CLARK SOLUTIONS APRESENTARÁ TECNOLOGIAS NA OTC 2017 E REAGE CONTRA MUDANÇAS NO CONTEÚDO LOCAL
A OTC Houston 2017 será um dos pontos altos do ano para muitas empresas. É o caso da Clark Solutions, que vai expor suas soluções e tecnologias na feira, entre os dias 1º e 4 de maio, no estado americano do Texas. O diretor da companhia, Nelson Clark, ainda está um pouco receoso em relação ao mercado de óleo e gás, especialmente com os menores investimentos da Petrobrás e também com as recentes mudanças na política de conteúdo local. “A diminuição, para não se dizer eliminação, do conteúdo local nas compras e investimentos no setor de petróleo foi um golpe muito duro contra a indústria brasileira. Certamente vai tornar as coisas muito mais difíceis para a indústria local“, afirmou o executivo.
– Por que decidiu participar do Pavilhão Brasil este ano?
Participamos experimentalmente no ano passado, acreditamos que é uma boa oportunidade para expor nossos produtos e nossas tecnologias.
– Como está vendo a retomada da economia, principalmente no setor de petróleo no Brasil?
Vejo com otimismo cauteloso. Há alguns sinais positivos do mercado, inflação contida, juros caindo, melhoras no emprego, mas nada substancialmente sólido. O avanço da Lava-Jato, as reformas trabalhista e previdenciária, a estabilidade política e institucional precisam ocorrer e ser preservadas de modo a realmente criar condições para que o mercado retome a confiança e volte a investir de forma robusta e consistente.
No setor de petróleo, no entanto, minha visão é menos otimista. A Petrobrás vem retomando investimentos, mas ainda em passos muito tímidos, o que é a atitude correta. A diminuição, para não se dizer eliminação, do conteúdo local nas compras e investimentos no setor de petróleo foi um golpe muito duro contra a indústria brasileira. Certamente vai tornar as coisas muito mais difíceis para a indústria local.
– Já dá para sentir um novo ambiente propício para negócios?
Não. Há melhoras, mas muitas incertezas…
– A decisão do governo em quebrar o conteúdo nacional, estimulando o envio das obras para o exterior, afeta o seu negócio?
Totalmente. Francamente, entendo que foi uma decisão unilateral, e que prejudicará milhares de empresas. As mesmas empresas que construíram a indústria petroquímica brasileira.
– A sua empresa está pronta para atender às exigências do mercado de petróleo no Brasil?
Nós somos capazes de atender as exigências do mercado do Brasil, da China, do Chile, de qualquer país…
– É possível concorrer com as empresas estrangeiras fora do Brasil? Por quê?
Impraticável. Nossos custos carregam centenas de “penduricalhos” que os outros não carregam. Não temos a menor condição de concorrer, simplesmente por que a concorrência não é justa. Não há um só aspecto, além do fato de estamos dentro do Brasil, que em alguns momento também não ajuda (nossos fretes rodoviários estão caríssimos por conta do roubo de cargas, segurança é dever do estado), que favoreça a indústria nacional.
Nossa legislação trabalhista é anacrônica. Nossos custos de mão de obra altíssimos (principalmente por conta dos custos sociais que não tem contrapartida ou paralelo nos fornecimentos importados). O governo, desesperado por receber contribuições previdenciárias, o que fez? Deixou os empregos lá fora, onde não se pagará um real à previdência social. Os custos que o projeto pode vir a gerar, estes sim ficarão conosco, todos nós.
A propósito: se um equipamento ou vaso de pressão fabricados no exterior falharem e produzirem um dano ambiental, quem pagará a conta? O contribuintes brasileiros ou estrangeiros? Se alguém sofrer danos físicos numa situação destas, quem pagará a conta? O INSS pago pelos fabricantes brasileiros ou o governo estrangeiro? A indústria brasileira arca com custos sociais enormes, que inclusive são muitas vezes os mesmos custos que suportam estes investimentos. O Fundo do FGTS é usado para infraestrutura. Onde esta a contrapartida estrangeira?
E a segurança do trabalho? Em que condições os funcionários estrangeiros trabalham? Quantas horas de expediente por dia? Usam equipamento de proteção individual e coletiva? Tem os cuidados e controle de poluição? Refeitório coletivo, ou comem no posto de trabalho? Ou não comem? Estive pessoalmente observando algumas fábricas no exterior, e me desculpe a franqueza mas são condições de trabalho muitas vezes para lá de lamentáveis. Beiram a semiescravidão. Vi gente trabalhando em frente a fornos sem camisa, descalços, ambientes de trabalho úmidos, escuros, condições insalubres . É com eles que concorreremos? É justa esta concorrência?
O capital no Brasil é caríssimo. Nosso capital de giro é dos mais caros do mundo. Concorrer com indústrias que tem custos de capital menores, as vezes até mesmo subsidiado. A energia no Brasil, que um dia esteve a nosso favor, está hoje dentre as mais caras do mundo. Ainda teremos que pagar um adicional pela “cortesia” do antigo governo. A burocracia, enorme. A carga tributária, absurda. A logística, péssima. Até o transporte rodoviário no Brasil se tornou um pesadelo por conta do roubo de cargas. Não vejo como poderemos concorrer com a estrutura de custos e todos os demais requerimentos com os quais temos que arcar e nossos concorrentes não.
– Qual é a sua maior expectativa participando do pavilhão Brasil? Negócios no Brasil ou a busca pelo mercado internacional?
Estamos lutando, buscando negócios onde for possível. Temos uma tecnologia de ponta, como poucas outras empresas no mundo tem, e fazemos ginástica, muita, para continuar com a cabeça fora da água, continuar dando empregos, gerando riqueza e contribuindo com o país. É a sina do empresário brasileiro. Trabalhar, pagar imposto e ser esquecido.
O Clark quando fica com febre vira super homem (Clark quente)