CEO DA TRADENER REVELA PLANOS PARA DOBRAR VOLUME DE VENDA DE ENERGIA E AVALIA AQUISIÇÃO DE ATIVOS
Os tempos são de mudanças e expansão na comercializadora de energia paranaense Tradener. A companhia comemorou recentemente, em maio, a marca de 1GW de energia contratada em um único mês. É um volume que seria capaz de iluminar uma cidade de médio porte, como Campinas ou Garulhos, em São Paulo, por um mês inteiro. Agora, a empresa olha para o horizonte em busca de novas conquistas. É o que afirma o CEO da Tradener, Guilherme Avila, nosso entrevistado desta segunda-feira (24). “Dentro do nosso plano de longo prazo, de cinco anos, a nossa meta é dobrar de tamanho em energia vendida para o consumidor final, chegando a 2 GW. Esse é o nosso foco”, contou. O executivo lembra ainda que a companhia possui parques eólicos e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e agora avalia a aquisição de novos ativos. “Ao longo dos anos, construímos um portfólio de contratos de compra de energia de diversas fontes. Por outro lado, também construímos um portfólio de mais de mil clientes, que consomem energia de diversas formas. Já temos 25 anos de mercado e pretendemos continuar firmes pelos próximos 25 anos”, acrescentou. Avila avalia também o momento do mercado livre de energia e comenta sobre o processo de sucessão dentro da Tradener. “Estamos, portanto, avançando na estruturação da governança corporativa da empresa e, quem sabe, quando a oportunidade surgir, possamos alçar voos ainda maiores”, concluiu.
Para começar nossa entrevista, poderia comentar sobre o marco alcançado em maio pela empresa?
A Tradener fechou o mês de maio com um marco de desempenho. Nossas vendas atingiram um total de energia contratada de 1.016,495 MWm, o que equivale a 1 GWm de energia contratada em um único mês.
Iniciamos um planejamento estratégico no final de 2021, colocando o consumidor no centro das nossas decisões. Nosso objetivo é contratar energia em contratos de longo prazo a preços sustentáveis, para poder entregar essa energia ao consumidor a preços atraentes e de forma segura.
Como a Tradener gerencia a discrepância natural entre os interesses dos geradores e dos consumidores?
O gerador quer vender sua energia pelo maior prazo possível e pelo maior preço possível. Do outro lado, temos o consumidor que quer comprar energia conforme seu consumo, pelo menor preço possível e por um prazo bem menor que o do gerador. Existe, portanto, uma discrepância natural entre os interesses do gerador e do consumidor. É justamente aí que atuamos, criando uma carteira grande de contratos de compra de diversas fontes, que têm uma oscilação na margem, e construindo uma carteira grande de clientes e compradores de diversas indústrias em quase todos os estados do Brasil. Fazemos a gestão dessa margem de forma segura, buscando sempre comprar energia por um preço que acreditamos que o consumidor pode pagar.
Ao seu ver, ao que se deve o crescimento da base de consumidores da Tradener?
Acredito que estamos conseguindo ampliar nossa base de consumidores porque geramos economia e agregamos valor. Estamos buscando cada vez mais uma proximidade com os consumidores, e isso está proporcionando esse crescimento.
Qual sua avaliação sobre a abertura do mercado livre de energia no Brasil?
Acho que a abertura do mercado tem sido feita de forma bastante gradual, mas poderia ter sido mais rápida. Existe um amadurecimento natural de todos os agentes envolvidos. No começo, não existiam contratos de uso do sistema de transmissão ou distribuição, por exemplo. Hoje, esses contratos são triviais, assim como os contratos de compra e venda de energia.
No entanto, hoje ainda existem exigências de documentos dos consumidores, que talvez poderiam ser realizadas de forma mais otimizada. Além disso, há a necessidade de todos os consumidores livres do Brasil serem agentes da CCEE e abrirem uma conta específica na agência Trianon do Bradesco. São burocracias que poderiam ser simplificadas, deixando apenas as distribuidoras e comercializadoras como agentes da CCEE. Em paralelo, a medição continuaria sendo feita pela distribuidora. Esse controle poderia ser simplificado, ao meu ver, mas esses foram rumos que o mercado adotou ao longo dos anos e reverter essas decisões agora exigiria um esforço muito maior. Ainda assim, acredito que o mercado está avançando bem.
Como você vê o futuro do mercado livre de energia no Brasil?
Tivemos um grande avanço com a publicação da portaria do Ministério de Minas e Energia que permitiu, a partir do início deste ano, a migração de todos os consumidores do grupo A para o mercado livre. Agora, a CCEE está fazendo um esforço para tornar esse processo de migração mais digital. É uma realidade que não tem volta, até porque o consumidor tem grande vantagem ao migrar para o mercado livre.
Mesmo os consumidores de baixa tensão do grupo B, que hoje estão indo para a geração distribuída (GD), teriam uma economia muito maior se pudessem estar no mercado livre. Mas hoje essa classe de consumidor ainda não pode fazer a migração, porque existe uma preocupação do regulador sobre como reequilibrar os vários subsídios que o setor implantou ao longo dos últimos 30 anos, e que realmente precisam de atenção para evitar um desarranjo completo.
Quais são as metas de longo prazo da Tradener para o mercado de energia?
Dentro do nosso plano de longo prazo, de cinco anos, a nossa meta é dobrar de tamanho em energia vendida para o consumidor final, chegando a 2 GW. Esse é o nosso foco. Existe um excedente de energia comercializável no Brasil devido à descotização das usinas da Eletrobras e à entrada da geração distribuída, que acabou suprimindo um pouco o consumo percebido pelas distribuidoras, deixando também um excedente de energia nas distribuidoras.
A Tradener tem também investimentos importantes em geração. Temos alguns parques eólicos e algumas PCHs e estamos avaliando a aquisição de novos ativos. Nosso plano de longo prazo é nos tornarmos um agente setorial perene, com ativos de geração e uma grande carteira de clientes. Fomos a primeira comercializadora no Brasil. Ao longo dos anos, construímos um portfólio de contratos de compra de energia de diversas fontes. Por outro lado, também construímos um portfólio de mais de mil clientes, que consomem energia de diversas formas. Já temos 25 anos de mercado e pretendemos continuar firmes pelos próximos 25 anos.
Existem outras novidades que a empresa pretende apresentar ao mercado?
Estamos realizando uma sucessão na Tradener. Estou assumindo como CEO, enquanto o Walfrido Avila (foto à esquerda), meu pai, será o presidente do conselho. Estamos implantando uma governança mais profissional na empresa. Teremos um conselho de administração com membros independentes. Estamos, portanto, avançando na estruturação da governança corporativa da empresa e, quem sabe, quando a oportunidade surgir, possamos alçar voos ainda maiores.
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