CASA DOS VENTOS PLANEJA EXPANDIR PROJETOS EÓLICOS NO BRASIL

Por Paulo Hora (paulo.hora@petronoticias.com.br) –

Responsável pelas maiores tarifas do Leilão A-3, com o projeto Complexo Ventos de São Clemente, a Casa dos Ventos foca na expansão das áreas em que já tem parques em construção. De acordo com o diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, o objetivo da companhia no médio prazo é gerar economias de escala durante, para gerar competitividade e valor para novos parques. “Estamos realizando campanhas exploratórias e identificando algumas oportunidades no sudeste e centro-oeste do país”, disse.

Localizado no município de Caetés, em Pernambuco, o Complexo Ventos de São Clemente é a expansão do Complexo Ventos de Santa Brígida, que está em fase de construção, está distribuído em oito parques.

O projeto Ventos de São Clemente é só de vocês ou há outras empresas formando um consórcio?

Estamos analisando oportunidades de parcerias que, eventualmente, tragam complementaridade e gerem valor aos empreendimentos. O Complexo Santa Brígida encontra-se atualmente em fase de construção, com as máquinas já sendo entregues no local. A implantação da segunda fase do nosso complexo eólico faz da região um dos novos pólos de energia eólica no Brasil.

Quando o complexo São Clemente  irá entrar em operação?

O Complexo Ventos de São Clemente entrará em operação em janeiro de 2017. Nossa tarifa no A-3 foi R$ 135,00/MW. Devido à alta complementaridade dos nossos projetos com a matriz, fomos a empresa com as maiores tarifas do leilão, algo que torna o retorno desses empreendimentos acima da média do mercado.

Que outros projetos eólicos a Casa dos Ventos já desenvolveu ou está desenvolvendo?

A Casa dos Ventos desenvolve inúmeros projetos de referência em qualidade do recurso eólico e de reduzida incerteza na geração. Entre projetos exclusivos e parcerias com terceiros, a empresa desenvolveu cerca de 30% de toda a capacidade instalada que comercializou energia nos leilões destinados à fonte eólica.

Além da presença relevante nos leilões de ambiente regulado, a empresa desenvolveu diversos projetos que comercializaram energia no mercado livre, totalizando uma capacidade de mais de 4 mil MW em implantação ou operação.

A Casa dos Ventos seguirá participando de leilões de energia com o objetivo de manter nossa presença relevante. Para o próximo A-5, a empresa cadastrou 119 empreendimentos em quatro estados, que totalizam aproximadamente 3.300 MW de capacidade instalada.

Quais são os próximos projetos?

Em relação a projetos futuros, como focamos no desenvolvimento de grandes complexos eólicos, a ideia é expandirmos essas áreas onde já temos parques em construção. Isso nos trará sinergias no processo de implantação das usinas, bem como economias de escala durante a operação e manutenção delas, algo que gera competitividade e, consequentemente, valor para os novos parques.

Como vocês avaliam as atuais condições do mercado brasileiro para o segmento de energia eólica? As expectativas já foram melhores?

Temos boas perspectivas em relação à energia eólica no país. O momento que estamos vivendo reflete a imensa oportunidade que possuímos para inserir a geração eólica em nossa matriz energética. Em um país com alta concentração em geração hidráulica e com um regime de ventos mais intenso nos períodos secos, a inserção da energia eólica traz uma forte complementaridade que se reflete em segurança energética. Dito isso, acreditamos que do ponto de vista sistêmico, essa diversificação de fonte e complementaridade de geração tornam o crescimento eólico inexorável, sem mencionar os benefícios ambientais em relação às demais fontes.

O governo deveria incentivar mais o setor?

O setor tem passado por um processo de amadurecimento interessante e em diversas áreas. Ao longo desse processo evolutivo, houve mudanças regulatórias, como a transferência da responsabilidade de conexão para os geradores e uma maior exigência nas estimativas de produção da energia a ser comercializada. Também presenciamos mudanças na estrutura de financiamento do BNDES, que atualizou o método de exigência do conteúdo nacional, demandando maior comprometimento por parte dos fabricantes. Do ponto de vista de incentivos, temos os mesmos das demais fontes incentivadas e a manutenção desse quadro é relevante para continuarmos inserindo uma fonte complementar, de baixo custo e ambientalmente responsável na matriz brasileira.

As regras de conteúdo local aumentam o custo final dos projetos eólicos de vocês?

Essa iniciativa visa a estimular o desenvolvimento da cadeia produtiva no Brasil. A exigência do BNDES, que alguns componentes sejam fabricados no Brasil, eventualmente aumenta determinados custos, porém quando você considera as condições desse financiamento, essa ainda é a melhor alternativa para a maioria dos investidores.