CRESCIMENTO DO MERCADO NAVAL LEVA VICTAULIC A ESTUDAR INSTALAÇÃO DE FÁBRICA NO BRASIL
Por Paulo Hora (paulo.hora@petronoticias.com.br) –
Com planos de expansão internacional e confiante com as perspectivas do mercado naval brasileiro, a Victaulic estuda instalar uma fábrica no país. Segundo o Gerente Geral do escritório da empresa no Brasil, Daniel Rohë, o renascimento da indústria naval brasileira, com as encomendas da Transpetro, atraiu a atenção do mundo inteiro e com eles não foi diferente. Agora estão fazendo as análises de custo e mercado para avaliar a viabilidade de uma planta industrial própria aqui. Para ele, a política de conteúdo nacional é uma boa iniciativa, mas defende que o Brasil precisa incorporar também a tecnologia do exterior: “a regra do conteúdo local é boa, mas precisa de cautela, pois o que separa o remédio do veneno é a dose”. A Victaulic, já com fábricas nos Estados Unidos, México, Canadá, Polônia e China, apresentará, na Navalshore, que começa hoje (12), uma nova linha de equipamentos e planeja ampliar sua atuação no Brasil focada em três áreas: óleo e gás, construção mecânica e indústria naval.
Qual é a tecnologia que a Victaulic pretende apresentar no evento?
A tecnologia, em si, não é nova, pois já existe desde a fundação da empresa, há 95 anos. A novidade é a forma com que é feita a conexão. A Victaulic é a líder do setor e tem a patente de um conceito mais leve, que proporciona um encaixe mais fácil e acelera a montagem de tubulações. O tempo de instalação de outras tecnologias é o dobro do nosso.
Quais são as vantagens dos sistemas de tubulação sulcados?
Esse termo, na verdade, é uma tradução de “Grooved”, que não pegou. Também pode ser chamado de “ranhurado”, já que a ranhura do tubo é rebaixada para facilitar o encaixe. A resistência é a mesma das tubulações soldadas, mas com maior rapidez e segurança na instalação, além de menor custo.
O que mais vocês irão apresentar na Navalshore?
Apresentaremos uma nova linha de desacoplamento mecânico. São válvulas dos tipos esfera, ideal para abertura e bloqueio rápidos; borboleta, utilizada especialmente para gases e líquidos em baixa pressão; e retenção, que previne a reversão do fluxo de forma rápida e automática. Também será apresentado o sistema de vávulas em delta, utilizado na manobra de granéis.
Quais são os próximos planos de investimento da Victaulic no Brasil?
Não há como falar em números, mas a Victaulic aumentará seus investimentos em óleo e gás, construção mecânica e na área naval. Começamos nossas atividades no Brasil muito recentemente. Em 2010, abrimos nossa filial, mas demorou um ano para começar a funcionar.
Por que a Victaulic avalia que o Brasil se tornou um mercado interessante?
Já é um mercado interessante há muito tempo. Acho que demorou demais para começar a busca por atingir todo seu potencial. A Victaulic está se internacionalizando e o Brasil chamou nossa atenção com o renascimento do mercado naval nos últimos anos. As necessidades da Petrobrás, com as encomendas da Transpetro, alavancaram esse crescimento e isso foi divulgado internacionalmente.
O problema é que, muitas vezes, as empresas não medem os obstáculos de infraestrutura, tributos e mão de obra. A Victaulic enxerga no longo prazo, tentando entender o mercado e não se espantando com esses problemas. Já temos muitos contratos com a Petrobrás e com estaleiros.
Quais contratos vocês já têm no Brasil?
Como desenvolvedores de tecnologia, nossa operação comercial é mais corriqueira, diferentemente dos fornecedores, que fazem contratos diretamente com a Petrobrás. Trabalhamos nos projetos de engenharia e fazemos apenas acordos de compra e venda.
Em que países vocês têm fábrica?
A principal fica nos Estados Unidos, onde está nossa sede, além de outras em México, Canadá, Polônia e China. A Victaulic tem planos para instalar uma fábrica no Brasil. Por enquanto, estamos apenas fazendo as análises de custo e mercado e não há nada confirmado, mas existe essa vontade.
Como vocês avaliam a importância do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) para o desenvolvimento da indústria naval brasileira?
É fundamental. O Brasil negligenciou o mercado naval por muito tempo e, com isso, uma geração inteira de engenheiros não foi aproveitada. Agora, com os incentivos, essa indústria renasceu. O próximo passo é incorporar a tecnologia que vem do exterior para dentro do país, pois temos muito a aprender e a ensinar também. Equilíbrio é a palavra de ordem.
Para incorporar a tecnologia de fora e manter esse equilíbrio, a política do conteúdo local é favorável?
A regra do conteúdo local é boa, mas precisa de cautela, pois o que separa o remédio do veneno é a dose. Essa política deve estimular a produção nacional, mas não precisa sacrificar a importação de produtos, como os da Victaulic, que trazem uma série de benefícios para a indústria brasileira.
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