BRASIL CELEBRA OS 40 ANOS DA ESTAÇÃO ANTÁRTICA COMANDANTE FERRAZ E PROTAGONIZA PESQUISAS CIENTÍFICAS NO CONTINENTE

foto1_eacf (1)A região mais fria do globo abriga os mais intrigantes e fascinantes segredos do nosso planeta. Congelada há mais de três milhões de anos, a Antártica é o principal regulador térmico da Terra, além de controlar as circulações atmosféricas e oceânicas, influenciando o clima e as condições de vida. O Continente Branco também é uma espécie de “arquivo natural” do planeta, pois guarda informações sobre as mudanças climáticas, biológicas, marinhas e geológicas que ocorreram ao longo de milhares de anos. Cientistas de todo o mundo dedicam suas vidas para estudar e fazer novas descobertas nessa região. O Brasil, que é um dos países que têm se destacado nas pesquisas científicas na área, está comemorando nesta semana os 40 anos da Estação Antártica Comandante Ferraz. O centro científico, mantido pela Marinha do Brasil, é um local onde militares e pesquisadores se reúnem para se dedicar à decifrar os enigmas do ecossistema antártico, em uma busca incessante por descobertas que só podem ser feitas naquela região.

Situada na Ilha Rei George, na Baía do Almirantado, a estação dá suporte a 15 dos 24 projetos de pesquisa da 42ª Operação Antártica (OPERANTAR XLII), organizada pelo Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Criado em 1982, o PROANTAR tem como objetivo principal promover uma pesquisa científica diversificada e de alta qualidade na região antártica. Seu propósito é compreender os fenômenos que ocorrem nessa área, os quais têm impacto global e, particularmente, sobre o território brasileiro.

cf-machadoA manutenção de instalações de ponta no extremo sul do planeta é um fator indispensável para a continuidade da produção científica nacional na região. “O Brasil vem sendo uma das grandes referências mundiais nas publicações em periódicos e mídias de alto impacto. Esse protagonismo é fundamental para mantermos nosso status de Membro Consultivo no Sistema do Tratado Antártico”, afirmou o Chefe do Grupo-Base da EACF, Capitão de Fragata Wagner Oliveira Machado (foto à direita).

Além disso, a base tem sido essencial para o impulsionamento mundial da pesquisa científica brasileira. “Ao longo dos últimos 40 anos, os trabalhos realizados na Estação Antártica Comandante Ferraz se consolidaram em pesquisas transdisciplinares e interinstitucionais, permitindo a realização de ciência de forma colaborativa e participativa, em cooperação nacional e internacional”, acrescentou o Capitão de Fragata. A Marinha é responsável por garantir a eficiência e segurança das expedições. Além da montagem de acampamentos científicos, a Força faz o transporte de pesquisadores, equipamentos, suprimentos e materiais colhidos em campo, por meio do Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rangel” e do Navio Polar “Almirante Maximiano”.

galeria1_eacfUm dos trabalhos que utilizam a estação como base principal de pesquisas é o Projeto Mephysto, que investiga a distribuição de organismos na Confluência Brasil-Malvinas, além do fluxo de plásticos através da Passagem de Drake, entre o Oceano Pacífico e o Atlântico. Os cientistas do programa também buscam entender como acontece a transmissão de água e poluição entre a Baía do Almirantado e o Estreito de Bransfield.

A existência da Estação Antártica é fundamental para que nós consigamos ter apoio para a coleta e análise das nossas amostras. Então, ela funciona como um porto seguro para realização dos estudos. Com as instalações avançadas, ela garante a execução dos trabalhos in loco”, destacou o Coordenador do Projeto Mephysto e Vice-Reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Moacyr Araújo.

proantar1A Estação Antártica Comandante Ferraz passou por uma grande reestruturação e abriu as portas, novamente, em janeiro de 2020, quando passou a contar com 17 laboratórios, sendo 14 no edifício principal e três em módulos isolados, além das áreas técnicas, de convivência e de operação. A Estação é considerada, hoje, a mais moderna e segura entre as demais instaladas no Continente Antártico. Após a reconstrução, a unidade passou a contar com mais de 900 m². Abastecida por energia limpa, a nova estação é constituída com material totalmente recuperável e transferível para outras localidades. O espaço possui capacidade de acomodar 66 pessoas em 45 módulos adaptados para o trabalho no ambiente polar.

O Brasil aderiu ao Tratado Antártico em 1975 e a EACF começou a tomar forma em 1982, com a primeira edição da OPERANTAR. A expedição foi essencial para a aquisição de informações sobre a localidade, as restrições logísticas e as mais adequadas técnicas para a construção da base científica. A inauguração da Estação Antártica aconteceu dois anos depois, em 6 de fevereiro de 1984, na Ilha Rei George, durante a OPERANTAR II. No verão daquele ano, durante 32 dias, 12 militares do Grupo-Base guarneceram a estrutura composta por 8 módulos, que totalizavam 150 m².

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