CONSUMO DE ELETRICIDADE QUASE DOBRARÁ ATÉ 2050 E AGÊNCIA ATÔMICA APOSTA NA EXPANSÃO DE PEQUENOS REATORES MODULARES
As projeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estimam que o consumo de eletricidade quase dobrará até 2050. A demanda global por energia está aumentando à medida que os países se esforçam para desenvolver suas economias e sustentar suas sociedades em um contexto de mudança climática. No entanto, mais de 60% da geração global de eletricidade vem de combustíveis fósseis não reduzidos. Para enfrentar o desafio de impulsionar seu desenvolvimento socioeconômico e garantir a segurança do fornecimento de energia enquanto protege o planeta, um número crescente de países está expandindo ou buscando a energia nuclear como uma fonte de energia de baixo carbono, mas confiável. Esse é um dos principais temas da Conferência Internacional sobre Pequenos Reatores Modulares e suas Aplicações, que está sendo realizada em Viena, na Áustria, até sexta-feira ( 25).
A energia nuclear é a segunda maior fonte de eletricidade de baixo carbono hoje, depois da energia hidrelétrica, e responde por cerca de 25% da eletricidade limpa do mundo. Trinta e um países operam mais de 400 reatores de energia nuclear, e cerca de outros 30 estão interessados em introduzir a energia nuclear em sua matriz energética. Embora os reatores em operação atualmente continuem na vanguarda da descarbonização da eletricidade em muitos países, a inovação nuclear está trazendo novas tecnologias e projetos, como pequenos reatores modulares (SMRs), que podem oferecer uma opção viável para obter energia limpa e abundante acessível a mais países. Aliás, o uso dos pequenos reatores modulares seria uma das pautas da conversa entre o Presidente Lula e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante o encontro dos Brics, em Moscou.
Os SMRs têm uma capacidade de energia de até 300 MW(e) — cerca de um terço da capacidade de geração de um reator de energia nuclear tradicional. Seus componentes podem ser fabricados em massa, transportados e instalados, o que pode torná-los mais acessíveis e rápidos de construir. Os SMRs também podem ser instalados em locais remotos e em áreas sem linhas de transmissão e capacidade de rede suficientes. Eles estão sendo considerados para aplicações elétricas e não elétricas e são adequados para operação flexível, fornecendo estabilidade às redes elétricas em sistemas de energia integrados que combinam energia nuclear, renováveis variáveis e armazenamento de energia para fornecer fornecimento de energia resiliente e limpa a diferentes usuários na forma de calor, eletricidade e hidrogênio.
Avanços significativos foram feitos nos últimos anos no design e desenvolvimento de tecnologia de SMR, e há mais de 80 designs de SMR em diferentes estágios de desenvolvimento globalmente. Esses tipos de reatores podem usar tecnologias de segurança inovadoras, incluindo um uso substancial de recursos de segurança passivos e inerentes, diferentes tipos de combustíveis e refrigerantes e diferentes abordagens para praticamente todos os aspectos do ciclo de vida de um reator, como construção, comissionamento, operação, descomissionamento, gerenciamento de resíduos radioativos e combustível irradiado e transporte.
Os projetistas de SMR também estão considerando novas abordagens para segurança e salvaguardas por design. Semelhante às usinas nucleares tradicionais, os fornecedores e operadores de SMR serão obrigados a demonstrar que novos aspectos atendem aos requisitos de segurança. As primeiras unidades de SMR já estão em operação na China e na Rússia, enquanto outros países estão se preparando para seu comissionamento. Alguns deles estão passando por revisões de pré-licenciamento ou licenciamento, enquanto outros concluíram essas etapas e entraram ou devem entrar em operação comercial nesta década. Uma implantação maior de diferentes tipos de SMRs, incluindo microrreatores, é esperada para 2030 e além. A AIEA diz que apoia os esforços dos Estados-Membros no desenvolvimento e na implantação segura e protegida de SMRs. Para acelerar esses esforços, a AIEA estabeleceu a Plataforma da AIEA sobre SMRs e suas Aplicações (Plataforma SMR) e a Iniciativa de Harmonização e Padronização Nuclear (NHSI). A Plataforma SMR é um ponto focal para as atividades da AIEA neste campo e fornece suporte coordenado e expertise de toda a Agência. O objetivo desta conferência é fornecer um fórum internacional para fazer um balanço do progresso e discutir as oportunidades, os desafios e as condições favoráveis para o desenvolvimento acelerado e a implantação segura de SMRs entre todas as possíveis partes interessadas em SMRs.
Se o mundo irá duplicar a geração de eletricidade até 2050, o Brasil precisará triplicar a sua geração, caso queiramos nos aproximar dos padrões de vida dos países industrializados. Notemos que estamos falando de eletricidade efetivamente produzida e consumida, não de geração instalada mas sem capacidade de gerar com elevados fatores de capacidade, em torno de 80% ou acima, por falta de sol ou vento. Os SMRs são promissores principalmente porque reduzem o CAPEX necessário para grandes reatores, sua real grande barreira. Além disso vários SMRs deverão operar com temperaturas elevadas, da ordem de 800 graus Celsius, tornando-os capazes de… Read more »
Entre todas as 400+ usinas nucleares operando no planeta e outras tanto sendo construídas, Angra 3 (e sua família), é a mais complexa e uma das maiores, resultando em mega CAPEX de difícil definição com algumas precisão, pois os riscos são tantos e tão pouco dimensionáveis, que se transformam em incertezas. Investir bilhões incertos em obra com final incerto transcende a incerteza.