CAMARGO CORRÊA FAZ NOVO ACORDO E IRÁ DEVOLVER R$ 700 MILHÕES POR CRIMES DE CARTEL E CORRUPÇÃO

As negociações com empresas investigadas pela Operação Lava-Jato começam a trazer boas notícias às estatais brasileiras. A Camargo Corrêa assinou um novo acordo de leniência por meio do qual irá devolver R$ 700 milhões à Petrobrás, à Eletrobrás e à Eletronuclear, companhias que sofreram com crimes de corrupção e cartel por parte da construtora. O acordo para o ressarcimento foi definido nesta semana com procuradores atuantes na operação e advogados da empresa, que já teve três de seus executivos condenados nas investigações e é acusada de efetuar pagamento de propinas para operar em obras, como a da usina de Angra 3 e a da refinaria Abreu e Lima.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, as negociações foram conduzidas pelo procurador Carlos Fernando de Lima e o advogado da Camargo, Celso Vilardi (foto). Com o pagamento milionário, outros funcionários da empresa que poderiam vir a ser acusados recebem imunidade na operação. Os crimes da companhia vêm ganhando maior clareza conforme os detalhes dos esquemas são revelados por seus três delatores, que confessaram o pagamento de suborno e formação de cartel.

Entre os delatores está o ex-presidente da empreiteira, Dalton Avancini. Segundo ele, a propina paga pela empresa chegou a R$ 110 milhões nas obras da refinaria da Petrobrás, em Pernambuco. Nas obras de Belo Monte, por sua vez, o valor chegou a R$ 20 milhões. De acordo com o executivo, a companhia atuou em cartel na construção de Angra 3, mas não chegou a efetuar o repasse dos pagamentos.

Em acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Camargo Corrêa se comprometeu a implantar um sistema de controle interno na empresa, para detectar e prevenir a prática de atividades ilícitas. A implementação do novo sistema deverá ser monitorada por procuradores da operação.