BRASIL PODERÁ DOBRAR PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL ATÉ 2030, COM IMPULSO DO PRÉ-SAL E DA REVITALIZAÇÃO DE MARLIM
Novos projetos offshore de petróleo e gás em desenvolvimento no Brasil devem aumentar a produção de gás nos próximos anos, juntamente com a participação acionária da produção detida pela Petrobrás. O aumento da produção será liderado pela expansão de grandes projetos de óleo e gás nas bacias de Santos e Campos e incluirá o projeto do pré-sal Búzios – operado pela estatal brasileira (89%) ao lado da dupla chinesa CNOOC (7,3%) e CNODC (3,6%) – que começará a comercializar o gás assim que uma planta de processamento onshore estiver concluída, no final de 2024. A revitalização de projetos do pós-sal, como Marlim, na Bacia de Campos, que no mês passado contou com a instalação de uma unidade flutuante de produção, armazenamento e descarga (FPSO), também ajudará a aumentar a produção de gás do país de 52 milhões de metros cúbicos por dia em 2022 para um potencial de 103 milhões de metros cúbicos por dia até 2030.
Uma análise da Rystad Energy mostra que todo o aumento da produção provavelmente será consumido no Brasil para atender à crescente demanda de gás dos setores industrial, de fertilizantes e de geração de energia, com preços que devem continuar acompanhando o gás natural liquefeito (GNL) como a fonte de gás mais cara. Com base nos projetos aprovados, prevemos que a participação da Petrobras na produção total de gás crescerá de 34 metros cúbicos por dia em 2022 para 59 metros cúbicos por dia até 2030. Se projetos prospectivos como Sergipe-Alagoas, Iara e novos FPSOs em Tupi também forem incluídos, o total de gás da Petrobras a produção dobraria de 34 milhões de metros cúbicos por dia em 2022 para 70 milhões de metros cúbicos por dia em 2030.
O desinvestimento de ativos maduros pela Petrobrás e a queda na produção reduziram sua participação acionária na produção total de gás do Brasil de 73% em 2018 para 66% em 2022. Apesar da expectativa de entrada em operação de novos ativos nos próximos anos, a participação da Petrobras é provavelmente permanecerá nos níveis de 2022 até 2030. Outras empresas do mercado, como Equinor, Repsol e Shell, aumentarão sua participação na produção, quase dobrando a produção total de gás no Brasil no mesmo período. Apesar da incerteza sobre o desempenho da produção dos projetos sancionados, cerca de 80% de nossos números estimados são baseados em ativos existentes e em desenvolvimento, o que indica que a produção total de gás no Brasil deve aumentar.
Espera-se que o crescimento da demanda de gás no Brasil seja impulsionado pelos setores industrial, de fertilizantes e de energia, que acreditamos consumirão toda a produção nacional e podem até precisar importar gás de outras fontes para atender à demanda. Até o final de 2030, o setor industrial precisará de 13 milhões de metros cúbicos por dia a mais de gás, com o setor de fertilizantes exigindo 4 milhões de metros cúbicos por dia adicionais e as termelétricas inflexíveis 21 milhões de metros cúbicos por dia a mais, ante os atuais 27 milhões de metros cúbicos por dia, 1,3 milhões de metros cúbicos por dia e 12 milhões de metros cúbicos por dia, respectivamente.
Atualmente, os preços do gás de diferentes fontes são negociados entre as distribuidoras locais e os usuários finais. Baseiam-se numa paridade de preços de importação de GNL com uma pequena variação entre fornecedores. Com a expectativa de que o Brasil continue sendo um importador de GNL, os preços domésticos provavelmente permanecerão estáveis e acompanharão os preços internacionais do GNL, que é a fonte disponível mais cara. No entanto, a adição de novos projetos upstream significa que os desenvolvedores podem estar dispostos a oferecer contratos de longo prazo mais competitivos em troca da segurança de ter um comprador garantido em acordos bilaterais.
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