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BRASILEIRO À FRENTE DA ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE OPERADORES NUCLEARES ATRIBUI MÉRITO À ELETRONUCLEAR

Por Paulo Hora (paulo.hora@petronoticias.com.br) –

pedro-figueiredoEleito chairman do Centro de Paris da World Association of Nuclear Operators (Associação Mundial de Operadores Nucleares) por dois anos, o diretor de Operação e Comercialização da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, atribui o mérito de ser o primeiro não europeu a ocupar a função ao reconhecimento da Eletronuclear e das usinas de Angra dos Reis. De acordo com Figueiredo, a associação é responsável pela padronização das operações de segurança nas usinas nucleares de todo o mundo, e tem reforçado o nível de suas avaliações nos últimos anos, ampliando o escopo até a engenharia da usinas após um incidente de Fukushima. Desde então, a execução das recomendações e inspeções é fiscalizada a cada quatro anos.

Como se dá a atuação da World Association of Nuclear Operators?

A ideia de se criar a Wano surgiu após o acidente de Chernobyl, em 1986, e foi concretizada em 1989. Percebeu-se a necessidade de uniformizar a atuação das indústrias e criar uma cultura de segurança, principalmente no leste europeu, onde havia maior falta de padrão. Hoje, todas as companhias de energia nuclear do mundo estão associadas à Wano para trocar experiências e organizar inspeções mútuas, de modo a ditar as normas de operação e todos os operadores se igualaram. O Centro de Coordenação fica em Londres e ainda há quatro centros regionais, que ficam nos Estados Unidos, na França, na Rússia e no Japão.

Qual será a sua função lá?

A minha eleição foi meio inusitada. Sou o primeiro não europeu a ocupar essa função de chairman, o que é motivo de orgulho, mas eu sei que não é pessoal, é um reconhecimento institucional da Eletronuclear. Meu mandato será à distância, coordenando daqui do Brasil mesmo.

O reator de Angra 3 será da França ou dos EUA? Como é feita a escolha do reator, já que o de Angra 1 é americano e o de Angra 2, europeu?

Angra 2 e Angra 3 são gêmeos, com adaptações tecnológicas feitas nesse intervalo de tempo, cujos reatores são alemães, frutos do acordo Brasil-Alemanha. Angra 1 foi uma época diferente, em 1960, quando a Westinghouse ganhou a concorrência.

No que o acidente de Fukushima mudou a atuação da Wano?

Depois de Fukushima, as análises da associação passaram a incluir a engenharia das usinas, fiscalizando a execução das recomendações e inspeções a cada quatro anos. Antes a participação era voluntária e hoje é praticamente obrigatória. Por ser uma organização não governamental, não há como a Wano aplicar sanções às empresas que não quiserem se associar, mas, na prática, o fato de não quererem ficar mal vistas pelo mercado faz com que todas prefiram fazer parte da associação.

Alguma coisa mudou na questão da segurança das operações nas usinas de Angra depois disso?

Não. A segurança das usinas de Angra dos Reis já era considerada Top 10 no cenário mundial. Por isso eu fui escolhido para ser chairman da Wano.

A diminuição dos investimentos em energia nuclear, sobretudo no Japão, que tem um centro que faz parte da associação, é algo discutido na Wano?

A Wano não trata exatamente disso. Mas, depois de mais de quatro anos parada, a indústria nuclear japonesa dá sinais de que se restabelecerá aos poucos, já que a situação econômica do país sem as usinas nucleares fica inviável.

E quanto à Alemanha? O que a associação pensa sobre a política energética do país, que tem deixado a fonte nuclear de lado?

Disso também a associação só trata nas entrelinhas. Os alemães investiram muito em eólicas, sendo que hoje essa fonte corresponde a 15% da matriz energética do país. De maneira alguma eu sou contra isso, pois é algo maravilhoso, mas não é o suficiente. Esse tipo de geração, sujeito a interrupções e de difícil armazenamento, tem que ser combinado com as fontes hidráulica e nuclear. Além disso, como a onda da geração da fonte eólica é diferente da das convencionais e, em grande quantidade, afeta a estrutura física dos geradores de grande porte, suspeita-se que isso tenha causado defeito no gerador de uma usina nuclear da Alemanha.

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