BRASILEIRO DESENVOLVE MÉTODO INÉDITO PARA REDUZIR CONSUMO DE ÁGUA EM ATÉ 90% NAS REFINARIAS
Técnico em construção naval no consórcio Rnest-Conest, com mais de 35 anos de experiência nos segmento de óleo e gás e supervisão de grandes obras de infraestrutura, Bernardino Nilton Nascimento é protagonista de um processo inédito de limpeza interna de sistemas de tubulação e testes hidrostáticos, que reduziu para apenas 2,5% o consumo de água no processo. Graças a ele, na Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, a utilização de água foi reduzida de 16 milhões de litros para apenas 400 mil litros. Bernardino conta que uma estimativa prevê que o processo pode reduzir o consumo de água na Rnest de 1 bilhão de litros para 25 milhões. Por isso, a sua metodologia tem sido internacionalmente reconhecida, sobretudo nos países com tradição no refino de petróleo, como Arábia Saudita, Alemanha e Estados Unidos, onde será premiado como o Primeiro Comissionamento com Sustentabilidade do Planeta, este mês. Bernardino conversou com o repórter Rafael Godinho e contou um pouco sobre a metodologia, que prevê a reutilização de materiais e pode ser utilizada em outras plantas, com redução de 70% a 90% do consumo de água.
Como lhe surgiu a ideia da nova metodologia?
Observando a enorme quantidade de água comprometida na limpeza de tubos, pensei como faria para minimizar esse impacto ao meio ambiente. Concebi um aprimoramento do jateamento abrasivo seco (Sponge-jet) para a superfície interior do tubo. Isso evita o uso de produtos químicos nocivos e economiza tempo, uma vez que o spool é jateado para aplicação do anticorrosivo já durante a fabricação. Após a montagem da tubulação, o teste hidrostático é realizado com água tratada por uma estação de tratamento de água (ETA) compacta, com posterior aplicação do produto anticorrosivo e, por fim, armazenados em reservatórios. O ferro e outros insolúveis oriundos da fabricação dos equipamentos são removidos durante a filtração. O efluente tratado é armazenado em tanques de 25m³ cada, para ser reutilizado depois. A água utilizada é tratada o tempo todo. A ETA também atua com sustentabilidade, por meio do aproveitamento de energia solar e da água da chuva. Já está sendo fabricado.
Existem outras pessoas envolvidas na idealização do projeto?
A ideia foi minha, porém gostaria de destacar muitas pessoas que realmente acreditaram na possibilidade e incentivaram o projeto de várias maneiras. Entre tantas pessoas, estão Marcelo Neves (Odebrecht), gerente de construção da UDA; Jorge Raimundo (OAS), gerente de comissionamento do Conest – UDA; Nelson Nascimento, Ricardo Ramos e Fernando Chist, da Petrobras… Mas a lista continua. Além disso, tive o suporte financeiro e a infraestrutura de diversas empresas, que foram fundamentais para a realização do projeto. A CHESTERTON, por exemplo, cedeu todos os materiais com 5 anos de garantia. Menos do que isso, gera-se resíduo e deixa de ser sustentável. Ao final de 5 anos, a empresa faz a reutilização do material. Então, não se economiza apenas água, mas os materiais também fazem parte de um projeto sustentável.
Seu projeto foi levado à Cúpula dos Povos do Rio+20?
Sim. O projeto chegou ao Itamaraty e depois foi para o Rio +20. Foi muito bem recebido. Hoje a notícia está sendo espalhada pelo mundo inteiro, principalmente na Arábia Saudita, Alemanha, Áustria, EUA, países interessados no processo por conta da sua tradição no refino. Este mês, o projeto será premiado nos Estados Unidos como o Primeiro Comissionamento com Sustentabilidade do Planeta.
Qual foi o tempo de elaboração do projeto?
O projeto levou cerca de um ano até ser finalizado, com início em janeiro de 2011. Teve todo um trabalho no Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), no Fundão, com grande atuação do consultor técnico Joaquim Pereira Quintela, da área de corrosão.
Qual a sua posição sobre as medidas do governo federal diante da preservação do meio ambiente?
É fato que os países emergentes têm que crescer. Por outro lado, temos também que proteger o meio ambiente para a nossa própria sobrevivência. Não é porque os países desenvolvidos tiveram atitudes erradas, que nós também vamos errar. Nesse sentido, há pequenas e grandes realizações da iniciativa privada, muito mais que do governo. As fundações estão tendo muito mais resultados, e por isso estão muito mais avançadas na questão da sustentabilidade. Mais do que salvar as florestas por causa dos EUA ou qualquer pressão internacional, por exemplo, devemos fazê-lo porque precisamos delas.
Ainda sobre a questão da sustentabilidade, qual a sua impressão sobre a Rio+20?
A Rio+20, na participação governamental, foi muito mais econômica do que de atitudes. Evidentemente, os erros do passado já passaram, temos que salvar a partir de agora, lutando para não cometer os mesmos equívocos.
O que você espera do seu projeto no futuro?
Esse projeto é ainda bebê, está sendo cuidado para que seja adulto. Para isso acontecer, precisa do apoio das empresas. Há pessoas que até se emocionam com a saída tecnológica que encontramos para evitar tanto desperdício de recursos naturais. Mas as ideias estão no ar. Torço para que haja iniciativas cada vez melhores, que reduzam ainda mais o consumo de água no comissionamento. Desejo que os estaleiros, por exemplo, sejam sustentáveis, assim como as refinarias. Temos que fazer com que a construção das refinarias seja mais rápida e leve. Temos que perder um pouco mais de tempo no estudo, para ganhar na produtividade, como inclusive tem sido feito em países em maior tradição tecnológica. Hoje em dia não temos mais a necessidade de cometer erros fatais. O Brasil é um país promissor, em que estamos vendo ares de maior desenvolvimento.
É o 1º. Comissionamento com Sustentabilidade do mundo: inovação brasileira diante a realidade de uma região de escassez de água e uma atividade de alto consumo de água: limpeza de tubulações e testes hidrostásticos nas refinarias. Poupar 90% da água que seria utilizada é uma revolução!
Acompanhei de perto o trabalho desenvolvido pelo Bernardino, e percebi o quanto ele perseverou para que esse projeto fosse adiante. A preocupação com o meio ambiente é latente, além disso promoveu otimização nos processos de limpeza e tratameto das superficie interna das tubulações. Grande Feito!
O comentário abaixo é de um colega de trabalho e achei interessante a sua colocação:
A idéia é interessante, mas ficou faltando a análise do custo/benefício. Indubitavelmente, há a economia de água, mas qual foi o custo em horas a mais de montagem? Qual foi o investimento na estação e qual o seu custo operacional?
Quando se trata de custo, não estou autorizado a torná-lo publico, porém as boas ações aprovadas pelas empresas sempre vem por trás de bons resultados em relação ao custo final. Sobre a produtividade, estamos limpando conforme os spools vão ficando prontos. Isso já é um ganho grande, pois não precisa terminar um sistema para fazer a limpeza da linha. Termina a montagem, termina a limpeza.
Quem é a Empresa que fornece a tecnologia Sponge-Jet e Chesterton no Norte e Nordeste do Brasil?
Caro João,
A empresa é a Expanjet Global.
Att,
Excelente oportunidade de estar participando deste novo metodo de limpeza, onde deixamos de usar produtos quimicos bem como recursos naturais escassos.
Congratulação aos amigos que são vitoriosos em projtos desta natureza.
Acreditamos em Reuso e trabalhamos com esta causa a quase trinta anos.
Nos colocamos a disposição em auxiliar nestas demanda.
Temos projetos similares em circuitos de águas geladas.
Atenciosamente.
Gilberto.
Gilberto,
Estamos em Santa Catarina – Itajaí
Caso tenhas interesse em conhecer melhor a Tecnologia Sponge Jet™, favor entrar em contato – 47 – 3246 4220 ou 47 – 7811 2966
ildo
Sou Engenheiro Ambiental e ao ter a oportunidade de conhecer a tecnologia Sponge-Jet por meio da Expanjet Global pude verificar o excelente grau de limpeza SA 3 (metal branco) que ela gera com reduzida emissão de resíduos. Parabéns pela iniciativa!
Levando em consideração que a economia trata da alocação dos recursos escassos, e sendo a água um recurso escasso, a notícia é muito boa.
Parabéns!!! Pessoas como ele e projetos como esse deveriam ser muito, mas muito valorizados!!!A sustentabilidade é possível se valorizarmos exemplos assim!
Essa inovação é de uma importância extraordinária o cultivo das experiências adquirida ao longo de sua vida é que o posiciona agora, porem devo resaltar que o apoio é muito importante e o que falta para nos brasileiros não são as ideias e nem as atitudes, o que falta e o apoio de governantes e estatais que precisão acreditar mais no povo brasileiro………. Bernardino parabéns pela sua ideia e principalmente pelo seu despertar dos dirigentes desta nação. PS Arakem