POR FALTA DE COMPETITIVIDADE, CEO DA TOTAL DIZ QUE SÓ DEVE FAZER CONTRATAÇÃO NO BRASIL NA ÁREA DE INOVAÇÃO
Em sua participação no webinar da FGV Energia, o CEO da Total, Philippe Blanchard, foi o primeiro a jogar um balde de água fria nas pretensões de 90% da cadeia de fornecedores brasileiros, que sobreviveram a duras penas a crise instalada pela Lava Jato, e continuam submersos no mar de problemas provocados pela pandemia. Depois de agradecer o convite, Blanchard falou por seis minutos. Vamos saber o que de mais importante falou:
“Não vou falar muito, mas quero dizer duas coisas. A primeira é que na última crise de 2014 a 2017, nós saímos daqui com muito trabalho e com um breakeven muito melhor. Nós melhoramos muito esse breakeven que estava a 100 dólares por barril e saímos daqui com 30 dólares por barril. Ao mesmo tempo, saímos com um balanço patrimonial melhor do que o balanço de 2014/2015. Esses pontos vão nos ajudar porque estamos enfrentando uma crise nova.
Acho que as lições que aprendemos vão nos ajudar de novo. O nosso CEO, naquele tempo, estava falando em quatro palavras. A primeira é a segurança dos trabalhadores, que é nosso primeiro foco e, ao mesmo tempo, o meio ambiente – que hoje é uma ilustração da mudança da evolução da sociedade e para sermos aceitos precisamos melhor o impacto junto a sociedade e o meio ambiente. Esse é o primeiro foco. O segundo é a excelência operacional. Isso significa que nós temos a capacidade para todos os projetos que já começamos e [para] fecharmos esses projetos dentro da hora prevista e dentro do orçamento inicial. Se conseguirmos fazer isso, vamos criar valor e renda para os países onde estamos trabalhando.
A terceira palavra é a redução dos custos. Vimos nos meses de março e abril o preço do barril de petróleo muito baixo. Temos a capacidade de controlar nossos custos e precisamos reduzir os nossos custos para manter a nossa produtividade. E o quarto assunto é o fluxo de caixa. Ao fim do dia, [o que importa] é o fluxo de caixa. Nossa excelência operacional, o nosso compromisso com o ambiente, a segurança dos trabalhadores e a redução dos custos vai melhorar o fluxo do caixa. Esse é o primeiro foco ao fim do dia.
Esse foi jeito de agirmos e acho que será o mesmo jeito que agiremos. Aqui para o Brasil, quero falar de duas coisas: A primeira é a competitividade do Brasil. Hoje, uma empresa como a Total está trabalhando dentro de muitos países. E em todos os projetos fazem parte de uma competição interna. Se o Brasil não tem esta competitividade, não vamos conseguir validar os nossos projetos aqui.
A competitividade [é alcançada] por mais ou menos duas coisas, aqui no Brasil, em áreas de águas profundas. A primeira é a área de inovação. Com inovação, vamos conseguir reduzir nossos custos, melhorar a nossa segurança e melhorar o impacto no meio ambiente. A inovação é importante. Aqui no Brasil nós temos a oportunidade de fazer a inovação. Com ela, vamos conseguir reduzir o nossos custos, melhorar a segurança e também melhorar o impacto no meio ambiente.
A segunda parte é a simplificação. Eu aprendi a palavra desburocratização, mas realmente precisamos simplificar os processos. Nós vamos baixar os nossos custos. Aqui no Brasil, a competitividade significa inovação e simplificação. Isso vai ser nossa base aqui no Brasil para os nossos projetos.”
– A forma de contração da demanda causada pela Covid-19 foi exacerbada? Como a Total está reagindo e como essa será reação aqui no Brasil ?
“Eu acho que já respondi isso no comentário anterior. Trago guardadas as quatro palavras no meu CEO, que acabei de abordar. Isso vai ser o mesmo aqui no Brasil. Nós somos os operadores no Campo de Lapa e temos um programa de perfuração que vai acabar dentro de mais alguns dias. Isso vai acabar de uma forma normal. Nós temos parceiros em outros blocos onde há desenvolvimentos muitos importante. Isso [se referindo aos projetos em desenvolvimento] já foi validado e não vai mudar. Quando você tem um desenvolvimento em curso, o melhor é fechá-lo e conseguir fazer tudo dentro do cronograma e orçamento iniciais.
Nós estamos trabalhando com as operadoras e outros parceiros progredindo de uma maneira normal dentro desses desenvolvimentos. Acho que isso vai continuar e vai contribuir para excelência operacional.
Na área de redução, nós temos projetos que ainda não foram validados e isso nos dá um pouco de flexibilidade, que será usada para manter um nível mais baixo, do que foi inicialmente planejado, dos nossos investimentos aqui no Brasil em águas profundas para o ano 2020 e 2021. Enquanto o preço estiver crescendo um pouco mais, vamos aumentar novamente os investimentos. Mas o nosso compromisso pelo Brasil não muda. Temos os ativos que são ótimos, que tem valor. Para os projetos que não foram validados, vamos reduzir a velocidade desses investimentos e tentar passar por esse tempo difícil. Porque no fim do dia, precisamos muito do nosso fluxo de caixa.
E também, pelo Brasil, a Total não tem apenas a parte de óleo e gás, mas temos um negócio das energias renováveis. E também em distribuição. Ainda estamos pequenos quando fazemos a comparação com a Raízen, Ipiranga e BR. Mas temos esse negócio e isso faz parte do compromisso com Brasil. Queremos desenvolver essa parte importante dos nossos negócios e esse compromisso vai ficar. Mas precisamos manter uma capacidade aqui no Brasil e para isso precisamos manter o nosso fluxo de caixa e por isso vamos reduzir nossos investimentos em 2020 e 2021 para aumentá-los depois”.
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