BRASIL PATINA E PERDE ESPAÇO TECNOLÓGICO E NA CRIAÇÃO DE NOVOS EMPREGOS COM A INDECISÃO PELA ESCOLHA DA GERAÇÃO NUCLEAR
Recentemente tomamos conhecimento do impacto que causou na economia da Índia, do Paquistão e da China, que decidiram fazer frente as suas necessidades de energia. A escolha da matriz energética fez a diferença na criação de empregos, de novas empresas, cadeias de fornecedores, avanço no conhecimento, treinamento e especialização de jovens profissionais e geração de milhões de dólares em impostos. A decisão foi simples: os dos países decidiram dar prosseguimento aos seus programas nucleares. O Brasil, hoje, vive um dilema quase incompreensível. Temos a nossa capacidade de geração hidrológica pelas restrições ambientais. As possíveis novas hidrelétricas estão proibidas de ter reservatórios. Só podem gerar a fio d’água. Com a seca que o país vive, e com a perspectiva climática para o futuro ainda pior, apela-se para térmicas a gás, sem reservas consistentes do insumo no país, resultando no óbvio aumento nas contas de luz dos consumidores, que sempre são os penalizados pela incompetência dos gestores públicos.
O novo plano decenal elaborado pelo Ministério das Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética – EPE, ainda sob consulta pública, aposta em matrizes eólica, solar e térmicas a gás. E não contempla a geração nuclear de forma clara e satisfatória. O Brasil não pode abrir mão das gerações eólica e solar, mas sabe também que o fornecimento do gás ainda é uma incógnita. A expectativa de reserva é no pré-sal, que além de rico em petróleo é rico em gás. Mas a quantidade de contaminantes desse gás vai exigir um investimento ainda maior no seu tratamento, ainda sem previsões. Os investidores do Campo de Libra, por exemplo, que tem a Petrobrás como operadora, decidiu queimar o gás do campo e reinjetar outra grande parte dele, causando uma frustração em quem contava com ele, com reflexos até mesmo para o reinício das obras da UPGN do Comperj que, se recomeçasse ainda este ano, demoraria ainda quase dois anos. A Petrobrás que adiou a licitação para o dia 31 deste mês, pode adiar novamente.
A situação complica-se ainda mais, quando se tem conhecimento de que a Eletronuclear contratou a Fundação Getúlio Vargas para realizar uma avaliação dos impactos socioeconômicos da construção de Angra 3. Esse estudo foi concluído em fevereiro de 2015, mas nada foi feito, mesmo diante das obviedades de seus resultados. Assim, dentre os impactos sociais e econômicos decorrentes do atraso dos benefícios do empreendimento, somam-se os apontados nesse estudo. Foram apurados os impactos diretos, indiretos e os induzidos, em nível local, regional (estadual) e nacional. Em nível nacional o estudo apontou: o efeito total do projeto orçado sobre o PIB ultrapassa os R$ 10 bilhões. Estima-se que os postos de trabalho gerados diretamente pelo projeto conforme orçado, entre temporários e empregos permanentes, estejam em torno de 214 mil. Com isto, o total (incluindo indiretos e induzidos) ultrapassa 500 mil. Para quem tem hoje mais de 14 milhões de desempregados no país, uma iniciativa como esta, não se pode fechar os olhos.
Para o Estado do Rio, temos os valores:
Na região do empreendimento temos:
Assim, com base nesse estudo podemos concluir: Os benefícios sócio econômicos são estimados nos seguintes montantes:
Nacional | Estadual | Local | |
Empregos (vagas) | 515.144 | 114.663 | 3.365 |
PIB (R$ Milhões) | 10.216 | 2.593 | 76,10 |
Impostos | 1.253 | 362 | 10,75 |
Salários | 3.249 | 755 | 22,17 |
Note-se que ao volume de empregos locais deve ser somado o número de empregos diretos mobilizados no empreendimento. Outro ponto relevante a ressaltar é o que o empreendimento também implica no cumprimento de compensações socioambientais resultantes das condicionantes de licenciamento estabelecidas pelo IBAMA. Trata-se de uma série de ações que, no caso de Angra 3, totalizam R$ 352 Milhões com abrangência diversificada, como educação, saúde, infraestrutura urbana, etc.
Além de todos estes números levantados por um estudo realizado por uma das mais importantes e sérias do país, a Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem diante de si a mesma oportunidade oferecida não só à índia como ao Paquistão e a China: a possibilidade de financiamento e construção das usinas necessárias ao país até 2050 em troca de receber o que há de mais moderno em tecnologia nuclear, em troca da venda da energia gerada. E não só para este segmento. O setor de medicina nuclear também seria atendido. Para isso, empresas tradicionais, como a russa Rosatom, as francesas Engie e EDF e a Chinesa CNNC, estão dispostas não só a concluir Angra 3, como projetar e construir as oito usinas necessárias até 2050, deixando o Brasil com garantia de fornecimento de energia, desenvolvendo uma cadeia de fornecedores, atraindo a jovem e dinâmica inteligência do país, gerando milhares de empregos com mão de obra altamente qualificada.
O grande problema do Nosso Brasil é que muitas das vezes o poder decisório encontra-se em mãos de pessoas desconhecedoras do assunto ou com outros interesses.
A Área Nuclear Brasileira sempre recebeu severos combates desde a construção de Angra 1, que foi um empreendimento marcante para a nossa Engenharia.