CAMARGO CORRÊA DIZ TER VIRADO A PÁGINA DA CORRUPÇÃO E CRITICA FALTA DE PLANEJAMENTO NO PAÍS
A Camargo Corrêa saiu do silêncio que as grandes empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato vinham mantendo e, já na linha de frente dos acordos de leniência, agora passou também a dar detalhes de como pretende seguir daqui para a frente, após o pagamento de R$ 804 milhões em multas para o Ministério Público Federal e para o Cade, além da contratação de novos executivos e mudanças internas.
O presidente do conselho de administração do grupo Camargo Corrêa, Vitor Hallack (foto), afirmou, em entrevista à imprensa brasileira, que não aceitarão mais participar de esquemas como os do passado, mas que manterão os negócios com a administração pública. Na visão do executivo, o fortalecimento das instituições nacionais, os desdobramentos da Operação Lava Jato e as exigências dos investidores levarão a mudanças significativas na forma de trabalhar.
“Coisas toleradas no passado não são mais aceitas, como relações espúrias e falta de transparência”, afirmou, explicando que todos querem mais transparência nas regras e nos negócios, além de ressaltar que, se o modelo de negociação com propinas não mudar, aí sim sairão do mercado de projetos públicos.
Para ele, um problema importante que precisa ser sanado é a falta de planejamento e a falta de projetos bem desenvolvidos: “as obras começavam apenas com o projeto básico, com agendas políticas ao invés de econômicas. Isso leva o projeto a sofrer atrasos e àquilo que se vê como aditivos desnecessários”, disse.
O grupo Camargo Corrêa como um todo prevê faturar cerca de R$ 27,6 bilhões neste ano, sendo que a construtora deverá ter uma queda de 30% na receita, para R$ 4,2 bilhões. A dívida líquida do conglomerado atualmente encontra-se na faixa de R$ 24 bilhões, mas o executivo vem buscando formas de equacioná-la, com a venda de ativos – como uma participação minoritária na Intercement e o controle da Alpargatas – e a renegociação de crédito junto aos bancos.
A população brasileira espera que essa posição da empresa seja definitiva e que nunca mais se envolva no atendimento dos anseios políticos, e não econômicos. Que também pratique seus negócios com seriedade e profissionalismo, porque uma empresa do seu porte não precisa de valer de práticas escusas.