COMITIVA COM ESPECIALISTAS DA AGÊNCIA ATÔMICA É ATACADA POR UM DRONE NA CHEGADA À USINA NUCLEAR NA UCRÂNIA
Um veículo da comitiva da Agência Internacional de Energia Atômica foi atingido e danificado por um drone no dia da última rotação da equipe de especialistas da agência na usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, ocupada pelo Exército da Rússia. O motorista da AIEA e um oficial de segurança, que estavam no veículo no momento do ataque do drone, saíram ilesos. O incidente aconteceu às 14:05, horário local, na terça-feira (10), a cerca de 8 quilômetros da linha de frente, dentro do território controlado pela Ucrânia. O Diretor Geral Rafael Mariano Grossi foi duro ao protestar contra o ataque: “Condeno nos termos mais firmes este ataque à equipe da AIEA. Felizmente, não houve vítimas, e nossas equipes estão seguras. A rotação foi concluída. Eu disse no passado que atacar uma usina nuclear é algo inaceitável. Atacar aqueles que se importam com a segurança nuclear e a proteção dessas usinas também é absolutamente inaceitável.” A agência não atribuiu culpa pelo ataque com drones. A Ucrânia e a Rússia culparam um ao outro. A usina nuclear de Zaporizhzhia é a maior da Europa e está sob o controle das forças militares russas desde o início de março de 2022. Ela está situada perto da linha de frente das forças militares russas e ucranianas. A AIEA tem especialistas posicionados na usina desde setembro de 2022 como parte dos esforços para promover a segurança nuclear no local.
Rafael Grossi fez um discurso durante o Fórum do Prêmio Nobel da Paz de 2024, alertando que o mundo chegou a uma encruzilhada crucial. “A guerra retornou à Europa, e envolve diretamente um estado com armas nucleares. O conflito na Ucrânia também é um confronto indireto entre os maiores estados com armas nucleares do mundo, o primeiro desde o fim da Guerra Fria. Mas exercícios nucleares e referências abertas ao uso de armas nucleares no teatro desta guerra estão aumentando os riscos e não podem ser ignorados”, disse.
Ele também se referiu às tensões entre Israel e Irã: “De um lado, a presença assumida de armas nucleares paira no fundo. Do outro, o potencial muito real da proliferação nuclear está aumentando as apostas. Nós nos encontramos em um ciclo prejudicial: a erosão das restrições em torno das armas nucleares está tornando esses conflitos mais perigosos. Enquanto isso, esses conflitos estão contribuindo para a erosão das restrições. A dinâmica do círculo vicioso está em movimento”, declarou.
“Precisamos atravessar tempos perigosos reconhecendo limitações e mantendo nossos olhos em nossos objetivos comuns. O desarmamento nuclear não pode ser imposto aos armados nucleares. Realismo não é derrotismo. Diplomacia não é fraqueza. Tempos difíceis exigem liderança esclarecida, em nível nacional e também em nível internacional. Colocar o sistema internacional de volta nos trilhos está ao nosso alcance”, finalizou Grossi.
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