COM PERSPECTIVA DE FECHAR NOVOS NEGÓCIOS, CLADTEK PREPARA INVESTIMENTOS E NOVIDADES PARA O MERCADO BRASILEIRO
A multinacional Cladtek, que atua fornecendo revestimentos resistentes à corrosão (Weld Overlay) e tubos revestidos mecanicamente (MLP), vive um momento especial em suas operações no Brasil. No setor de MLP, a empresa está finalizando a entrega de um contrato com a TotalEnergies para o campo de Lapa, na Bacia de Santos, além de avançar nas entregas de tubos para o campo de Mero, operado pela Petrobras no pré-sal, também na Bacia de Santos. Enquanto isso, no segmento de Weld Overlay, a Cladtek prevê concluir as entregas para Búzios 6 até o início do próximo ano. Com esse histórico de sucesso, a companhia já mira novos desafios. O vice-presidente da Cladtek para as Américas, Eduardo Menezes, revelou que a empresa conquistou um contrato com a TechnipFMC para fornecimento de overlay e clad bends, com início de entregas previsto para 2025. Adicionalmente, existem conversas avançadas para um novo negócio no mercado brasileiro, desta vez com a OneSubsea. O entrevistado aponta ainda que a Petrobras tem atualmente cerca de 800 km de MLP em cotação no mercado. “Portanto, as perspectivas são bastante positivas para os próximos três ou quatro anos. Acreditamos que a empresa pode crescer significativamente, tanto como grupo quanto no Brasil. Inclusive, estimamos que o Ebitda da Cladtek possa dobrar nos próximos três anos”, afirmou. Menezes acrescentou ainda que a companhia está finalizando o plano de negócios para o período de 2025 a 2028 no Brasil, com previsão de investimentos entre 10 e 15 milhões de dólares, focados principalmente em automação na fábrica de Santa Cruz, no Rio de Janeiro (RJ). Por fim, Menezes antecipou detalhes sobre duas novas tecnologias que serão apresentadas ao mercado brasileiro.
Para começar, seria interessante que você contasse aos nossos leitores como tem sido o ano de 2024 para a empresa e quais os principais desafios superados até agora.
Este ano começou com um grande desafio na área de MLP (Mechanic Lines Pipe), com um contrato firmado com a Saipem para a fabricação dos tubos do campo de Lapa, operado pela TotalEnergies. Esse foi o nosso primeiro projeto no Brasil para um operador que não fosse a Petrobrás, o que trouxe desafios técnicos significativos e uma especificação bastante exigente. Apesar disso, conseguimos finalizar a fabricação e estamos concluindo a entrega dos últimos tubos em setembro. O contrato abrange cerca de 15 km de tubos para MLP, e foi um projeto muito bem-sucedido, com alta produtividade e qualidade, sem qualquer intercorrência técnica.
Outro grande desafio foi o início do projeto Mero 4, em parceria com a Subsea 7 e a Petrobras. Já fabricamos aproximadamente 1.500 tubos, o que corresponde a cerca de 25% do total previsto de 80 km. A produção, que começou em julho, está avançando muito bem, tanto em termos de produtividade quanto de qualidade. O relacionamento com a Subsea 7 e a Petrobras tem sido extremamente positivo. Este foi o primeiro projeto fabricado após uma revisão rigorosa da especificação de MLP pela Petrobras, e para garantir o sucesso na execução, investimos fortemente em automação de inspeção, controle e soldagem. Esses investimentos estão gerando resultados bastante positivos no contrato.
Para além dos negócios em MLP, qual o balanço das operações na unidade de Weld Overlay?
Tivemos um desafio importante em nossa unidade de Weld Overlay com o início de um novo relacionamento com a OneSubsea, que recentemente passou por um processo de fusão com a Aker. Estamos conduzindo projetos significativos com eles nessa área. Alguns já foram entregues este ano, enquanto outros ainda estão em andamento. Essa nova parceria tem se mostrado bastante produtiva.
Adicionalmente, no ano passado, obtivemos muito sucesso com a TechnipFMC, realizando entregas bem-sucedidas para o projeto Marlin Manifold. A satisfação deles foi grande, e agora enfrentamos um novo desafio com a TechnipFMC: entregar os PLETs e jumpers para o Búzios 6, da Petrobras, com previsão de conclusão até o início do próximo ano.
E como estão as prospecções para novos negócios?
Acabamos de ganhar um novo contrato com a TechnipFMC, parte de um frame agreement que eles possuem com a Petrobras para árvores de natal. Recebemos o pedido no final de agosto, e esse contrato envolve cerca de 20 árvores de natal, para as quais iremos realizar toda a parte de overlay e clad bends. As entregas estão previstas para começar no próximo ano.
Além disso, estamos em fase avançada de negociação com a OneSubsea para um novo contrato de grande porte. No entanto, ainda não posso compartilhar os detalhes, pois o acordo não foi totalmente finalizado.
Quais são as perspectivas da Cladtek para o mercado brasileiro?
A Petrobras tem atualmente cerca de 800 km de MLP em cotação no mercado, apenas para o Brasil. O próximo projeto é o Búzios 10, que está em fase de concorrência, com duas empresas disputando: a Subsea 7 e a Allseas. Esse contrato deve ser negociado no final deste ano ou no início do próximo, com a produção prevista para começar em meados de 2025. Além disso, a Petrobras já colocou no mercado os projetos Búzios 11, Atapu 2 e Sépia 2, todos com grandes volumes de MLP.
Portanto, as perspectivas são bastante positivas para os próximos três ou quatro anos. Acreditamos que a Cladtek pode crescer significativamente, tanto como grupo quanto no Brasil. Inclusive, estimamos que o Ebitda da Cladtek possa dobrar nos próximos três anos.
Qual o panorama dos investimentos para o próximo ano ou para os próximos anos no Brasil?
Atualmente, estamos finalizando nosso plano de negócios para o período de 2025 a 2028, com previsão de investimentos entre 10 e 15 milhões de dólares, principalmente voltados para automação. Nosso objetivo é aumentar a produtividade, mantendo o nível de pessoal, que hoje conta com cerca de 750 pessoas. A ideia é melhorar tanto a produtividade quanto a repetibilidade dos processos.
Estamos em negociação com a matriz para garantir os recursos necessários para esses investimentos, que incluem o uso de inteligência artificial na parte de inspeção, especialmente em ensaios não destrutivos. Já estamos conversando com fornecedores para implementar IA, que auxiliará na elaboração de laudos, ajudando os inspetores a reduzir incertezas nas análises. Além disso, estamos focando na automação da movimentação de tubos dentro da fábrica. Hoje, já temos um sistema completo de movimentação sem uso de ponte rolante, operado por controle remoto, e o objetivo é avançar ainda mais, permitindo que os tubos cheguem às estações de trabalho através de sensores, sem intervenção humana.
Quais novas tecnologias a empresa pretende apresentar ao mercado brasileiro?
Durante a feira ROG.e, que começa na próxima semana, vamos apresentar dois produtos. O primeiro é a tecnologia Connected MLP, que consiste em conectores para risers e flowlines. Em vez de unir os tubos por solda, utilizamos conectores, que é uma tecnologia qualificada pela DNV. Esses conectores aumentam significativamente o número de navios disponíveis para a instalação de tubos rígidos. Estamos em conversas com a Petrobras, que está abrindo uma licitação focada nessa tecnologia. Com ela, a quantidade de navios que a Petrobras poderia utilizar na instalação de tubos saltaria de 10 para cerca de 100, o que representaria um grande avanço e uma redução de riscos.
A segunda novidade é o MLT (Mechanically Lined Tubing), semelhante ao MLP, mas projetado para uso em perfuração de poços, especialmente em projetos de energia geotérmica. Essa tecnologia é amplamente utilizada na Indonésia e nos Estados Unidos, principalmente na Califórnia. Realizamos a qualificação desse produto na Stress Engineering Houston, um renomado instituto de análise de falhas. O tubo foi testado em um campo geotérmico na Califórnia durante seis meses, e o resultado foi excelente, sem falhas. Estamos preparados para produzir o MLT no Brasil e exportá-lo, com apenas algumas adaptações necessárias na fábrica. A expectativa é que estejamos prontos para produção e exportação em um ou dois anos. Nosso CEO, Lee Wilson, e o chairman, Paul Montague, estarão presentes na feira ROG.e para apresentar essas inovações e responder a perguntas sobre nossos produtos e planos futuros.
Por fim, poderia falar um pouco sobre a iniciativa iN-Shield?
O iN-Shield é um programa de excelência desenvolvido pela própria Cladtek utilizando as melhores práticas de mercado, com base em nove competências (segurança, pessoas e cultura, performance, supply chain, qualidade, inovação, estratégia ESG, controle e redução de custo e melhoria contínua) e três estágios de implantação (bronze, prata e ouro). O principal objetivo é a busca da melhoria do nosso desempenho em um ambiente cada vez mais seguro.
Estamos na segunda etapa do nosso programa iN-Shield, que foi baseado no World Class Manufacturing. No ano passado, alcançamos a qualificação bronze, e agora estamos caminhando para a qualificação prata. Todas as nossas fábricas do grupo precisam evoluir juntas para atingirmos a qualificação prata, e estamos avançando bem tanto no Brasil quanto em nossas outras unidades.
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