CRISE NA EUROPA FAZ A ALEMANHA NACIONALIZAR O MAIOR IMPORTADOR DE GÁS DO PAÍS E ANUNCIAR AUMENTO NOS PREÇOS DO PRODUTO

A Alemanha nacionalizou a Uniper, o maior importador de gás do país, enquanto nações de toda a Europa lutam para responder a uma crise de energia em andamento desencadeada pela decisão da Rússia de cortar o fornecimento de gás natural para a região através do gasoduto Nord Stream 1. Em um comunicado, a Uniper disse que o governo alemão tomou a decisão de garantir sua “estabilização de longo prazo, pela deterioração da situação nos mercados de energia”. Como parte do acordo, o governo alemão adquiriu a participação de 78% da empresa de energia estatal finlandesa por quase meio bilhão de euros (quase US$ 480 milhões), elevando sua participação total na empresa para 99%. As ações da Uniper já caíram mais de 30% depois desse anúncio. O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, também disse que o governo federal seguirá com seus planos de implementar uma sobretaxa no consumo de gás para residências e empresas a partir de 1º de outubro. Habeck disse que a nacionalização levará pelo menos três meses e uma sobretaxa foi necessária para garantir a estabilidade financeira da Uniper.

Com o gasoduto Nord Stream 1 fora de ação, o fornecimento de gás russo para a Europa está agora fluindo principalmente pela Ucrânia, mas Moscou ameaçou fechar essa rota de fornecimento enquanto o G7, liderado pelos Estados Unidos, se move para impor um teto de preço global à Rússia.  A Alemanha não é o primeiro país europeu a nacionalizar um grande fornecedor de serviços públicos nos últimos meses. Em julho, o governo francês pagou  cerca de € 10 bilhões (US$ 9,9 bilhões) para nacionalizar a EDF,   adquirindo os 16% restantes das ações da empresa que ainda não possuía.

O nível total de armazenamento de gás da União Europeia atualmente é de 86,24%, enquanto os níveis de armazenamento de gás da Alemanha já ultrapassaram 90%.  A UE estabeleceu uma meta de ter 80% de suas reservas de gás preenchidas até 1º de novembro para garantir o abastecimento adequado durante o inverno, caso a Rússia corte totalmente o abastecimento. A meta oficial da Alemanha é ter seu armazenamento 90% cheio até dezembro. Embora ambos pareçam ter superado suas metas, não está claro se eles terão que explorar essas reservas antes do início do inverno, se a Rússia suspender imediatamente o fornecimento.

No início deste mês, a Rússia alertou que o fornecimento através do gasoduto Nord Stream 1 não será retomado até que o Ocidente levante todas as sanções contra o empreendimento. Moscou argumenta que as sanções a impediram de realizar a manutenção necessária no oleoduto crítico,   um argumento que as autoridades europeias não acreditam. O estrangulamento do abastecimento antes do inverno levantou preocupações em toda a UE, que depende do gás natural para gerar energia e nas operações industriais. A Alemanha tem planos de racionamento de gás caso a crise se agrave. Os preços do gás na Europa subiram mais de 7% na quarta-feira, para € 208 (US$ 206,50) por megawatt-hora.