BRASIL BUSCA RIQUEZA MINERAL NAS PROFUNDEZAS DO OCEANO ATLÂNTICO
Os pesquisadores do Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) retornaram de sua quarta missão de expedição à região conhecida como Elevado do Rio Grande, próximo da placa continental brasileira. O objetivo das expedições é o levantamento geológico da região à procura de reservas de ferro e manganês a profundidades de até 2 mil metros. Já foram coletadas diversas amostras nestas quatro expedições, mas a catalogação de dados ainda não é suficiente para uma prospecção da área. Ainda este ano, a quinta missão rumo ao local pretende analisar e reunir ainda mais dados, para conhecer mais detalhadamente as características geológicas do elevado do Rio Grande. Para explicar melhor a pesquisa que está sendo feita, o Diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, Roberto Ventura, conversou com o repórter André Dutra.
Qual a situação das pesquisas no Elevado do Rio Grande?
Atualmente, estamos em etapa de análise de várias amostras que já coletamos. Para podemos fazer a prospecção, que é o levantamento da quantidade de minério existente no local, é necessária uma autorização da Autoridade Internacional de Fundos Marinhos (ISBA), que é filiada à ONU. O requerimento para esta autorização só pode ser feito a partir do momento em que são coletados diversos dados durante o levantamento geológico.
Você acredita que o trabalho está correndo como esperado? Quando será enviado o requerimento?
O trabalho está correndo muito bem, já coletamos mais de 20 toneladas de material e temos horas de filmagem do fundo do mar. O material está sendo recolhido desde o ano passado, em quatro expedições, que coletaram o material em uma profundidade entre 1,8 e 2 mil metros. A próxima expedição para coletar mais dados irá sair ainda este ano. Quanto ao requerimento ainda não temos uma previsão muito precisa, mas posso dizer que seguramente dentro de um ano o requerimento será feito.
Que tipos de minérios estão sendo procurados? Há indício de algum em especial?
Durante a pesquisa encontramos crostas de Manganês e Ferro, o que indica a presença destes minérios na região. Mas mesmo assim só teremos como saber o tamanho das reservas e se elas são operadas comercialmente após a prospecção. Além destes dois metais há possibilidade da existência de ouro e as chamadas terras raras, que são utilizadas em maquinário industrial.
A tecnologia usada nesta pesquisa é nacional?
Em parte sim. Na verdade, um dos maiores ganhos deste trabalho é exatamente o uso de tecnologia de ponta. Nós convidamos professores e alunos de universidade para acompanhar-nos nas pesquisas e coleta de materiais exatamente para promover essa nova tecnologia na qual o país está investindo. Com essa pesquisa, que é feita graças às pessoas do governo que decidiram investir no projeto, o Brasil entra em um seleto grupo de países que exploram essa possibilidade do minério em altas profundidades. Este é um trabalho que nós estamos desenvolvendo há tempos, mas o investimento alto, necessário para as pesquisas, veio do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) alguns anos depois. É uma coisa muito positiva o Brasil estar indo por este caminho, pois esta é uma tecnologia muito promissora.
Este investimento pode gerar um avanço tecnológico grande para o país?
Eu acredito que além das universidades, que irão se beneficiar não só das novas tecnologias, mas também das técnicas empregadas no manuseio destas, a economia brasileira também terá muitos benefícios, pois com certeza irá movimentar os mercados naval e de serviços, já que se trata de algo novo e bastante grandioso.
Já existe a exploração comercial de minério em altas profundidades?
Sim. No Japão existe esta exploração, somente no oceano pacífico. Além de minérios, os japoneses também exploram gases importantes para a indústria, que podem ser encontrados presos em rochas em altas profundidades oceânicas.
Deixe seu comentário