CONTA DA QUEBRA DO CONTEÚDO LOCAL AMEAÇA OS ESTALEIROS DE PERNAMBUCO
As repercussões da decisão de quebrar conteúdo local continuam apresentando a sua conta e mostrando os seus reflexos. E pode ser o golpe de misericórdia no setor naval do País, sobretudo para os negócios instalados em Pernambuco. A decisão da Petrobrás de comprar navios e plataformas no exterior, motivada por questões econômicas, pode terminar de sufocar os já cambaleantes estaleiros Atlântico Sul (EAS) e Vard Promar, instalados em Suape. Há anos os empreendimentos tentam, sem sucesso, conquistar novas encomendas para sobreviver depois de terem as suas carteiras corroídas pela crise de contratos da petrolífera e os impactos da Operação Lava Jato. Até o fim deste mês, o Sindimetal-PE pretende realizar um ato para denunciar a situação do setor naval em Pernambuco.
Mesmo depois de o Governo do Estado ter alardeado conquista de novas encomendas que dariam sobrevida ao EAS – 13 navios para a Staco, garantindo trabalho até 2022 – , o negócio ainda não se concretizou efetivamente porque depende do aval da Petrobrás. Diante da ausência de novos pedidos, com a Transpetro cancelou metade do seu pacote, o empreendimento pode ficar sem encomendas a partir de 2019, com consequências gravíssimas para o Estado e para o setor, sem falar no gigantesco número de desempregados como consequência direta.
O EAS emprega diretamente 3,8 mil pessoas e tem mais cerca de 700 terceirizados. Já o Vard Promar, também carente de novas encomendas, emprega mais 1,6 mil pessoas diretamente e outras 1,5 mil indiretamente. O Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindimetal-PE) tem uma preocupação fundamentada: “Nosso temor é ter estaleiros fechados como em outros estados”, disse o presidente do Sindimetal-PE, Henrique Gomes.
Ainda restam cinco navios do tipo Aframax para construção, com finalização prevista para 2019. Já o Vard tem quatro navios. Dois prontos e dois somente para encaixe. Além da carteira, as dívidas do setor inquietam o sindicalista. O EAS tem um débito de R$ 1,3 bilhão com o BNDES. Considerando outros bancos, a dívida ultrapassa R$ 350 milhões para pagamento em 2017. O risco será chegar à recuperação judicial, em caso do não cumprimento desse compromisso.
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