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CNI VÊ O MERCADO DE GÁS NATURAL NO BRASIL AINDA TRAVADO, MESMO APÓS QUATRO ANOS DO NOVO MARCO LEGAL DO SETOR

54209601317_065fd6d32c_cA abertura do mercado brasileiro de gás natural ainda não se concretizou como esperado, mesmo quatro anos após a aprovação da Nova Lei do Gás (Lei nº 14.134/2021). A avaliação consta no estudo Gás Natural: uma avaliação da abertura do mercado brasileiro sob competência da União, apresentado nesta semana pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) durante um evento em Brasília. A entidade afirma que ainda falta uma regulamentação efetiva para o setor, bem como critica os sucessivos atrasos na agenda da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a concentração da comercialização na Petrobrás. Segundo a CNI, no Brasil, o gás natural chega às indústrias por US$ 20 por milhão de BTUs, em média. O valor é muito superior ao dos Estados Unidos, onde a molécula do gás custa cerca de US$ 2 por milhão de BTUs, e representa o dobro do preço praticado no mercado europeu, de cerca de US$ 10 por milhão de BTUs.

Apesar do marco legal, a tarifa do gás natural no Brasil continua sendo uma das mais altas do mundo, o que representa um obstáculo à competitividade nacional. Assim, passados quatro anos da promulgação da lei, é necessário avaliar os resultados iniciais e as ações indispensáveis para que os ganhos potenciais da abertura do mercado desse importante insumo industrial se concretizem“, afirma Ricardo Alban, presidente da CNI.

GASO estudo apresenta recomendações para garantir uma abertura efetiva do mercado e estimular a competitividade no setor. A primeira delas é a ampliação do acesso transparente às infraestruturas essenciais. Para a CNI, é fundamental regulamentar o Artigo 28 da Nova Lei do Gás para assegurar que sistemas de escoamento e processamento sejam acessíveis de forma transparente, promovendo a concorrência e permitindo a entrada de novas empresas no mercado.

Na área de regulação do transportador independente, a confederação afirma que a ANP deve estabelecer critérios claros, conforme previsto no Artigo 5º da lei, evitando que a Petrobras mantenha privilégios no sistema de transporte, especialmente após a desobrigação de venda de sua participação na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG). O estudo sugere também medidas contra práticas anticompetitivas devem ser adotadas para estimular a diversidade no setor, incluindo mecanismos como Gas Release e Capacity Release, que favorecem a entrada de novos agentes.

gasO estudo defende ainda a criação de um ponto virtual de negociação e a regulamentação de contratos de curto prazo são essenciais para aumentar a liquidez e fortalecer a competitividade. Além disso, diz o documento, o governo federal precisa garantir recursos adequados à ANP, especialmente para áreas estratégicas, como a Superintendência de Infraestrutura e Movimentação, assegurando a implementação eficaz da Nova Lei do Gás. Por fim, a CNI pede mais cautela na criação de novas regulações e um planejamento indicativo para reduzir a burocracia e incentivar a expansão da infraestrutura necessária.

Entre os principais desafios para a abertura do mercado de gás natural, o estudo aponta a regulamentação incompleta da Nova Lei do Gás, os atrasos na agenda da ANP e a falta de recursos humanos na agência. Além disso, a transparência no acesso às infraestruturas ainda é limitada, dificultando a entrada de novos players. A concentração na comercialização também persiste, já que muitos produtores continuam dependentes da Petrobras para o escoamento da produção. Por fim, o levantamento destaca a necessidade de um compromisso coordenado entre governo, reguladores e setor privado para garantir previsibilidade e atrair investimentos.

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