CERVERÓ DEFENDE COMPRA DE PASADENA E DIZ QUE DILMA NÃO FOI A ÚNICA RESPONSÁVEL PELA DECISÃO
Em depoimento à CPI que investiga irregularidades na Petrobrás, no Senado, o ex-diretor da área Internacional da estatal Nestor Cerveró (foto) reiterou a afirmação de Sérgio Gabrielli, ex-presidente da companhia, de que o planejamento estratégico apontava para a necessidade da compra de uma refinaria fora do Brasil. Segundo o executivo, com a crescente produção de petróleo pesado na Bacia de Campos e o crescimento do mercado americano, o plano era expandir as atividades de refino no exterior.
Assim como Sérgio Gabrielli, Nestor Cerveró, isentou Dilma Rousseff de responsabilidade pela decisão de compra da refinaria de Pasadena. Em 2006, a atual presidente do Brasil era ministra da Casa Civil e estava à frente do Conselho de Administração da Petrobrás. “Dilma não foi a responsável, visto que as decisões do Conselho são colegiadas e geralmente aprovadas por unanimidade. Todos nós somos responsáveis pela compra que, aliás, foi uma decisão acertada”, explicou. Depois das denúncias de que o negócio deu grande prejuízo à estatal, Dilma classificou o documento como “carente de informações” e “juridicamente falho”.
O ex-diretor também citou o fator geográfico para justificar a aquisição de Pasadena, que, próxima a Houston e ao Golfo do México, se encontra em uma posição considerada estratégica. Cerveró negou que a refinaria fosse “sucata” quando foi adquirida pela Petrobrás, em 2006, e disse que valores revelados pela imprensa acerca do investimento da Astra Oil, antiga parceira no projeto, são equivocados. “O valor pago pela Astra Oil foi muito explorado pela mídia. Mas não foram US$ 48 milhões. A Astra teve que investir nessa unidade e para colocá-la em operação gastou US$ 360 milhões”, justificou. Ele explicou que Pasadena pertencia a uma empresa americana tradicional na área de refino, mas que havia sérios problemas administrativos, trabalhistas e ambientais. “A Astra aproveitou a oportunidade, negociou, resolveu os problemas trabalhistas e ambientais, e ainda teve que investir numa unidade de processamento de gasolina para atender requisito de qualidade do mercado americano”, explicou. A respeito das cláusulas Marlim e Put Option, o ex-diretor afirmou que, mesmo que elas estivessem no resumo apresentado ao Conselho de Administração, o negócio teria sido fechado.
Autor do relatório que serviu de base para que o Conselho Administrativo autorizasse a compra de Pasadena, em 2006, o ex-diretor é a segunda pessoa a ser ouvida pela CPI que investiga denúncias de irregularidades na Petrobrás. O primeiro a depor foi o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli e a próxima, na terça-feira (27), será Graça Foster, atual mandatária.
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