CONSELHEIROS INDEPENDENTES DISCORDAM DE CÁLCULO USADO NO BALANÇO FINANCEIRO DA PETROBRÁS

Os resultados financeiros da Petrobrás em 2015 balançaram a indústria nacional, mas não foram aprovados com unanimidade dentro da empresa. Divulgado nesta semana, o balanço com prejuízo recorde de R$ 34,8 bilhões foi autorizado por três votos a dois no Conselho Fiscal da companhia, que apontou recomendações e trouxe críticas à elaboração das finanças feita pela empresa. Na ata da reunião, os representantes dos acionistas minoritários Reginaldo Ferreira Alexandre e Walter Luis Albertoni fizeram críticas ao cálculo de baixas contábeis e ao uso de instrumento que permite diluir os impactos do câmbio sobre as dívidas da estatal.

As baixas foram um dos principais propulsores do prejuízo da companhia, somando por si só um saldo negativo de R$ 47,7 bilhões. O cálculo já vinha sendo motivo de discordância interna desde 2014, quando a companhia estimou suas perdas derivadas dos esquemas de corrupção investigados pela Operação Lava-Jato. Além disso, os conselheiros criticaram a metodologia usada pela estatal para avaliar o valor de seus ativos, que teriam apresentado resultados diferentes quando calculados por outras instituições do mercado financeiro.

A diluição dos efeitos do câmbio, por sua vez, feito por meio da contabilidade de hedge, não seria adequado à Petrobrás pelo fato da empresa ter a maior parte de sua receita em reais, de acordo com os integrantes do Conselho. O método permite a identificação de receitas futuras com a exportação para compensar como proteção contra a variação do endividamento em moeda estrangeira, de forma que a alta de um dos indicadores compensa as perdas do outro.

Fazendo uso dessa metodologia, a estatal elevou de US$ 50,8 bilhões para US$ 61,5 bilhões o valor de suas exportações, usadas para compensar a variação cambial. A medida, no entanto, foi defendida esta semana pelo diretor financeiro da empresa, Ivan Monteiro, que afirma que a companhia prevê um crescimento nas exportações devido ao aumento produtivo e à queda no consumo interno.