COMEÇA NO CANADÁ O MAIOR E MAIS IMPORTANTE ENCONTRO DAS EMPRESAS DE PIPELINES DO MUNDO
CALGARY -Mais de duzentas e cinquenta empresas, de trinta países diferentes, começam nesta terça-feira (27) a expor as novas tecnologias na maior e mais importante feira mundial de dutos, realizada a cada dois anos aqui no Canadá. Paralelamente, está sendo realizada também a conferência internacional (IPC), onde são apresentados diversos trabalhos sobre o segmento dutoviário, que o Petronotícias vem apresentando ao longo deste mês de setembro. Alguns deles também concorrem ao Prêmio ASME de Tecnologia. O encontro, que acontece a cada dois anos, se reveza com o Rio de Janeiro no evento Rio Pipeline. Este ano, a feira tomou uma dimensão ainda maior, com recorde de empresas interessadas participando. E mais uma vez apenas uma empresa brasileira está participando aqui, a Liderroll, que em 2011 venceu o Prêmio ASME pela criação de sua tecnologia dos roletes motrizes, lançadores de tubulações de qualquer tamanho, em qualquer tipo de túnel.
Há alguns brasileiros presentes participando da conferência. assistindo a algumas palestras e fazendo do stand da Liderroll, o maior da feira, um ponto de encontro e de interrelacionamento com os maiores executivos internacionais presentes, que escolheram o espaço brasileiro para conversas de negócios.
O Petronotícias, num esforço de levar os mais importantes eventos internacionais aos seus leitores, também está presente no Canadá e conversou com o Presidente da Liderroll, Paulo Fernandes (foto), que chegou em Calgary no domingo (25):
Por que a decisão de vir para o Canadá, participar da feira?
Essa decisão não é de hoje, não. Foi uma decisão que nós tomamos em 2007, no ano de fundação da empresa, quando participamos da Rio Pipeline, com um estande modesto, mas bem representativo, e recebemos a indicação do próprio IBP que nos incentivou a vir para o evento no Canadá. Então nós viemos em 2008, junto com a Transpetro, o IBP e algumas outras empresas que formavam o Pavilhão Brasil. Em 2010, retornamos com o IBP para o mesmo Pavilhão Brasil. Já em 2012, a Transpetro se retirou do evento, e viemos apenas com a ANP, o IBP e o CTDUT. Em 2014, nenhuma outra empresa brasileira participou. E montamos um estande especial que, de tão bonito e mostrando a simpatia brasileira, acabaou virando centro de conversas e negócios. Estiveram engenheiros e técnicos da Petrobrás, o presidente do TAG, Dr. Rogério de Mattos, muitos executivos de empresas brasileiras e alguns profissionais que apresentaram seus trabalhos na conferência. Foi uma grande confraternização.
Daí a decisão de comprar toda esta área que seria do Pavilhão Brasil?
Na verdade ficamos sensibilizados com isso. O Brasil divulgando o pré-sal, incentivando empresas internacionais a irem para o Brasil e ninguém veio para o Canadá representar o nosso país aqui. Em 2014 então eu decidi renovar a compra desse espaço para que o nosso país pudesse ser visto pelo mercado internacional. Foi um erro estratégico as nossas instituições mais representativas não apoiarem este evento que é o mais importante no segmento de dutos no mundo. Assim como fiz em 2014, este ano me empenhei ao máximo tentando incentivar algumas empresas e instituições a estarem com a Liderroll aqui. Dividiríamos este espaço, mas acho que não consegui bons argumentos para convencê-los. Teríamos grande satisfação em ceder para manter o nosso país aqui em evidência. Vamos ver o que acontecerá em 2018.
Chegou a procurar alguma instituição?
Claro. Fiz alguns convites. Procurei pessoalmente o IBP, a ANP, o Ministério das Minas e Energia, e ninguém quis vir, infelizmente. Mas nós estamos aqui. Aos pouquinhos, conquistando a confiança do empresariado e da indústria canadense e internacional. E acredito que este evento será muito bom para a Liderroll e por que não dizer para o Brasil? Sinto que eu não falo isso só em nome da Liderroll, mas em nome da Comunidade Dutoviária do Brasil, dos verdadeiros gladiadores de negócios, amigos, que eu sei que têm dificuldades. Então eu falo em nome da nossa comunidade, do IBP, do CTDUT, porque nós temos que estar unidos. Se as empresas não se unirem, fica difícil. É uma pena estar aqui sozinho, mas o Brasil estará bem representado. Tanto pela empresa quanto por nossa equipe. Estamos trazendo um time de alta qualidade, profissionais seniors, temos uma agenda bastante rica, interessante, com reuniões e jantares agendados com empresas de porte aqui mesmo do Canadá, empresas de projetos, inclusive empresas americanas, que estão vindo dos Estados Unidos para nos visitar aqui, conhecer o nosso trabalho. Em 2014, realizamos um coquetel de confraternização, que foi uma festa brasileira para os estrangeiros. Este anos decidimos fazer esta confraternização desde o primeiro dia. Vamos receber todos bem, inclusive as empresas e as instituições brasileiras que mandaram representantes.
Com o mercado brasileiro fechado, a Liderroll vai investir nesta política de internacionalização?
Nós acreditamos que a venda da rede de dutos brasileira para um grupo justamente canadense pode abrir algumas oportunidades neste setor. E queremos estar prontos para dar suporte a este grupo no Brasil. Há muitas oportunidades também já que a Transpetro pode usar o monitoramento de vazamento e verificações especiais para checar a integridade dos tubos. Por sinal, a tecnologia mais desenvolvida neste campo é brasileira, com patente internacional registrada. Soube inclusive que será apresentado aqui um trabalho com este mesmo viés por uma empresa americana. Mas o Brasil tem a tecnologia de última geração patenteada, mas ainda não utilizada, embora ela seja comprada para monitorar gasodutos e oleodutos de vários países do mundo. No campo internacional, temos grande perspectiva e estou muito feliz por isso. Trazer a tecnologia brasileira para uma feira destas e receber os elogios e o reconhecimento que recebemos é realmente especial para nós. É uma tendência natural das empresas que estão crescendo no Brasil em busca de ganhar espaços internacionais.
E no Brasil, vê perspectivas?
Eu sou um eterno otimista e vejo sim. O mercado por lá anda muito difícil, não há negócios. Esperamos uma retomada nos investimentos. A própria Brokfield pode levar para o Brasil um conhecimento que pessoalmente venho defendendo há muitos anos: a construção de novos gasodutos de forma aparente. Mais inteligente, extremamente mais econômico, com sistemas de detecção muito mais eficientes do que nos dutos enterrados. Podemos ter dutos compartilhados por vários clientes. Dutos fincados para transporte de granéis. Tem a construção de novos túneis na expansão de nossa rede. Isso é importante do ponto de vista ambiental. Não precisamos mais degradar grandes áreas para que o progresso se instale. A tendência da construção desses túneis com lançamentos dos dutos com o uso da nossa tecnologia é muito mais inteligente e segura. Já temos exemplos para mostrar. Tanto no Gasduc III como no Gastau, o túnel de cinco quilômetros que cortou a Serra do Mar, sem afetá-la. Mas, independentemente do que está acontecendo no nosso mercado, temos que olhar para fora também. O mundo está globalizado e estamos atentos. Não é muito fácil uma empresa brasileira de tecnologia vir para exterior e conseguir sucesso rápido. Para empresas construtoras é mais fácil. Vai para um ou outro país achando seu espaço, como todas as grandes empresas que apostaram nisso, no campo da engenharia, da execução. Nós viemos no campo da venda da tecnologia. No Brasil, estas iniciativas precisam de mais apoio.
Mas mesmo assim a Liderroll ganhou um prêmio internacional…
Sem dúvida. Nós ganhamos o Prêmio ASME de tecnologia. E essa distinção, concorrendo com empresas do mundo inteiro, veio de investimentos nossos, sem ajuda de ninguém. Nem do governo, nem de dinheiro externo. Nada. Só com nosso esforço e nossos recursos. Já houve quem me dissesse que de vez em quando falamos nesse prêmio, vencido há cinco anos, em 2011. Não sei se é inveja ou não, mas posso dizer que, até onde sei, somos a única empresa privada brasileira a conseguir esta honra.
Há poucos investimentos no Brasil no setor de petróleo?
Independente da crise no mercado nacional, que não é somente a crise, mas a falta de investimento do maior cliente nosso, que é a Petrobrás, que está focada hoje em se reerguer. A missão dela é produzir, escoar, refinar. Acho que até no futuro ela poderá terceirizar isso, porque ela tem que ficar com a missão que é a mais importante. A missão estratégica do país. Mas em função disso, da falta de investimento neste segmento, decidimos apostar no mercado internacional. Estamos colocando um pé no Peru, praticamente os dois aqui no Canadá, com os olhos voltados para oportunidades na Ásia e no Oriente Médio.
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