CHINESA CNNC INICIA PROJETO DE PEQUENO REATOR MODULAR
A China dá a cada dia um novo passo em sua escala de crescimento no setor de energia nuclear. O mais recente avanço do país veio da empresa estatal China National Nuclear Corporation (CNNC), que anunciou um novo projeto de construção de pequeno reator modular – o Linglong One. De acordo com a companhia, a tecnologia terá alto grau de flexibilidade em termos de potência e escala, além de ser adaptável para usinas elétricas em locais desafiadores. A pesquisa e o desenvolvimento dentro do setor nuclear chinês é uma demonstração da importância que o governo do país tem dado a fonte. Nos últimos 10 anos, a China viu sua capacidade de geração nuclear sair de 8,4 GW (2008) para 42,8 GW (2018) – um impressionante aumento de 409%. E há ainda pelo menos 9,2 GW em construção que devem entrar em operação nos próximos anos.
No caso da pesquisa sobre reatores modulares, a CNNC começou a pesquisar a tecnologia em 2010. Segundo a empresa, o Linglong One tornou-se o primeiro pequeno reator modular a passar por uma revisão de segurança da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em 2016, tornando-se um marco para o desenvolvimento internacional de reatores modulares de múltiplos propósitos.
O novo passo dado dentro do programa de Linglong One trata-se de um “projeto de demonstração”. Ou seja, a CNNC irá verificar o projeto, fabricação, construção e operação da tecnologia. O projeto recém-anunciado também ajudará a companhia a adquirir experiência na gestão de pequenas centrais nucleares e a explorar o futuro mercado de pequenos reatores.
A CNNC explica que o modelo é baseado na atual tecnologia de reator de água pressurizada, Linglong One. A empresa sustenta que o reator tem excelentes características de segurança, graças ao seu projeto integrado de reator e ao sistema de segurança automotiva passiva. A tecnologia também é ecologicamente correta, permitindo o desenvolvimento econômico sustentável. O projeto será desenvolvido na chamada Zona Piloto de Livre Comércio de Hainan. O primeiro projeto nuclear da área também foi construído pela CNNC, em 2015, e fornece à província cerca de 30% de sua energia, reduzindo drasticamente as emissões de dióxido de carbono (CO2).
O Brasil ainda não tem oficialmente nenhuma ação concreta em curso quanto a este tipo de tecnologia, mas os reatores modulares já começaram a entrar no radar no setor de planejamento energético. O governo já sinalizou que quer ampliar o uso da fonte nuclear no país, mas que está considerando as tecnologias existentes para o período entre 2020 e 2030, se referindo aos reatores de geração III e III+. Mas para 2040 e 2050, a ideia é também analisar as possibilidades de novas tecnologias, como os pequenos reatores. A informação foi revelada pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral Ferreira, durante o evento World Nuclear Spotlight, no Rio de Janeiro, em abril.
Especialistas no segmento de energia também afirmam que o país precisa voltar sua atenção aos reatores modulares. Em entrevista ao Petronotícias, o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde de Castro, disse que esta é uma rota tecnológica a qual todos os países desenvolvidos estão investindo. “É o caso da China, da Rússia e dos Estados Unidos. O Brasil deve investir nisso também. Porque isso, no futuro, vai virar cadeia produtiva e haverá uma competição de mercado. O país tem uma reserva de urânio, metodologia de enriquecimento de urânio e o programa de submarino nuclear. São algumas vantagens competitivas. E vale a pena pegar essa rota [dos reatores modulares]”, afirmou.
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