CASTELLO BRANCO DESAFIA O PRESIDENTE BOLSONARO E AUTORIZA MAIS 5% NOS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS 11 DIAS DEPOIS DO ÚLTIMO AUMENTO

No melhor estilo Walking Dead, o Presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, quer dar provas que ainda continua dando as ordens no terreiro e autorizou hoje (1º) um novo reajuste nos preços dos combustíveis: haverá um novo aumento nos preços da gasolina, diesel e Gás de cozinha a partir de amanhã (2). O preço médio da gasolina para as distribuidoras passará a ser de R$ 2,60 por litro, refletindo um aumento de R$ 0,12 por litro, ou 4,8%. É o quinto reajuste em menos de 60 dias. Desde janeiro, o combustível acumula um aumento de 41,3%. Esses aumentos também tiveram a participação da diretoria da empresa e do Conselho de Administração, incluindo aí os membros indicados pela União, que serão todos substituídos.

Nesta decisão está embutido uma série de significados. O primeiro deles é o claro e completo desrespeito a decisão do Presidente da República, Jair Bolsonaro, que pediu previsibilidade aos reajustes. O segundo é auto-afirmação de poder. Enquanto tiver mandato, a mensagem é “Quem manda aqui sou eu.” O terceiro é a comprovação de que o governo realmente não interferiu e nem está interferindo na política de preços da companhia. E há também a visão de se ter um presidente indesejável na empresa estatal, que pode fazer um estrago na imagem do governo nos últimos 19 dias que ainda lhes restam à frente da companhia, como vingança de ter sido exposto publicamente ao ter revelado seus ganhos mensais em torno de R$ 400 mil, mais o jatinho, o helicóptero, carros, seguranças, cartões corporativos à disposição, pagos pela companhia, sem sair de casa há um mês.

A intenção de Castello Branco  parece ser esta, tendo a “responsabilidade” de seguir as regras de preços estabelecidas por ele mesmo. Pelo que se desenha no rascunho, a estratégia é fazer o governo sangrar até o dia 20 de março, quando termina o seu mandato. Se Bolsonaro vetar o aumento, o ônus para o mercado será do presidente. A ética é um elixir raríssimo, disponível para alguns poucos. A falta dela proporciona atitudes assim. Em nome do que se defende ou para quem se protege com vantagens, passa-se por cima de qualquer coisa. Até do próprio constrangimento de se estar num lugar onde não o querem, mas insiste em ficar. Parece um peixe no terceiro dia fora da geladeira. Alguns tem dificuldades de compreender o óbvio.

Os preços médios do diesel e da gasolina subirão em 5% a partir de terça-feira. Para o diesel, o preço passará a ser de R$2,71 por litro, refletindo um aumento médio de R$0,13 por litro, alta de 5,0%. Já o preço médio de venda de GLP da Petrobrás para as distribuidoras passará a ser de R$3,05 por kg (equivalente à R$39,69 por 13kg), refletindo um aumento médio de R$0,15 por kg (equivalente à R$1,90 por 13kg). O reajuste dos preços médios do GLP representam uma alta de 5%.

Para lembrar, o reajuste anterior foi anunciado há 11dias e desencadeou a demissão de Castello Branco. O presidente da República já escolheu o General Joaquim Silva e Luna para substituí-lo,  mas indicação espera a aprovação do Conselho da Petrobrás. A empresa diz que  os preços praticados pela empresa têm como referência os preços de paridade de importação e, dessa maneira, acompanham as variações do valor do produto no mercado internacional e da taxa de câmbio, para cima e para baixo. Na sexta-feira, o Brent caiu 2,5%. Agora, na Bolsa de Mercadorias de Nova York, o barril  está cotado em US$ 62,11.