SHELL EXPORTA PARA O GOLFO DO MÉXICO TECNOLOGIA DESENVOLVIDA NO BRASIL | Petronotícias




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SHELL EXPORTA PARA O GOLFO DO MÉXICO TECNOLOGIA DESENVOLVIDA NO BRASIL

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –

João MarianoDos três projetos finalistas do Prêmio ANP 2014 na categoria “Inovação Tecnológica desenvolvida no Brasil por empresa fornecedora de grande porte em colaboração com empresa petrolífera”, dois foram desenvolvidos pela Shell, em parceria com a FMC Techologies. O primeiro projeto consistia na reutilização das árvores de natal molhadas, inicialmente usadas no Parque das Conhas, nos campos de Bijupirá e Salema (em que a empresa acaba de vender sua participação para a PetroRio, ex-HRT). O outro trabalho foi um sistema de elevação artificial desenvolvido para o Parque das Conchas. Esse sistema serve para separar fluidos e gás ainda em grande profundidade, bombeando cada recurso separadamente para o FPSO, e gerou um aumento de 30% na produção nos campos em que foi instalado. Para se ter ideia, a empresa considerou a inovação tão interessante que levou para um de seus campos (Perdido) no Golfo do México. O gerente de tecnologia da Shell Brasil, João Mariano, ressaltou que o projeto foi desenvolvido com 100% de conteúdo local e também destacou o prêmio recebido em 2012 na Conferência Internacional de Tecnologia em Petróleo (IPTC) em Bangcoc, pelo sistema de sísmica 4D aplicado no Parque das Conchas. A área de P&D é muito importante para a companhia anglo-holandesa, que em 2013 investiu globalmente mais de US$ 1,3 bilhão no segmento, e vem aumentando seus investimentos no Brasil. Além dos aportes em pesquisas, a empresa planeja também ampliar o recursos direcionados a bolsas de estudos no País ao longo dos próximos anos.

Quanto a Shell destina anualmente para projetos de Pesquisa e Desenvolvimento?

Faz parte da cultura da Shell investir em novos projetos e fomentar a inovação e, em 2013, a companhia investiu, globalmente, mais de US$ 1,3 bilhão em P&D. Nos últimos cinco anos, a Shell investiu anualmente acima de US$ 1,1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento – o que nos coloca numa posição de liderança entre as companhias internacionais de energia.

O que eram os projetos inscritos no Prêmio ANP?

O projeto vencedor foi uma inovadora reutilização do projeto das árvores de natal molhadas, que inicialmente foram usadas no Parque das Conchas e que, com as adaptações feitas pela Shell e FMC, também puderam ser aplicadas em Bijupirá e Salema. Ambos os campos são complexos, e o desafio de reaproveitar os projetos dos equipamentos exigiu muita dedicação das equipes, que precisaram revalidá-los e acompanhar em detalhes as adaptações feitas. Além do memorial descritivo operacional do conjunto da árvore e de seu sistema de controle, fizemos análise de riscos de falha de operação, projetos básicos e executivos, maquetes 3D e inúmeros testes de campo para garantir a segurança e a eficiência da aplicação. Como resultado, tivemos a redução de custos totais dos empreendimentos e prazos menores para o primeiro óleo, além do uso mais inteligente dos recursos existentes. Toda essa questão de eficiência, racionalidade e sustentabilidade vai ao encontro das políticas da Shell de entregar os melhores resultados tendo como base práticas sustentáveis e inovadoras.

Este projeto foi inteiramente desenvolvido e executado no Brasil, usando 100% de Conteúdo Local, reforçando nosso compromisso com o desenvolvimento e fortalecimento do mercado interno para o setor. O trabalho se alinha a uma estratégia global da Shell de padronizar os equipamentos usados em todo o mundo e assim ganhar agilidade e redução de custos no desenvolvimento de seus campos submarinos. O projeto elaborado aqui já é aplicado em poços de águas profundas no Golfo do México e na Malásia, e será executado em outras regiões em breve. Ficamos particularmente orgulhosos por termos desenvolvido aqui um padrão que será replicado nas atividades da companhia em todo o mundo, e o prêmio da ANP consagrou esta conquista. Não poderíamos imaginar um resultado melhor para este projeto.

Qual foi o outro trabalho finalista do prêmio?

O outro foi o sistema de elevação artificial desenvolvido para o Parque das Conchas. Este complexo projeto separa fluidos e gás ainda no leito marinho de grande profundidade, e bombeia cada recurso separadamente para o FPSO na superfície.

Este arranjo, onde se colocam as bombas ESP internas a um caisson instalado em um slot dos manifolds submarinos, sobreposto pelo módulo de separação, permite maior flexibilidade operacional, já que o fluxo de cada um dos poços pode ser dirigido para qualquer um dos quatro MOBOs (módulo de bombeio). Os resultados são aumento da produção dos campos, que produzem cerca de 30% mais, e aumento da recuperação dos reservatórios.

Este sistema também foi integralmente desenvolvido no Brasil, com 100% de Conteúdo Local, e é até hoje o mais profundo instalado em todo o mundo, a uma lâmina d’água de dois mil metros. Hoje, este arranjo também é utilizado no campo de Perdido, no Golfo do México, pelo que muito nos orgulhamos.

Quais empresas têm acesso às tecnologias desenvolvidos pela Shell?

Acreditamos que as inovações que desenvolvemos são de interesse de muitas outras companhias do setor e ficamos satisfeitos ao compartilhar nossa experiência. O próprio mercado cria um ambiente propício para o intercâmbio de informações, através da formação de consórcios. Dessa maneira, algumas das empresas que utilizam as tecnologias desenvolvidas pela Shell são as nossas parceiras em Bijupirá e Salema (que tinham a Shell como operadora até os últimos dias, com 80% de participação, em parceria com a Petrobrás, que detém 20%. No entanto, a PetroRio, ex-HRT, adquiriu a participação da Shell na área) e no Parque das Conchas (operado pela Shell com 50% de participação, com as parceiras ONGC, com 27% de participação, e a Qatar Petroleum International, que detém 23%).

Como foi a formação da parceria com a FMC Technologies?

As duas companhias já trabalham juntas há muitos anos, e foi um grande privilégio para a Shell ter a FMC como parceira em mais estes projetos. Ambos os sistemas foram aplicados em blocos operados pela Shell e, por isso, a nós coube avaliar as especificidades de cada campo, os projetos dos equipamentos e o que poderia ser feito em cada caso. A Shell formulou os projetos e fez a coordenação técnica da aplicação deles. A FMC entrou com a execução dos projetos. A capacidade e a experiência das equipes deles foram fundamentais para que os sistemas fossem exitosos.

Que outras empresas são parceiras da Shell no desenvolvimento de projetos de P&D?

Temos diversos parceiros com os quais trabalhamos no desenvolvimento de novas tecnologias e na busca por cada vez mais métodos inovadores – marca registrada da Shell, dentro e fora do Brasil. Gostaria de destacar, entretanto, que nossos projetos de pesquisa e desenvolvimento vão além da valiosa troca de experiência com parceiros do setor, que se faz fundamental no desenvolvimento das novas frentes de inovação. Temos um trabalho constante em parceria com institutos de pesquisa de universidades brasileiras, do qual extraímos proveitos para nós e para a indústria como um todo. Como resultado destas parcerias, podemos destacar o maior tanque estratigráfico do mundo, que inauguramos no final do ano passado em trabalho conjunto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esta unidade – que tem 35 metros de comprimento, 7 de largura e 4 de altura – servirá, ao longo dos próximos anos, de ferramenta complementar para pesquisas da Shell e para o desenvolvimento de modelos de reservatórios de águas profundas, o que auxiliará a indústria na exploração e produção em bacias sedimentares marítimas. Outra conquista foi a criação de um laboratório para pesquisas de etanol de Segunda Geração, que também foi entregue no final de 2013. Este projeto foi desenvolvido em parceria com a Unicamp.

Que outros prêmios a Shell já venceu pelo desenvolvimento de novas tecnologias?

Para ficarmos apenas em reconhecimentos recentes de projetos instalados no Brasil, em 2012 a Shell foi premiada na Conferência Internacional de Tecnologia em Petróleo (IPTC) em Bangcoc, pelo sistema de sísmica 4D aplicado no Parque das Conchas. Além de toda a inovação que este sistema por si só representa, a aplicação no Parque das Conchas, na Bacia de Campos, foi a mais profunda já feita em todo o mundo, em lâmina d’água de 1.800 metros. Este foi, também, o primeiro sistema de monitoramento sísmico 4D permanente em toda extensão de um campo de escala comercial no Brasil.

Algum outro projeto está sendo desenvolvido no momento?

Todos os projetos mencionados – as árvores de natal adaptadas, a elevação artificial com separação no leito marinho e a sísmica 4D – continuam sendo aplicados e reavaliados no Brasil e em outros países. As equipes da Shell estão permanentemente pensando em novas formas de aumentar a eficácia, reduzir os custos e promover a sustentabilidade em suas operações. Há inúmeros projetos sendo desenvolvidos pela empresa, mas nem todos estão suficientemente maduros para serem divulgados.

Qual a estrutura da área de pesquisa e desenvolvimento da Shell?

Em diversas partes do mundo, temos centros de pesquisa trabalhando para desenvolver novas tecnologias de interesse da Shell e da indústria de óleo e gás como um todo. A companhia tem um grupo permanente de milhares de profissionais dedicados exclusivamente para atender projetos de P&D. O trabalho de pesquisa é orientado e preparado para os clientes finais, que são os novos projetos e as operações existentes. Aqui, no Brasil, temos um time dedicado integralmente ao assunto, baseado no Rio, dentro da estrutura de Conteúdo Local. Nossas frentes de atuação se dividem em diferentes linhas, mas ressalto três delas: o trabalho que desenvolvemos em parceria com outras empresas do setor, as parcerias estabelecidas junto de universidades brasileiras e o incentivo que damos ao programa Ciência Sem Fronteiras, onde serão empregados milhões de reais pelos próximos três anos em mais de 150 bolsas de graduação e pós-graduação.

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