CHEMTECH DESENVOLVE NOVAS TECNOLOGIAS PARA PRODUÇÃO EM GRANDES PROFUNDIDADES
Por Daniel Fraiha / Petronotícias
Automatizar atividades que possam pesar nos custos. Esse é o mantra que tem sido constante no imaginário dos que desenvolvem novas tecnologias para exploração e produção de petróleo. A meta é ainda mais presente quando se fala de grandes profundidades, especialmente em referência ao pré-sal, já que as distâncias entre plataformas e solo submarino tendem a ser grandes desafios em termos de riscos e custos. A Chemtech/Siemens percebeu isso há algum tempo e vem se empenhando nessa corrida por novas tecnologias.
A empresa está com um projeto inovador, o Sistema Hidroacústico para Acionamentos Remotos (SHAR), para acionar válvulas e manifolds sem fio (wireless), que permitirá um controle maior das operações submarinas pelas pessoas que estiverem atuando na plataforma, sem a necessidade de cabo umbilical, que é utilizado atualmente em águas profundas, ou de mergulhadores, que fazem o acionamento em águas rasas.
De acordo com o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Chemtech, Roberto Leite (foto), o protótipo está sendo desenvolvido para a Petrobrás e será instalado em lâmina d’água de 200 metros, o que deve ocorrer em 2013, no Campo de Marlim, próximo da costa. Mesmo ainda na fase de pesquisa e desenvolvimento, Roberto acredita que o sistema vai representar uma boa redução de custo para as operadoras.
“A economia financeira será muito maior, com um custo de instalação baixo. Com duas ou três operações ele já se pagará em relação ao que se gastaria com mergulhos. Sendo que este é o protótipo. Quando já for um produto consolidado, vai ficar ainda mais barato”, afirmou.
O novo sistema terá um acionador elétrico, sem cabo, que enviará comandos acústicos para as válvulas e os manifolds. Além da redução de custos, o diretor também ressaltou o caráter menos poluente da nova tecnologia, já que não demanda operação de barcos de apoio.
“Haverá também uma diminuição da emissão de carbono, porque os mergulhadores vão sempre em uma embarcação especial, com câmara hiperbárica, o que demanda muito combustível”, disse.
O projeto piloto será instalado em águas rasas, mas o sistema pode funcionar em qualquer profundidade, o que despertou a atenção da operadora.
“Hoje o que temos é esse projeto piloto, mas a Petrobrás considera que esse tipo de solução – hidroacústica – tem muitas aplicações, tanto em águas rasas, quanto em águas profundas. Ele não tem limite de profundidade, mas deve ser aplicado em novas unidades, já que as que estão em operação já possuem os cabos umbilicais”, afirmou.
Os custos com cabos umbilicais podem chegar a milhões dependendo de onde a plataforma venha a atuar, sendo que com o novo sistema os cabos não seriam necessários. Já em relação às unidades de águas rasas, Roberto acredita que deve haver a implantação do SHAR mesmo nas que já estão operando, porque os custos e riscos com mergulhadores são altos e contínuos.
SUBSEA POWER GRID
O equipamento que recebe os comandos no fundo do mar funciona a base de uma bateria, de modo que em algum momento ela precisará ser trocada, mas, no futuro, pode haver uma integração com outro projeto da Chemtech/Siemens voltado para a redução de custos em grandes profundidades. É o sistema de rede elétrica submarina (Subsea Power Grid), que está sendo desenvolvido na Noruega, pensado para fazer a distribuição de energia entre os equipamentos que ficam instalados no assoalho marinho, como árvores-de-natal e manifolds.
“Diversas empresas como FMC Technologies, Cameron e Aker Solutions estão desenvolvendo equipamentos para serem instalados no solo submarino, então o Subsea Power Grid nasceu neste contexto, para suprir a necessidade de energia que eles vão gerar, sem que haja um custo enorme com umbilicais”, explicou.
Seguindo essa linha, o SHAR também poderá ser alimentado pelo sistema submarino de distribuição de energia, eliminando a necessidade da troca de bateria.
O projeto do Subsea Power Grid está sendo liderado pela Siemens e deve ter seu piloto instalado em 2013, mas ainda não há local e data marcados. Já o projeto do SHAR é conduzido por engenheiros brasileiros.
“Todo o projeto, as estruturas mecânicas e a integração estão sendo feitos aqui, com apenas alguns componentes trazidos de fora”, afirmou o diretor.
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