COMPETIÇÃO ENTRE PRODUTORES DEVE MANTER BAIXO O PREÇO DO PETRÓLEO
A competição global por mercados tende a se acirrar entre países produtores de petróleo, conforme o indicado no relatório mensal da Agência Internacional de Energia (AIE). À medida que a produção mundial em crescimento leva o mercado a vias de saturação, o barril do combustível deve continuar com preços baixos. A análise indica que a combinação entre a redução da demanda e o crescimento da produção de óleo de xisto nos EUA seria a principal responsável pelas quedas consecutivas no valor do petróleo em âmbito global. Desde junho, o preço do barril sofreu redução de quase 50%.
O cenário de disputa tem se intensificado conforme a Opep, cartel de produtores de petróleo, manteve alta sua produção, o que tem causado pressão sobre o mercado internacional. Os países do Golfo investem massivamente em estrutura e continuam a ampliar os volumes produzidos, como é o caso do Irã, que atingiu recentemente sua maior produção desde meados de 2012.
De acordo com a AIE, essas mudanças têm afetado o mercado norte-americano. Após meses de corte de custos e baixa no processo de extração, o aumento no suprimento de petróleo nos EUA aparenta estar se reduzindo. As análises da agência indicam, no entanto, que a competição ainda não acabou e deve se acirrar ainda mais.
Um fator influente sobre essa previsão é o bom desempenho obtido recentemente por países produtores de fora da Opep. O relatório aponta para o caso da Rússia, cujas petrolíferas lidaram “excepcionalmente bem” com a queda do preço dos barris, tendo sido favorecidas por um regime tributário que atenua o pagamento de impostos em cenários de desvalorização do combustível e da moeda. O Brasil também é citado como exemplo nesse contexto: a agência nota que, apesar dos recentes problemas na Petrobrás, a produção do país foi elevada em 17% no primeiro trimestre, em comparação ao ano passado.
A análise da AIE indica que, mesmo que um possível crescimento na demanda contribua para limitar a saturação por que passa o mercado, o aumento do consumo em âmbito mundial não será excepcional. O documento ainda sinaliza que o processo pode se expandir para a área de refinaria, o que acabaria por anular a recente alta no preço do petróleo.
A agência conclui que, frente às turbulências políticas que persistem no Oriente Médio, os riscos atuais sobre o preço do combustível são altos. Nesse cenário, a baixa na produção petrolífera norte-americana, cujo papel é central no fornecimento global da matéria-prima, pode trazer um grande impacto e gerar instabilidade no mercado internacional.
Deixe seu comentário