CUBA ESTÁ USANDO A ENERGIA NUCLEAR PARA ACABAR COM A EPIDEMIA DE DENGUE EM TODO PAÍS
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está ajudando Cuba a controlar a epidemia de dengue no país usando a energia nuclear contra os mosquitos. Como na maioria dos países tropicais, a dengue é um problema crescente. Transmitida pela espécie de mosquito Aedes aegypti, essa infecção viral causa febre alta, dores musculares e articulares, erupções cutâneas e, nos casos mais graves, morte. Globalmente, o número de casos de dengue notificados à Organização Mundial da Saúde aumentou oito vezes nas últimas duas décadas. Em Cuba, “o controle do Aedes aegypti se transformou em uma prioridade nacional”, disse René Gato Armas (foto principal), entomologista e chefe do grupo de técnica de insetos estéreis (SIT) do Instituto de Medicina Tropical Pedro Kourí de Cuba.
Segundo Gato Armas, após uma grande epidemia de dengue em 1981, o governo implantou um programa nacional intensivo baseado em métodos convencionais que quase erradicou o mosquito no final da década de 1980. “Desde então, no entanto, surtos epidêmicos de casos importados têm sido frequentes”, disse. Ele observou que o uso indiscriminado de inseticidas também desencadeou resistência aos inseticidas no Aedes aegypti. O SIT tem uma abordagem para o controle da população de insetos que se baseia na liberação de mosquitos machos esterilizados. A irradiação, como raios gama e raios X, é usada para esterilizar insetos criados em massa para que, embora permaneçam sexualmente competitivos, não possam produzir descendentes.
Nos últimos cinco anos, Gato Armas tem trabalhado em estreita colaboração com especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para coletar dados de base e desenvolver o estudo piloto SIT como uma alternativa para esforços de controle de mosquitos que estão diminuindo em sua eficácia e são prejudiciais ao meio ambiente.
Um teste piloto de uma campanha do SIT foi realizado entre abril e agosto de 2020 em uma área de 50 hectares em El Cano, um bairro isolado do sudoeste de Havana. Arroyo Arenas, outro bairro de tamanho semelhante, foi usado como local de controle não tratado. No teste piloto, quase 1,3 milhão de mosquitos machos estéreis foram liberados. Os mosquitos machos não transmitem dengue, não picam nem se alimentam de sangue.
A AIEA apoiou Cuba na obtenção de equipamentos para separar mosquitos machos e fêmeas antes da irradiação e liberação e ajudou a equipar instalações de criação de mosquitos. Antes do teste, Cuba tinha pouca capacidade na criação de insetos e a AIEA apoiou bolsistas cubanos para serem enviados para treinamento na técnica no Brasil, Colômbia, México e nos laboratórios da AIEA na Áustria. Gato Armas disse que é possível que até o final de 2022 a área de estudo do projeto aumente, mas exigirá atualizações de equipamentos, incluindo um ‘sex-sorter’ automatizado, para reduzir o trabalho demorado e reduzir os custos.
Deixe seu comentário