SIMPÓSIO DEBATERÁ FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA ATENDER A RETOMADA DE PROJETOS NUCLEARES NO PAÍS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

WhatsApp Image 2020-08-01 at 10.39.09Com os preparativos para retomar as obras de Angra 3 cada vez mais em ritmo acelerado e os planos de construir até 10 GW em novas usinas nucleares até 2050, o setor nuclear brasileiro se vê diante da necessidade de preparar os profissionais para estes projetos. A formação de novos talentos, como o Petronotícias já publicou várias vezes, é um tema recorrente no meio. É tão relevante que será tema de um simpósio que está programado para acontecer entre 24 e 27 de novembro, no Rio de Janeiro, sob a batuta da Seção Latina-Americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS/ANS). A coordenação do evento está nas mãos do membro do conselho executivo da LAS/ANS, Orpet Peixoto. Em entrevista ao Petronotícias, ele conta que o congresso vai tratar de temas como gerenciamento do conhecimento nuclear, desenvolvimento de recursos humanos, ferramentas para desenvolvimento pessoal e manutenção de conhecimento, entre outros. A organização manteve os planos de realizar o evento presencialmente, mas dependendo da situação da pandemia nos próximos meses, o congresso poderá migrar para o ambiente virtual. As inscrições e o cronograma estão disponíveis no site oficial do simpósio.

O assunto abordado pelo congresso é importante neste momento em que o Brasil está planejando retomar a construção de usinas nucleares. Qual sua avaliação sobre este tema para o contexto atual do setor no país?

O simpósio trata de dois assuntos: a formação de pessoal e a manutenção do conhecimento nuclear no Brasil e na América Latina. O evento é bastante importante neste momento por causa da retomada de Angra 3 e a previsão de construção de 10 GW de novas centrais nucleares no Brasil até 2050, além de outras iniciativas dentro do Programa Nuclear Brasileiro.

Nós temos algumas gerações com avançada idade e  que, naturalmente e merecidamente, estão deixando suas atividades para uma aposentadoria. É comum ver nas empresas nucleares alguns programas de demissão voluntária. Fora isso, é natural o turn over the profissionais. Por sua vez, o nosso sistema de formação tem dado uma resposta bastante positiva. Isso está expresso na graduação de Engenharia Nuclear que existe na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, a partir do ano que vem, no curso de graduação que será iniciado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Em termos de pós-graduação, prosseguem alguns programas para formação de pessoal. Obviamente que o programa de formação na pós-graduação é muito dependente dos programas e projetos que estão dentro das instituições. Por exemplo: existem instituições da área nuclear que possuem programas para desenvolvimento e automaticamente abrigam formação em nível de pós-graduação. Isso é algo a ser fomentado.

Quais serão os principais temas debatidos no congresso?

O simpósio terá alguns temas principais. O primeiro vai abordar como gerenciar o conhecimento nuclear, seja dentro de uma empresa ou do Estado, evitando a perda de capacidade técnica. O segundo será o desenvolvimento de recursos, com educação e treinamento. Em terceiro, será o debate sobre as ferramentas que hoje são desenvolvidas para desenvolvimento pessoal e manutenção de conhecimento – como aplicativos de captura de experiência e sistemas virtuais – nos quais os antigos funcionários deixam sua experiência gravada para as novas gerações. Em quarto, vamos debater como a América Latina tem participado globalmente desse movimento de manter o conhecimento. O quinto será o debate sobre como as nossas as indústrias abordam esse problema. E o último será sobre quais são as novas ferramentas de gerenciamento de conhecimento, como inteligência artificial, etc.

O que precisa ser feito no Brasil hoje para atender as possíveis novas demandas futuras no setor nuclear do país?

Em relação a pessoal, o que temos no Brasil hoje é um gap relativamente importante entre a geração sênior, que está saindo, e a nova geração que está vindo. E há ainda o fato dos programas nucleares terem sofrido uma interrupção por um longo tempo. Então, você tem bastante gente nova procurando emprego, mas é preciso ter meios de prover qualificação a esses profissionais de maneira a atender as necessidades do programa.

A indústria e os órgãos de estado estão apoiando a contratação do pessoal que ainda está em nível júnior, chegando a pleno. E existem alguns seniores que estão naturalmente deixando o serviço. Existe um gap nesse meio, que seria a parte de profissional pleno e profissionais, diria, recém-sênior. Esse gap precisa ser devidamente gerenciado para termos uniformidade na cadeia de emprego na área nuclear.

Quando acontecerá o Simpósio? Ele será presencial?

O congresso está marcado entre os dias 24 e 27 de novembro, no Rio de Janeiro, na sede da CNEN. Obviamente, dependemos de como a situação relativa ao Covid-19 vai se desenrolar. A depender da situação, teremos que fazer o evento de maneira virtual.

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