidade. Está no radar. Estamos avançando para estudar um pouco essa possibilidade. Para isso, nós temos uma gerência em desenvolvimento de novos negócios que está atenta a essas oportunidades em geração solar fotovoltaica e também nos demais mercados.

De modo geral, quais são as perspectivas da Brametal com o mercado brasileiro solar para os próximos anos?

brametal2Quando analisamos o mercado, principalmente os bancos de dados disponibilizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é possível ver uma demanda promissora de energia elétrica, em particular da fonte solar fotovoltaica. Quando você analisa também os projetos que estão cadastrados na Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], é possível perceber um grande volume de empreendimentos tanto para o ambiente de comercialização regulado quanto para o mercado de comercialização livre de energia.

Então, isso traz uma perspectiva bastante otimista que não pode ficar de fora do radar. A exemplo do que aconteceu no mercado de geração eólica nos últimos 20 anos, que conseguiu um importante crescimento, enxergamos que a fonte solar é bastante importante. É a bola da vez.

Por fim, aproveitando que o senhor mencionou a fonte eólica, poderia comentar brevemente sobre os planos da empresa para esse mercado?

bkg-eolico-05Em 2013, a Brametal desenvolveu uma parceria com duas empresas alemãs para trazer ao Brasil a tecnologia de torres metálicas treliçadas de suporte para aerogerador, que é empregada na Europa. É uma tecnologia que se mostrou bastante adequada para turbinas de até 2,5 MW. Contudo, a capacidade dos geradores no mercado brasileiro foi ampliada. Então, a solução treliçada, no primeiro momento, não se mostra adequada para manter as alturas das torres e comportar esses tipos de geradores. Por isso, estamos pensando em como atender esse mercado com a solução treliçada.

Paralelamente a isso, estamos estudando como atender ao mercado de geração distribuída, que usa aerogeradores de menor porte, fornecendo torres metálicas tubulares. A Brametal tem capacidade de dobrar chapas de aço de até 12 metros de comprimento e 25 milímetros de espessura, o que pode nos dar conforto na hora de construir torres para esse mercado de geração distribuída. Esse é um mercado que está em compasso de espera dentro da empresa e não está dentro de nossas prioridades, mas não está completamente descartado.

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