COMEÇA NO CANADÁ A MAIS IMPORTANTE FEIRA SOBRE PIPELINES DO MUNDO, COM EMPRESAS DE 30 PAÍSES. APENAS UMA BRASILEIRA ESTÁ PRESENTE | Petronotícias




faixa - nao remover

COMEÇA NO CANADÁ A MAIS IMPORTANTE FEIRA SOBRE PIPELINES DO MUNDO, COM EMPRESAS DE 30 PAÍSES. APENAS UMA BRASILEIRA ESTÁ PRESENTE

Paulo Fernandes, presidente da LiderrollCALGARY – CA Mais de duzentas empresas, de trinta países diferentes, estão expondo suas marcas e tecnologias na IPE, que é a maior e mais importante feira de pipelines do mundo. Paralelamente, realiza-se também a conferência internacional (IPC), em que são apresentados vários trabalhos sobre o segmento, concorrendo ao Premio Asme de Tecnologia. O encontro acontece a cada dois anos. Um ano no Canadá e outro no Rio de Janeiro, no evento Rio Pipeline. Este ano, a feira tomou uma dimensão ainda maior, com recorde de empresas interessadas participando. Mas desta vez apenas uma empresa brasileira está participando aqui, a Liderroll, que em 2011 venceu o Prêmio Asme pela criação de sua tecnologia dos roletes motrizes, lançadores de tubulações de qualquer tamanho em túneis.

Há alguns brasileiros presentes participando da conferência e assistindo a algumas palestras, como o diretor superintendente da TAG, Rogério Gonçalves Matos, os gerentes da Petrobrás Celso Araripe e Byron Souza Filho, o executivo Marcelo Renó, da Odebrecht, um representante do IBP e da ANP, além de alguns outros técnicos da Transpetro e da própria Petrobrás.

O Petronotícias conversou com o Presidente da Liderroll, Paulo Fernandes, que chegou em Calgary no domingo:

Por que a decisão de vir para o Canadá, participar da feira?

Essa decisão não é de hoje, não. Foi uma decisão que nós tomamos em 2007, no ano de fundação da empresa, quando participamos da Rio Pipeline, com um estande bem modesto, mas bem representativo, e recebemos a indicação do próprio IBP e de um grande personagem da Petrobrás, o engenheiro Marcelino Guedes, que nos incentivou para vir para o evento no Canadá. Então nós viemos em 2008, junto com a Transpetro, o IBP e algumas outras empresas do Pavilhão Brasil. Em 2010, retornamos com o IBP para o Pavilhão Brasil. Já em 2012, a Transpetro se retirou do evento, e viemos apenas com a ANP, o IBP e o CTDUT. Depois soubemos que nesta edição de 2014 não viria mais ninguém.

Daí a decisão de comprar toda esta área que seria do Pavilhão Brasil?

Na verdade ficamos sensibilizados com isso. O Brasil divulgando o pré-sal, incentivando empresas internacionais a irem para o Brasil ajudar na exploração e produção, e talvez até no refino, como nos planos de se ter refinarias privadas no país, e ninguém veio para o Canadá representar o nosso país aqui. 

Considerei que seria um erro estratégico muito grande e decidi pegar toda esta área que era do Pavilhão Brasil, na expectativa de que algumas empresas e instituições pudessem decidir na última hora estarem presentes aqui, e pedirem para a Liderroll uma área, o que teríamos grande satisfação em ceder para manter o nosso país aqui em evidência.

Chegou a procurar alguma instituição?

Claro. Fiz alguns convites. Procurei pessoalmente o IBP, a ANP, o Ministério das Minas e Energia, e ninguém quis vir, infelizmente. Mas nós estamos aqui. Aos pouquinhos, conquistando a confiança do empresariado e da indústria canadense e internacional. E acredito que este evento será muito bom para a Liderroll e por que não dizer para o Brasil? Sempre digo isso nos meus discursos da Rio Pipeline. Sinto que eu não falo isso só em nome da Liderroll, mas em nome da Comunidade Dutoviária do Brasil, dos verdadeiros gladiadores de negócios, amigos, que eu sei que têm dificuldades. Então eu falo em nome da nossa comunidade, do IBP, do CTDUT, porque nós temos que jogar unidos. Se as empresas não se unirem, fica difícil. Como diz o ditado: “sozinho você vai mais rápido, mas acompanhado você vai mais longe”. Eu penso em longevidade. Penso pra frente. É uma pena estar aqui sozinho, mas o Brasil estará bem representado. Tanto pela empresa quanto por nossa equipe. Estamos trazendo um time de alta qualidade, seniors, temos uma agenda bastante rica, interessante, com reuniões e jantares agendados com empresas de porte aqui mesmo do Canadá, empresas de projetos, inclusive empresas americanas, que estão vindo dos Estados Unidos para nos visitar aqui, conhecer o nosso trabalho. Vamos receber todos bem, inclusive empresas brasileiras que estão aqui. Vamos fazer um coquetel para os brasileiros que estão aqui, para reunir o nosso pessoal, da Transpetro, da TAG, da Petrobrás, das operadoras, do próprio IBP, enfim, será um grande evento.

Com o mercado brasileiro fechado, a Liderroll vai investir nesta política de internacionalização?

Temos grande perspectiva e estou muito feliz por isso. Trazer a tecnologia brasileira para o mundo conhecer é uma tendência natural das empresas que estão crescendo no Brasil. Independentemente do que está acontecendo no nosso mercado, temos que olhar para fora. O mundo está globalizado e estamos atentos. Em setembro de 2008, nós abrimos um escritório em Houston. O mundo estava derretendo, a crise internacional fortíssima e nós acreditamos, viemos para fora. É difícil uma empresa brasileira de tecnologia vir para fora e conseguir o seu espaço. Para empresas construtoras é mais fácil. Vai para um ou outro país, como a Mendes Junior e a Odebrecht, achando seu espaço, como todas as grandes empresas que apostaram nisso, no campo da engenharia, da execução. Nós viemos no campo da venda da tecnologia. E é muito difícil. No Brasil, infelizmente, a tecnologia não é apoiada.

Mas mesmo assim a Liderroll ganhou um prêmio internacional …

Sem dúvida. Até onde eu sei, nós somos a única empresa privada brasileira a ganhar o Prêmio ASME de tecnologia. E essa distinção, concorrendo com empresas do mundo inteiro, veio de investimentos nossos, sem ajuda de ninguém. Nem do governo, nem de dinheiro externo. Nada. Só com nosso esforço e nossos recursos.

Vir para o exterior vendendo commodity é diferente de vender conhecimento, mostrando que o brasileiro é diferenciando sim. Que também tem competência. E fomos reconhecidos por isso. Isso nos valoriza e também ao nosso país. 

Há poucos investimentos no Brasil no setor de petróleo?

Independente da crise no mercado nacional, que não é crise, mas falta de investimento do maior cliente nosso, que é a Petrobrás, que está focada hoje em produzir. A missão dela é produzir. Escoar, refinar, acho que até no futuro ela poderá terceirizar isso, porque ela tem que ficar com a missão que é mais importante, que é a missão estratégica do país. Mas em função disso, da falta de investimento neste segmento, decidimos apostar no mercado internacional. Estamos colocando um pé no México, um pé no Peru, praticamente os dois aqui no Canadá, e outro na Rússia, onde temos tido uma conversa muito boa, devido à construção do gasoduto da Gazprom, que vai ligar a Rússia à China.

E sobre a bandeira que a Liderroll sempre levantou, que é a construção de gasodutos aparentes? Aqui é muito comum. Este sistema realmente traz mais economia e segurança?

Eu levantei esta bandeira em 2011, quando a ANP colocou em prática o RTDT, que é o regulamento de dutos terrestres. Li o regulamento assim que foi lançado, ele foi normalizado e vi que podia dar algumas contribuições. Procurei a ANP, fui atendido pela então apenas diretora, e atual diretora-presidente, Magda Chambriard. Fizemos algumas reuniões com o corpo técnico da ANP. Provoquei o Ministério das Minas e Energia, com o Secretário Marco Antonio Almeida, sobre esta questão, levantei este assunto, mas vejo que não está progredindo. Já conversei com o pessoal do IBP, com o presidente De Luca, estive com alguns diretores da ANP em Houston, na OTC deste ano, e por último provoquei este tema dentro da ABEMI e o seu presidente, o engenheiro Antonio Müller, concordou que fizéssemos um estudo para criar um grupo de trabalho. Veja bem, esta é a melhor saída para o Brasil. O nosso país é continental. São dimensões imensas e ainda usamos paradigmas de setenta anos atrás nos métodos construtivos de dutos, com dutos enterrados. Nós temos que sair do Sudeste até a Bahia, por exemplo, cavando uma vala para enterrar duto, quando poderíamos construir este duto aparente. É só olhar aqui na feira e ver a quantidade de projetos, de empresas construindo dutos aparentes. Claro, eles têm o problema do solo congelado, o que só comprova que funciona. É muito mais econômico. Não tem vandalismo, não tem roubo, nada. A grande preocupação no Brasil é com o vandalismo, mas já pude demonstrar que há várias soluções, usando-se as modernas tecnologias que já estão à nossa disposição. Soluções até melhores, que impedem o roubo, impedem o desvio do produto. Veja que o duto enterrado está há apenas cinquenta centímetros da superfície, praticamente. E há muitos roubos, desvios, de que não se sabe, porque está enterrado. Um tubo aparente, se houver alguma derivação, você verá na hora. 

Que tipos de tecnologias podem ser utilizadas neste sentido?

Inspeção aérea com drones ou detecção acústica, por exemplo. Para o Brasil, aumentar a rede dutoviária seria bom para estimular a indústria, abrir mais frentes de trabalho, e não apenas para petróleo, não. Eu digo para escoar água, grãos, minério, fertilizantes, sucos para exportação, enfim, o que for. A indústria do agronegócio tem muitas alternativas. E a saída é esta mesmo. Nós estamos há 70 anos fazendo dutos do mesmo jeito. Temos que mudar. Se não teremos o mesmo resultado, o mesmo custo. Podemos fazer um projeto piloto, um pedaço pequeno, e avaliar. Isso seria importante.

3
Deixe seu comentário

avatar
3 Comment threads
0 Thread replies
0 Followers
 
Most reacted comment
Hottest comment thread
3 Comment authors
Julio AlonsoCarlos Maurício de Paula BarrosASSIS PEREIRA Recent comment authors
  Subscribe  
newest oldest most voted
Notify of
ASSIS PEREIRA
Visitante
ASSIS PEREIRA

Paulo Fernandes:
A ausência da Petrobras, com exceção de poucos representantes como o Celso Araripe, acredito ser motivado pelo clima acirrado referente as eleições presidenciais em curso no Brasil neste momento. Mas tudo passa e a normalidade volta a reinar por aqui.
Tenho certeza que a Liderroll como empresa inovadora já consagrada pelo mercado vai representar bem o Brasil na maior feira dobre pipelines do mundo.
A Liderroll está concorrendo com algum trabalho este ano?
Grande abraço
João Batista de Assis Pereira

Carlos Maurício de Paula Barros
Visitante
Carlos Maurício de Paula Barros

Para ganhar o premio Asme de Tecnologia precisa ter um produto de primeira classe, como o da Liderrol, desenvolvido por alguém com o idealismo e determinação do Paulo Fernandes. A participação expressiva da Liderrol e do Paulo em Calgary confirma as duas afirmativas.
Parabéns
Carlos Maurício

Julio Alonso
Visitante
Julio Alonso

Paulinho, parabéns pela ousadia e coragem! Enquanto as empresas brasileiras estão quebrando por terem ficado limitadas ao mercado local, voce está abrindo novos mercados para a Liderroll!
Grande exemplo a ser seguido!
Grande abraço

Julio