BRASIL PODE SE TORNAR O MAIOR PRODUTOR DE BIODIESEL DO MUNDO
O Brasil abre oportunidades de crescimento no biodiesel e pode se transformar em um dos maiores produtores no mundo. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou no início do mês o cronograma de expansão da mistura do biodiesel ao diesel no país. A proposta estabelece que a adição de biodiesel cresça um ponto percentual ao ano, passando do atual patamar de 10% (mistura B10) para 11% (mistura B11) em junho de 2019. O processo continua sucessivamente e a ampliação será realizada até março de 2023, quando todo o biodiesel comercializado ao consumidor final conterá 15% de biodiesel. De acordo com o CNPE, a estimativa é que a produção do biodiesel brasileira passe de 5,4 para mais de 10 bilhões de litros anuais, entre 2018 e 2023. Um aumento de 85% da demanda doméstica. O biodiesel é um óleo vegetal gerado a partir de óleos de gorduras vegetais e animais. De acordo com a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – cerca de 70% do biodiesel produzido é feito de óleo de soja, 17% de gordura animal (sebo) e os demais de outras matérias-primas como o óleo de cozinha usado e óleo de semente de algodão. É derivado de uma fonte renovável, portanto, reduz a dependência e preservação de petróleo; biodegradável; diminui as emissões de gases tóxicos e possui uma boa lubrificação.
O gerente de negócios para biodiesel da Camlin Fine Sciences (CFS) para América do Sul, Federico Sakson(foto), disse que “É uma grande oportunidade para toda a cadeia de produção – que por sinal é extensa – desde transporte, termoelétricas, agronegócios, entre outros. O uso do biodiesel nos processos produtivos é uma necessidade emergente. Desta forma, reduziremos muito o efeito estufa no mundo e agregaremos mais valor em toda a cadeia”. Uma das maiores preocupações que a cadeia produtiva tem sinalizado é a conservação do produto final, para que resista ao tempo de estocagem sem se oxidar até chegar ao consumidor final. Para Sakson, a estabilidade à oxidação é um parâmetro crítico que deve ser controlado periodicamente durante a produção e o armazenamento para evitar perdas econômicas, dado que o movimento do produto dentro das refinarias e a exposição ao oxigênio nas transferências e o bombeamento reduz o tempo de indução. Para garantir a estabilidade e qualidade do biodiesel é essencial o emprego do antioxidante: “Eles podem ser aplicados, na forma líquida – para facilitar o manuseio e a dosagem – na linha de produção, ao fluxo de saída do processo, em biodiesel acabado ou em um tanque de agitação leve ou recirculação por bomba. Um detalhe importante, proporcionam baixa viscosidade e estabilidade à baixa temperatura”.
De acordo com as normas brasileiras e internacionais, o biodiesel deve suportar oito horas sob condições extremas de temperatura no teste de Rancimat. Caso não haja esta estabilidade é imprescindível a aplicação do antioxidante. Várias iniciativas estão voltadas para criar um mercado sustentável em todas as esferas produtivas. De acordo com a NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, – a frota de ônibus urbano no Brasil é de aproximadamente 107 mil veículos. Se toda a frota utilizasse o B20, o Brasil deixaria de emitir 2 milhões de toneladas de CO2 por ano.
Além de preservar o meio o ambiente, tem se tornado uma fonte de geração de novos empregos e renda. De acordo com a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), somente nos primeiros quatro meses de 2018, foram criados mais de 23.500 mil empregos diretos no interior de São Paulo. Conforme a APROBIO, se as previsões de crescimento econômico e de maior uso de biodiesel forem mantidas no país, os investimentos no setor podem chegar a R$ 22 bilhões até 2030. Só no período entre 2016 e 2018, o biodiesel contribuiu com geração de R$ 90 bilhões em Produto Interno Bruto (PIB), mais de 200 mil empregos e evitou a emissão de 20,4 milhões de CO2 na atmosfera.
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