CONTINGENCIAMENTO DAS FORÇAS ARMADAS E NECESSIDADES DE PROTEÇÃO DA COSTA PODE FAZER MARINHA COMPRAR NAVIOS USADOS
O contingenciamento no Ministério da Defesa e a necessidade de ampliação das defesas da Amazônia Azul pode fazer a Marinha do Brasil estudar adquirir navios da Austrália e do Canadá nas chamadas compras de oportunidade. Essa decisão deverá ser tomada até a metade do ano que vem. A necessidade é de seis a oito fragatas e destroieres. Em março, o setor de material da Marinha montou uma comissão destinada a identificar até oito escoltas em operações que poderiam interessar à Força de Superfície brasileira. É uma adaptação do Programa de Obtenção de Meios de Superfície, o PROSUPER, elaborado no fim da década de 2000, que previa a construção no país (sob assistência estrangeira) de cinco fragatas pesadas, na faixa das 6.000 toneladas, planejamento que o governo Dilma Roussef congelou em 2015.
Os atuais meios de superfície da Esquadra terão a sua vida útil prorrogada até o limite das suas forças. O motivo é a postura adotada, dentro da discrição possível, pela Alta Administração Naval (Comandante da Marinha + Almirantado). Deixando de lado os patrulheiros da classe Amazonas, os chefes navais computam para a Esquadra, em um futuro próximo, somente a corveta Barroso modernizada pela indústria naval alemã (offset do programa Tamandaré), três fragatas classe Niterói que já vem sendo revitalizadas e, possivelmente, uma corveta classe Inhaúma. Cinco navios no total. O grupo de trabalho montado pelo setor de material tem um ano para investigar as características dos navios que mais se adequam às nossas necessidades e, sobretudo, sua disponibilidade, como prazos, necessidades de reforma, preços, etc.
O plano de investimento em escoltas usados deve importar numa aplicação de recursos da ordem de 800 milhões a 1 bilhão de dólares, e ainda não há, claro, uma equação para que esses valores possam ser garantidos. Entre as diretrizes que norteiam a escolha dos navios ficou definido: o ideal seria que todos fossem da mesma classe. Caso isso não seja possível, a comissão aceitará indicar ao Gabinete do Comandante da Marinha duas classes diferentes, mas desde que elas possuam sensores e armamentos iguais ou semelhantes.
Até este momento, há possibilidades em estudo pelo comitê em navios usados. Esses estudos estão centrados nas oito fragatas ANZAC, de 3.600 toneladas, da Real Marinha Australiana, e nove destróieres (foto à direita) (6.200 toneladas carregados). Os australianos já anunciaram que vão começar a dar baixa em suas ANZAC no ano de 2024. Elas serão substituídas, a partir de 2027, pelos escoltas do Programa SEA5000. (Duas outras ANZAC pertencentes à Marinha da Nova Zelândia só serão desativadas em 2030.) Outra classe que atrai os analistas da comissão é a Halifax, da Marinha canadense. As 12 fragatas de patrulha tipo Halifax( foto a esquerda), de 4.770 toneladas e grande autonomia – 17.600 km –, passaram, no período 2010-2016, por um programa de atualização de sistemas. E, até onde se sabe, não há prazos para que deixem a ativa.
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