BUROCRACIA DA CNEN AFETA OBRAS CIVIS DE ANGRA 3 | Petronotícias




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BUROCRACIA DA CNEN AFETA OBRAS CIVIS DE ANGRA 3

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

A Eletronuclear já precisou rever algumas vezes o cronograma da construção da usina de Angra 3, que atualmente está prevista para entrar em operação em 23 de maio de 2018. Ora afetada por problemas criados por concorrentes do processo de licitação da montagem eletromecânica, ora pela mudança do projeto de instrumentação e controle, que passou de analógico para digital. No entanto, as obras civis também foram afetadas por outro fator, como conta o superintendente de construção da Eletronuclear, José Eduardo Costa Mattos. Ele explica que os maiores desafios da obra até agora têm sido as liberações para concretagem por parte da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que deixou de atender aos prazos da estatal várias vezes, gerando alguns atrasos. Apesar dos contratempos, as obras civis da usina, cuja capacidade será de 1.405 MW, já atingiram cerca de 45% de conclusão, com cerca de 2,5 mil funcionários em atividade. Até o fim de 2014, este número pode chegar a 6 mil trabalhadores, de acordo com o executivo.

Em que fase está a construção da usina?

Estamos com cerca de 45% das obras civis já realizadas e entramos na fase de preparação final para iniciar os trabalhos de montagem. O TCU fez alguns questionamentos [em relação à licitação de montagem eletromecânica], já foram enviadas as respostas, e agora eles estão analisando.

O atraso da licitação de montagem pode afetar o andamento das obras civis?

Naturalmente que um pouco mais à frente necessitaremos de alguns componentes da montagem para poder prosseguir, mas no estágio atual e nos próximos seis meses não há problema de interferência na construção civil. Depois disso haverá atividades que necessitarão dos montadores, mas estamos contando que até o fim do ano esse assunto esteja resolvido.

Quais têm sido os maiores desafios da obra?

Estamos na construção civil, então os maiores desafios têm sido as liberações para concretagem por parte do órgão licenciador [Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN]. Temos também desafios de interfaces que precisam ser administradas pela Eletronuclear, em função do grande número de frentes envolvidas na construção da usina.

Quais têm sido os problemas com a CNEN?

O licenciamento não tem sido concedido nos prazos em que a Eletronuclear precisava, então isso tem causado alguns atrasos no prosseguimento das obras civis.

Aconteceu mais de uma vez?

Várias vezes. É um processo que acaba tendo certa continuidade.

Além do licenciamento, quais são os outros desafios?

Tem uma grande densidade de armação e de embutidos envolvidos, então requer cuidados especiais. É uma construção que demanda altos controles de qualidade e especificações detalhadas, além da rastreabilidade de todos os materiais nos prédios nucleares, então é bastante diferente das obras normais que vemos no dia a dia. Por isso é necessária uma grande gama de técnicos profissionais de alta qualificação.

Como vê a mão de obra qualificada no setor nuclear brasileiro?

Em relação à área nuclear especificamente, não posso dizer, mas em relação à construção civil, vai mal. A qualificação é baixa, ruim, mal treinada… há uma perda considerável de qualidade em relação ao que tínhamos na época da construção de Angra 2. Falta treinamento. Tanto que a Andrade Gutierrez, que faz parte da construção civil da usina, teve que montar diversos cursos e treinamentos para dar seguimento às obras.

Qual o índice de nacionalização da usina?

A construção civil é 100% nacional. Já em relação à construção total, envolvendo desde o projeto até a montagem eletromecânica, não sei dizer. É um dado de que não disponho.

Quantos homens estão trabalhando na construção atualmente?

Hoje temos cerca de 2,5 mil homens, sendo que esse número vai aumentar consideravelmente com o início da montagem eletromecânica. No final de 2014 devemos chegar a um total de 5 mil a 6 mil pessoas no canteiro de obras.

Qual o planejamento atual de conclusão das obras civis?

As obras civis vão sendo transformadas da fase estrutural na fase de acabamento, que ocorre junto com a montagem, então deve ir até próximo do fim da montagem. Hoje nosso cronograma de entrada em operação é 23 de maio de 2018. 

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