CONSUMO DA MISTURA DE DIESEL E BIODIESEL CRESCE NO BRASIL E DEVE FECHAR O ANO COM NOVO RECORDE
O consumo de diesel B, mistura de diesel A com biodiesel, está em alta no Brasil e deve continuar sua trajetória ascendente no próximo ano. A projeção é da StoneX, companhia global de serviços financeiros, que prevê um crescimento anual de 2,7% na demanda do combustível em 2025, totalizando 69,1 milhões de metros cúbicos. O número representa alta de 2,7% frente ao ano anterior. O volume deve marcar um novo recorde histórico de consumo no país, impulsionado pela intensificação do transporte de insumos agrícolas durante o plantio da safra de soja, nos meses finais do ano.
“O comportamento da demanda neste ano mostra como o diesel B segue diretamente ligado à dinâmica do campo. Mesmo com oscilações pontuais, o consumo deve encerrar 2025 com um novo recorde, sustentado por uma safra robusta e pelo leve crescimento da atividade industrial”, avalia o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Bruno Cordeiro.
Para 2026, as perspectivas permanecem positivas nos principais setores que influenciam o consumo de diesel B, especialmente agropecuária e indústria. No campo agrícola, são esperados novos recordes na produção de soja e avanço na colheita de milho. De forma semelhante, a atividade industrial deve continuar se expandindo em algumas regiões do país. Esse aumento na produção tende a se refletir em maior volume de exportações, elevando o fluxo de veículos pesados nas rodovias que ligam os polos produtivos aos portos de embarque.
Ao mesmo tempo, o Banco Central projeta crescimento mais moderado da economia brasileira, em torno de 1,5% ao ano, enquanto as estimativas para 2025 variam entre 2,0% e 2,2%. Permanecem, contudo, incertezas sobre os efeitos da política tarifária dos Estados Unidos em determinados segmentos produtivos, além do risco de que a desaceleração da economia global impacte as exportações nacionais. Diante desse cenário, a StoneX projeta novo aumento nas vendas de diesel B em 2026, porém em ritmo mais lento do que em 2025 — com alta estimada de 1,9%, para cerca de 70,4 milhões de metros cúbicos.
No caso do diesel A (combustível fóssil), a evolução da demanda dependerá não apenas do volume de diesel B comercializado, mas também da definição da mistura de biodiesel que será adotada em 2026. Segundo a Lei do Combustível do Futuro, a proporção de biocombustível deve crescer 1 ponto percentual por ano até 2030, chegando a 20% ao final do ciclo. Entretanto, em 2025 houve atrasos na implementação do B15, devido a discussões sobre o impacto da alta do óleo de soja nos preços internos e seus reflexos sobre o custo do produto final.
“A StoneX projeta dois cenários: no primeiro, o B15 (15% de mistura de biodiesel) é mantido durante todo o ano, com consumo de 59,9 milhões de m³ de diesel A, representando alta de 1,2% em relação a 2025. No segundo, o B16 (16% de mistura de biodiesel) entra em vigor em março, reduzindo a participação do combustível fóssil para 84%, com demanda de 59,3 milhões de m³ e crescimento de apenas 0,2%. Vale destacar, no entanto, que outros cenários para a adoção do B16 ainda são possíveis, dependendo das decisões do CNPE”, concluiu Cordeiro.

publicada em 10 de outubro de 2025 às 5:00 




