COMO AS SIDERÚRGICAS BRASILEIRAS, A ABIQUIM APONTA OS PREÇOS DE IMPORTAÇÃO DA CHINA COMO VILÃO PARA INDÚSTRIA QUÍMICA NACIONAL
Depois de aprovado a volta REIQ, agora o setor químico brasileiro vive uma nova preocupação: os principais índices de desempenho do segmento de produtos químicos de uso industrial registraram os seguintes resultados negativos em outubro de 2023, na comparação com o mesmo mês do ano anterior: os índices de produção e de vendas internas apresentaram variações em outubro deste ano de -5,66% e -4,40%, respectivamente, enquanto o Consumo Aparente Nacional (CAN) e as importações da amostra do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) subiram expressivos 9,8% e 28,8%, nesta ordem. No que se refere à utilização da capacidade instalada, o segmento operou no patamar de 66% em outubro deste ano, cinco pontos percentuais abaixo de igual mês de 2022 (71%). Em relação aos preços, o segmento de produtos químicos de uso industrial registrou inflação de 4,92% em outubro de 2023, segundo mês consecutivo de alta nominal, de acordo com o IGP Abiquim-Fipe, reflexo, basicamente, do mercado internacional. Apesar do cenário de incertezas, as últimas projeções do Boletim Focus, Banco Central, indicam que o PIB deve encerrar 2023 com crescimento de 2,92%. O Boletim projeta, ainda, a taxa Selic em declínio para o próximo ano, devendo encerrar 2024 no patamar de 9,25%, enquanto para o câmbio, apesar das recentes oscilações, as projeções são de um valor de R$ 5,00, para final do próximo ano. No acumulado de janeiro a outubro de 2023, sobre igual período do ano passado, todos os índices acompanhados apresentam resultados negativos em volume, exceção às importações da amostra do RAC, que apresentaram crescimento de 3,9%.
O consumo aparente nacional (CAN) recuou 2,8% entre janeiro e outubro de 2023, sobre igual período do ano passado, refletindo, principalmente, o declínio de 10,09% verificado no índice da produção. O índice de utilização da capacidade instalada ficou em 65% na média entre janeiro e outubro de 2023, seis pontos abaixo do patamar de igual período de 2022. Já o índice de preços IGP Abiquim-Fipe apresentou deflação de 10,63%, sobretudo pelas deflações apuradas entre os meses de abril e agosto. De acordo com Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a indústria química poderia aproveitar muitas oportunidades de exportação, com a ocupação do parque instalado ocioso, que está atualmente em expressivos 35%, patamar mais alto da série desde 2007: “A situação fica ainda mais crítica quando se avalia o crescimento do volume de produtos importados e seus respectivos preços, originários de países da Ásia. A demanda local desses países recuou, mas eles estão se beneficiando do recebimento de petróleo e derivados da Rússia com preços que representam cerca de 1/3 do valor internacional.”Essa razão, segundo dados do CEFIC – European Chemical Industry Council, a produção da indústria química chinesa cresceu 9,2% entre janeiro e setembro de 2023, sobre igual período do ano anterior, com parcela expressiva desse volume sendo destinada ao mercado externo, incluindo o Brasil. Já a produção de químicos na Rússia teve alta de 5,0%, enquanto os demais países apresentaram recuo de produção no mesmo período.
Coviello afirma que se forem excluídos os produtos intermediários para fertilizantes, o volume importado no Brasil cresceu 5,7% entre janeiro e outubro deste ano, sobre iguais meses do ano passado, enquanto os preços médios desses produtos recuaram 20,9%. Se considerados os intermediários para fertilizantes, o preço médio apresentou recuo de expressivos 33,9%. “Além do setor químico estar vivendo um dos seus piores momentos, o País também está perdendo.” Dados divulgados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, mostram que a arrecadação das receitas federais, excetuando-se as previdenciárias, do segmento de “Fabricação de Produtos Químicos” alcançou R$ 23,5 bilhões entre janeiro e outubro de 2023, valor 23,1% inferior ao montante acumulado entre janeiro e outubro de 2022, ocasião em que a arrecadação federal do setor havia sido de R$ 30,6 bilhões. “Como a química ocupa a terceira posição dentre os setores que compõem o PIB industrial, mas é a primeira em arrecadação de impostos federais, esse recuo da arrecadação de químicos, de R$ 7 bilhões, reflete o cenário atual que vem sendo destacado neste relatório, em que o setor apresenta fortes recuos de preços no mercado internacional, associado a fortes quedas de demanda.”
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